Itaipu e Amop lançam convênio para inclusão e acessibilidade educacional no oeste do PR

Fotos: Sara Cheida/Itaipu Binacional.

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Instituições de ensino e pessoas com deficiência receberão equipamentos para comunicação e aprendizagem

A Itaipu Binacional e a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop) lançaram, na manhã desta quinta-feira (11), o convênio “Por Um Futuro Inclusivo”. A iniciativa é um importante passo para a promoção da educação especial inclusiva em 38 municípios da região com população estimada de até 20 mil habitantes. O evento foi realizado na sede da Amop, em Cascavel (PR), e reuniu autoridades, representantes de prefeituras, instituições e famílias contempladas pelo projeto.

Com investimento de R$ 6,49 milhões da Itaipu e contrapartida de R$ 586 mil da Associação, o convênio tem vigência de 18 meses e será executado pela Diretoria de Coordenação da Binacional. A ação prevê a entrega de equipamentos de acessibilidade e a implantação de uma solução integrada que inclui tecnologia assistiva, plataformas educacionais e serviços pedagógicos, garantindo suporte técnico e didático.

O projeto atenderá 100 instituições (escolas municipais, Apaes e pestalozzis – entidades ligadas ao Movimento Pestalozziano no Brasil), com capacitação de 300 professores e profissionais, e beneficiará mais de 3.400 alunos matriculados na educação especial inclusiva. Além das instituições, outras 40 pessoas com deficiência motora moderada ou severa e comprometimento da fala receberão equipamentos para comunicação. O objetivo é promover autonomia, independência e inclusão para pessoas com deficiência e transtornos de aprendizagem.

Adriana Mayer (centro), com paralisia cerebral, terá acesso a uma ferramenta que a ajudará a se comunicar por meio da fala.

O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, ressaltou a relevância do convênio para reduzir barreiras educacionais e ampliar oportunidades, reforçando o compromisso da empresa com o desenvolvimento social e a inclusão. “Não há um caminho para melhorar a vida das pessoas que não passe pela ciência e pela inovação. Este projeto nos dá um grande orgulho, porque a educação especial inclusiva acaba com a invisibilidade. Hoje conseguimos resgatar a cidadania das pessoas com deficiência por meio do progresso da ciência. Para a Itaipu este é um investimento muito nobre e que vai mudar a vida de muita gente”, destacou.

Uma dessas pessoas é a Adriana Mayer, que tem paralisia cerebral e aos 26 anos terá acesso a uma ferramenta que a ajudará a se comunicar por meio da fala. Algo que nunca aconteceu. O sistema, semelhante ao usado pelo físico Stephen Hawking, é uma tecnologia 100% nacional que utiliza o movimento do rosto, como piscadas, por exemplo, para traduzir gestos em palavras. Durante o evento Adriana discursou pela primeira vez com uma voz criada por inteligência artificial. “Hoje estou muito feliz e emocionada por essa conquista. Por meio dessa ferramenta eu vou conseguir conversar com minha família e meus amigos e um dia conseguir me formar e trabalhar como secretária”, disse, agradecendo a Itaipu e a Amop pela possibilidade.

Teclado TIX, desenvolvido por Gleison Fernandes de Faria.

Para a médica perita federal Elaine Luzia dos Santos, que aos 25 anos teve um AVC e desde então tem a síndrome do encarceramento – que só a permite movimentar os olhos – essa iniciativa representa mais que acesso à tecnologia, pois permite olhar para a vida de uma forma diferente. “Esse programa da Itaipu e da Amop é gigantesco. Significa devolver a voz onde não há voz, devolver autonomia, significa ressuscitar sonhos, dizer para essas pessoas que elas não estão sozinhas. Que há um caminho. Esse programa não entrega apenas um dispositivo, entrega capacidade de viver plenamente. Obrigada por escolherem o caminho mais difícil, da inclusão real, que não fica só no discurso.”

Presente no evento, o criador do teclado TIX, uma das ferramentas de acessibilidade do projeto, Gleison Fernandes de Faria, falou sobre o capacitismo, um preconceito voltado às pessoas com deficiência. Ele, que nasceu com paralisia cerebral, se formou em ciências da computação e a partir da sua própria experiência desenvolveu um teclado tátil de nove teclas que permite acessibilidade a quem não tem condições de usar um teclado e mouse convencionais. “Muitas oportunidades são negadas porque as pessoas olham apenas para as dificuldades e não percebem o potencial. Acham que a pessoa com deficiência não pode estudar e trabalhar e com isso nos negam direitos”, frisou.

A médica perita federal Elaine Luzia dos Santos e o criador do teclado TIX, Gleison Fernandes de Faria.

Segundo o prefeito de Maripá e presidente da Amop, Rodrigo Schanoski, a região é pioneira nesse tipo de iniciativa e o objetivo é expandir o projeto. Ele ressaltou o apoio da Itaipu como um elemento fundamental para o desenvolvimento da região. “É uma parceria muito boa, junto com a Itaipu já realizamos grandes projetos no Oeste do Paraná e essa entrega aqui hoje é maravilhosa”, finalizou.

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