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Meio Ambiente
Itaipu produz alevinos para abastecer pescadores da BP3
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04/03/2013

A Divisão de Reservatório da Itaipu Binacional pretende assumir a produção dos alevinos que abastecem os pescadores da Bacia do Paraná 3 (BP3). Atualmente, todo o material (de 40 mil a 80 mil unidades por ano) é comprado de fornecedores particulares.

O objetivo da mudança, de acordo com Celso Carlos Buglione Neto (foto), de Itaipu, é evitar a mortandade de peixes, verificada até uma semana após o transporte aos tanques-rede instalados no lago de Itaipu. Em alguns lotes, a perda chega a 100%.

Celso Buglione disse que a principal causa das mortes é a mudança brusca de ambiente. Atualmente, a produção de alevinos é feita em açudes particulares, escavados na terra, que apresentam uma água mais turva, rica em nutrientes e em alimentos vivos – como larvas de insetos e microcrustáceos.

Já a água do reservatório de Itaipu é mais cristalina e pobre em nutrientes. Por isso, após o transporte dos viveiros de terra para os tanques-rede, os peixes não conseguem se adaptar, desenvolvem enfermidades e morrem depois de alguns dias.

A solução encontrada pelos técnicos da usina é levar o processo de produção para o laboratório do Portinho, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), utilizando a água do próprio reservatório e controlando a alimentação. “Reproduzimos as condições [nutricionais] do açude, mas em água clara”, explicou.

Na primeira experiência desenvolvida em laboratório, com 10 mil alevinos da espécie Pacu, o índice de sobrevivência chegou a 90% e animou a equipe. Agora, uma nova leva está em produção no Portinho.

“A fundamentação para a metodologia está desenvolvida. Faltam agora aperfeiçoar o sistema e aumentar a escala [da produção]. Nossa meta é tornar o sistema o mais barato possível para que o pescador incorpore a tecnologia”, antecipou.

Como funciona

Na primeira etapa do processo, peixes reprodutores são levados ao laboratório, para desova. Em seguida, esses ovos são incubados, até eclodir, liberando a larva.

Com cinco dias de vida, as larvas são transferidas para tanques de mil litros e alimentadas com micro-organismos – da mesma forma que ocorreria nos açudes.

Quando a larva começa a apresentar todas as características fisiológicas de um peixe adulto, entre 10 e 15 dias, já é considerada um alevino do tipo 1 (malha de 0,1 centímetros). Conforme se desenvolvem, os alevinos são classificados como de tipos 2 e 3.

Todo o ciclo, da incubadora até a transferência para o tanque-rede, dura em média 30 dias. Já no reservatório, o peixe leva até 12 meses para atingir 600 gramas, que é considerado o peso comercial para o abate.

Atividade econômica

O trabalho no Portinho é importante para impulsionar uma atividade econômica que cresce na região. De acordo com o coordenador do programa Mais Peixes em Nossas Águas, Irineu Motter, a atividade beneficia cerca de 800 pescadores entre Guaíra e Foz do Iguaçu, em 63 pontos de pesca autorizados pelo Ibama.

Além da venda, a produção é destinada para aldeias indígenas da região e para a merenda escolar. Somente nos cerca de 500 tanques-rede distribuídos na área do reservatório, a produção no ano passado chegou a 51 toneladas de peixe; neste ano, a meta é alcançar 75 toneladas.