Infestação de mexilhão dourado diminui na Itaipu

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A população de mexilhão dourado está reduzindo no reservatório de Itaipu. Os levantamentos mostram uma queda acentuada nos últimos anos, a maior desde que o mexilhão foi identificado no lago, em 2001. Entre os anos 2007 a 2009, o decréscimo foi de 66%, se comparadas apenas as amostras com maior número de indivíduos adultos desta espécie. No mesmo período, a densidade de larvas na água reduziu 77%. O levantamento é das diretorias Técnica e de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu.

No ano passado, a maior quantidade de mexilhões adultos encontrada por metro quadrado foi de 40.566 indivíduos. Em 2003, ápice da proliferação, este número chegou a 184.633, provocando sinal de alerta à área Técnica, que adotou medidas preventivas contra o animal.

Embora nunca tenha afetado a produção de energia, o mexilhão pode se encrustar em tubulações e outros materiais ferrosos, e, em alguns casos, obstruir a passagem de água. Segundo os técnicos da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente, a queda na população de mexilhões é provocada por causas naturais. Na atualidade, o molusco encontra mais desafios à sua reprodução, por ter se integrado ao cardápio de diversos predadores – um crustáceo e 20 tipos de peixes, como armado, piapara, piau e maudi. Outro desafio é provocado pela redução da oferta de alimentos.

O cenário é comum após infestação de qualquer espécie exótica, ou seja, seres que não são naturais da região. Eles se proliferaram de forma ascendente nos primeiros anos, quando há oferta de alimentos e ausência de predadores naturais, e reduzem de quantidade com o passar do tempo. “Não há como retirar do ambiente um animal exótico que reproduz milhões de larvas, durante nove meses do ano”, explica o veterinário Domingo Fernandez. “Temos que controlar pontualmente a ocupação”.
         
“Se um dia houver uma poluição orgânica, que cause aumento de zooplâncton e fitoplâncton, alimentos dele, o mexilhão pode voltar a crescer. Mas a boa qualidade da água do nosso reservatório mostra essa tendência de redução”, finaliza Fernandez.

Usina protegida

As medidas preventivas adotadas pela Manutenção têm mantido a usina protegida dos possíveis danos provocados pelo molusco. Uma delas foi o aumento da velocidade da água nos trocadores de calor, menos de um metro por segundo para 1,8 metro por segundo, situação que impede a aderência da larva. Além disso foram colocados filtros capazes de barrar a passagem do animal, em alguns sistemas, como o anti-incêndio e ar-condicionado.

Nos pontos sujeitos à encrustação do animal – filtro geral e tampas dos trocadores de calor – a manutenção é feita durante a parada anual programada das unidades geradoras, que também contribui para o controle. “Sem água, o mexilhão não pode sobreviver. E a própria drenagem dos equipamentos já ajuda a evitar que a população aumente e se desenvolva”, analisa o engenheiro João Marra.

Segundo o engenheiro, a Itaipu tem desenvolvido algumas pesquisas para enfrentar situações mais graves. O objetivo é testar meios de controle no caso de as condições biológicas causarem um novo surto de crescimento da população de mexilhão dourado. “Até o momento, eles nunca atrapalharam o cumprimento de nossos contratos”, reforça João Marra.

Exemplo

O monitoramento e a pesquisa em torno da espécie, adotados pela empresa, também servem como referência para diversas empresas do setor de energia, suscetíveis ao mesmo problema, como os reservatórios da Bacia do Médio Tietê. Uma pesquisa da Itaipu feita em parceria com a Unioeste estuda ainda a aplicação de tintas anti-incrustantes em tanques-rede para proteção das grades. O trabalho ainda está em fase de testes.

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