“Doutor, chá de carqueja é bom para o estômago?” Perguntas como essa, comuns em postos de saúde, motivaram uma visita diferente, ao Refúgio Biológico Bela Vista, na tarde de quinta-feira. Toda a equipe de profissionais da Unidade de Saúde Três Bandeiras, de Foz do Iguaçu, foi conhecer um trabalho que, há mais de quatro anos, vem sendo muito bem recebido em vários municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. É o cultivo de plantas medicinais.
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O grupo, formado por 16 pessoas – entre elas, dois médicos, uma dentista, uma enfermeira e dois técnicos, além de agentes administrativos e comunitários de saúde – recebeu uma verdadeira aula sobre fitoterapia. |
Coube ao técnico agrícola Altevir Zardinello, da Divisão de Ação Ambiental, explicar o processo de cultivo, secagem e distribuição dos vegetais. É ele quem coordena a produção e a difusão do consumo das plantas medicinais cultivadas na área de 1,5 hectare do refúgio.
Em Foz do Iguaçu, a Itaipu já fornece plantas desidratadas, prontas para fazer chá, a cinco locais: os postos de saúde Morumbi I, Morumbi III e Ouro Verde, o Centro de Especialidades Médicas, na Avenida Paraná, e o Poliambulatório, no Porto Meira. Os municípios de Vera Cruz, Toledo, Mercedes, Pato Bragado e Mundo Novo também recebem o produto. Os profissionais que indicam o uso de plantas medicinais – cujos resultados são comprovados cientificamente – passam por uma capacitação prévia, realizada pela própria Itaipu.
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Ao conhecer o trabalho realizado no refúgio, o médico clínico-geral Rodrigo Daniel, do posto de saúde Três Bandeiras, decidiu fazer com que toda a sua equipe aprendesse mais sobre o assunto. “Sempre perguntam sobre a possibilidade de uso dos chás. Querem saber o que é bom para o tratamento do quê”, disse. |
“A visita é uma fonte de conhecimento e um incentivo para a equipe que trabalha com a comunidade. Pretendemos, no futuro, também oferecer chás medicinais na nossa unidade de saúde”, explicou o médico.
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O passeio aumentou o interesse da dentista Tatiane Morgenstern em também recomendar as plantas medicinais a seus pacientes. “Vendo pessoalmente e sabendo do embasamento científico e da aprovação do uso prático, posso usar também”, disse. |
Segundo Altevir, visitas como essa são cada vez mais comuns no refúgio. “No último sábado, por exemplo, atendi a uma pesquisadora de Planaltina (GO), que conheceu o nosso trabalho pela internet e passou o dia conosco para ver pessoalmente. A universidade onde ela trabalha quer desenvolver um projeto idêntico ao que realizamos aqui”, disse. “O nosso trabalho está servindo de modelo para todo o País”, ressaltou.
O refúgio produz mais de 5 mil mudas por mês, de 144 diferentes espécies. Destas, 60 são utilizadas para fins medicinais. Elas vão para pastorais da saúde, agentes comunitários, escolas, populações indígenas e quilombolas, entre outros.