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Trabalho de engenheiros da Itaipu e Cepel propõe solução para problema oculto em linhas de transmissão
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26/10/2023
Marcelo Luiz da Silva durante a apresentação do trabalho. Foto: Divulgação/SCSE
 
Um problema ainda pouco conhecido pelos profissionais do setor elétrico foi tema de um artigo eleito um dos três melhores do Seminário de Corrosão do Sistema Elétrico (SCSE) 2023, realizado de 16 a 18 de outubro, no Rio de Janeiro (RJ). O trabalho Avaliação Comparativa de Metodologias para Tratamentos de Corrosões em Cabos Para-Raios, de engenheiros da Itaipu Binacional e do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), acendeu um alerta às empresas do setor de transmissão de energia, que avaliarão as especificações de compra de esferas de sinalização e a situação das esferas instaladas em campo.
 
Elaborado por Marcelo Luiz da Silva, Aldo Manuel Ramirez Gonzalez e Carlos Alberto Rojas Meneses, da Superintendência de Manutenção da Itaipu Binacional, e Cristina da Costa Amorim, do Cepel, o artigo foi considerado uma importante contribuição ao setor elétrico, mostrando um defeito de difícil detecção, ainda não encontrado na literatura técnica do setor e até então, desconhecido pelas empresas transmissoras.
 
As condições satisfatórias da face externa do coxim dificultam a detecção dos defeitos. Fotos: Marcelo Silva/Itaipu Binacional
 
O artigo estabelece uma relação entre a corrosão em cabos para-raios e os coxins de PVC utilizados para fixação das esferas de sinalização aérea, diferentemente de outros trabalhos que abordam os defeitos causados por desgastes mecânicos na parte visível dos cabos e coxins, devido a vibrações eólicas dos cabos. Os pesquisadores se voltaram a um tipo de defeito que ocorre em uma região não observável do coxim: uma deterioração química que causa a corrosão dos cabos. O defeito se soma aos desgastes mecânicos, já amplamente conhecidos.
 
As causas e modos de evolução dos defeitos nos coxins não fazem parte das pesquisas. No entanto, supõe-se que os defeitos detectados nos cabos estão relacionados à interação entre cabo e coxim de PVC. Exposto a intempéries ambientais, ao longo dos anos, o coxim de PVC pode estar formando compostos ácidos (em especial, o ácido clorídrico) que danificam a camada de alumínio dos cabos.
 
Durante a apresentação, a plateia mostrou grande interesse pelo tema e apontou, inclusive, a necessidade de alterações na norma reguladora NBR15237/2005, que trata das esferas de sinalização diurna para linhas aéreas de transmissão de energia elétrica. 
 
Soluções possíveis
 
O trabalho não se restringiu apenas em apresentar a problemática. Uma parceria entre Itaipu e Cepel, já em andamento, busca um tratamento para os cabos já em início de corrosão devido ao efeito químico relatado.
 
Procurando uma solução exequível, eficiente e rápida, visando afetar o mínimo possível a disponibilidade das linhas, o Cepel propôs uma metodologia baseada na simulação das condições de campo dos cabos através do envelhecimento em câmeras de umidade e névoa salina de amostras fornecidas pela Itaipu. Diferentes revestimentos de proteção anticorrosiva, baseados em materiais poliméricos, serão testados nos cabos envelhecidos e um relatório de eficiência comparativa das soluções propostas será emitido.
 
Detalhe do cabo com corrosão. Foto: Divulgação/Itaipu Binacional.
 
Inspiração
 
A ideia para o trabalho surgiu em dezembro de 2021, quando, durante a execução de um serviço aperiódico, a equipe de campo da Itaipu identificou um defeito atípico no coxim de uma esfera de sinalização aérea de uma linha de 500 kV.
 
Apesar de o coxim estar externamente em bom estado, ele apresentava uma deterioração na parte interna. Ao retirar a esfera, observou-se uma leve rugosidade no cabo de alumínio onde estavam fixados os coxins.
 
Em janeiro de 2022, o mesmo defeito foi identificado em outra esfera, agora em um cabo para-raios do tipo OPGW, feitos de aço carbono e revestidos com uma camada de alumínio. O defeito mostrou-se sistemático, levando ao estudo.
 
O evento
 
O Seminário de Corrosão do Sistema Elétrico - SCSE 2023 reuniu as principais empresas do setor, além de representantes do Cigré Brasil. Fabricantes e fornecedores do setor de revestimentos anticorrosivos também estavam presentes.
 
Nos três dias de evento foram apresentados 30 trabalhos técnicos, trazendo inovações e boas práticas ao tema de corrosão no sistema elétrico. Foram debatidos assuntos relacionados a softwares de classificação de corrosão por Inteligência Artificial e gestão de ativos, pintura de torres, retrofits de sistemas em fim da vida útil devido a corrosões, técnicas de galvanização, normas de pintura anticorrosiva, revitalização de peças e fundações de torres de transmissão, entre outros assuntos.
 
Trabalho foi escolhido um dos melhores do evento. Foto: Divulgação/SCSE