Espaço de quase 30 mil m2 que abriga escola indígena foi cedida em regime de comodato para a prefeitura por 20 anos
A Itaipu Binacional e a Prefeitura de Itaipulândia firmaram, nesta segunda-feira (15), um contrato de comodato para a cessão de uma área de 28,2 mil metros quadrados localizada faixa de proteção do reservatório. O terreno, que abriga uma base náutica e uma escola estadual indígena, ficará sob responsabilidade do município por 20 anos.
A cessão era uma demanda antiga da prefeitura e da comunidade Aty Mirî, que é composta de 209 pessoas (74 famílias). O contrato estabelece como objetivo a implantação de uma área pública de lazer, com fins educacionais, culturais, esportivos e de recreação. “Agora vai facilitar para investir e dar suporte para a comunidade indígena e para os pescadores amadores que usam a base náutica”, comemorou o prefeito de Itaipulândia, Lindolfo Martins Rui.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, destacou a ampliação das ações da empresa junto às comunidades indígenas do Paraná e do Mato Grosso do Sul. “Essa ampliação está alinhada às políticas públicas do governo brasileiro e faz parte de um processo de reparação histórica dos erros cometidos pela Itaipu junto ao povo Ava Guarani”, afirmou o diretor.


Enio Verri e Maria Lúcia Takua Peres, diretora da Escola Estadual Indígena Arandu Renda.
Pelo contrato de comodato, a prefeitura poderá implantar benfeitorias na infraestrutura, desde que respeitando as normas da Itaipu e a legislação ambiental, além de ficar responsável pela segurança e manutenção da área. “É um avanço e uma vitória muito importante para nós”, resumiu o cacique Natalino Peres.
Além do comodato com a prefeitura, a Itaipu celebrou um convênio de R$ 200 mil com a associação de pais e mestres da escola indígena para a realização de ações educacionais e de valorização da cultura Ava Guarani. “Com a cessão para a prefeitura, vai melhorar muito a nossa infraestrutura, que é bem precária. E, com o convênio, vamos ter recursos para várias atividades educativas, como a Semana Cultural Indígena, para o fortalecimento da nossa cultura”, afirmou a professora Maria Lúcia Takua Peres, diretora da Escola Estadual Indígena Arandu Renda, que atende a 55 alunos da educação infantil e ensino fundamental.

Durante a reunião em que foi firmada a cessão da área à prefeitura, Natalino e Maria Lúcia, além de assinarem como testemunhas do contrato, entregaram ao diretor Enio Verri uma peça típica do artesanato guarani (a Árvore da Vida) e um exemplar do livro Chapeuzinho Verde, de autoria de Maria Lúcia e que conta a história da construção de Itaipu sob a perspectiva dos indígenas.
“Reparação histórica não é só comprar terra”, afirmou o gestor das ações da Itaipu voltadas às comunidades indígenas, Paulo Porto. “Reparação histórica é você trabalhar fortalecimento cultural nas comunidades, nas escolas indígenas, com os professores indígenas, e fazer movimentos como esse. Uma cessão de uso que já vem sendo pedida há vários anos pela prefeitura para fortalecer a escola e os laços entre o município e a comunidade indígena”, completou.






