Entrega de equipamentos, que inclui biodigestor e placas solares, ocorreu nesta quarta-feira (12). Projeto do Governo do Brasil tem apoio da Itaipu e é uma das políticas públicas brasileiras apresentadas na COP30
O Governo do Brasil entregou nesta quarta-feira (12) em Ananindeua (região metropolitana de Belém) a revitalização e equipamentos da Cozinha Comunitária Sustentável Mãos de Mulheres. O projeto, que já atuava no fornecimento de marmitas para pessoas em situação de extrema pobreza, passa a funcionar com novos equipamentos que incluem placas solares e um biodigestor que transforma resíduos orgânicos em biogás, em substituição ao gás de cozinha.
As melhorias incluem equipamentos de cozinha industrial, espaços adequados para o armazenamento de alimentos e o atendimento à comunidade, além de biblioteca e espaço para cursos. A adição de placas solares vai baratear os custos de energia, permitindo canalizar mais recursos para a atividade-fim do projeto. Uma das principais novidades está no biodigestor, que além de gerar biogás fornece biofertilizante para a horta comunitária.
“A gente costuma dizer que a gente não alimenta só o corpo. A proposta da cozinha solidária nunca foi só de fornecer alimento, mas de envolver a comunidade na horta e em atividades de conscientização sobre alimentação que podem dar melhores condições para as pessoas atendidas. Muitas delas já melhoram de vida e abriram vagas para que outras sejam beneficiadas”, explicou Lenina Pinheiro Aragão, líder da cozinha Mãos de Mulheres.

A Mãos de Mulheres faz parte do programa de cozinhas sustentáveis do Governo do Brasil, que selecionou sete unidades em todo o País para comporem os projetos-pilotos dessa iniciativa, com potencial para replicação em outras localidades.
Presente na entrega, a primeira dama do Brasil e enviada especial das mulheres para a COP30, destacou que se trata de uma tecnologia social que surgiu como uma necessidade para enfrentar a dura realidade das comunidades periféricas durante a pandemia, e evoluiu para se tornar uma política pública do governo brasileiro.
“Hoje, essas cozinhas têm o apoio dos ministérios de Desenvolvimento e Assistência Social, de Minas e Energia, e da Secretaria-Geral da Presidência, um projeto que a gente construiu em parceria com movimentos sociais, e que resultou nas Cozinhas Comunitárias Sustentáveis. Além do alimento, elas entregam cuidado, solidariedade e sustentabilidade”, afirmou Janja.


A cozinha de Ananindeua recebeu investimentos públicos que somam R$ 443 mil, sendo cerca de R$ 270 mil da Itaipu na reforma (por meio de convênio com a Cáritas Brasileira) e na doação de um veículo elétrico para apoiar as atividades da cozinha. Já os investimentos privados somam R$ 161 mil, incluindo R$ 76,2 mil da Abiogás para a instalação do biodigestor e R$ 85 mil da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias em equipamentos industriais para a cozinha.
A iniciativa conecta dois temas fundamentais da agenda de sustentabilidade, que são o combate à fome e a transição energética (a substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis). Além, disso, o projeto também se conecta à equidade de gênero ao promover melhores condições de trabalho em uma iniciativa predominantemente tocada por mulheres. “Na Itaipu, a promoção do desenvolvimento sustentável faz parte da missão da empresa e esta é uma iniciativa totalmente alinhada com nossos objetivos e com o compromisso que temos junto ao Governo do Brasil de construir um país mais justo e equilibrado”, afirmou o diretor-geral brasileiro, Enio Verri.
Além de Janja e Enio, estiveram presentes na solenidade o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos.

Eles destacaram a importância das parecerias para consolidação do projeto e o simbolismo da inauguração durante a realização da COP30. “É uma demonstração de que aquele sonho, aquela proposta de uma Conferência do Clima com participação da sociedade civil é possível. Temos aqui uma união do governo federal, da Itaipu, de movimentos sociais e de outros parceiros, numa ação prática de energia limpa e renovável, de economia circular, que vai facilitar a vida dessas mulheres”, afirmou Wellington Dias.
Histórico
A Cozinha Solidária Mãos de Mulheres surgiu na pandemia, liderada por Lenina e com a participação de voluntárias que atuavam na entrega de cestas de produtos da agricultura familiar. Como muitas das pessoas beneficiadas não tinham acesso a gás, o projeto migrou para a preparação de marmitas, porém, ainda em uma cozinha doméstica, na casa dos pais de Lenina.
A iniciativa despertou o interesse da igreja e o diácono Manoel Rocha Silva cedeu o Centro Comunitário localizado no bairro Curuçambá para abrigar o projeto. Hoje, o local fornece cinco mil refeições por mês. Com a reforma e os novos equipamentos, a expectativa é ampliar esse alcance. “Mas o principal ganho está na qualidade de vida com melhores condições de trabalho para as voluntárias”, acrescentou Lenina.






