Obra de pesquisadora de Itaipu ganha nova edição

Compartilhe esse artigo

No começo da década de 90, a pesquisadora Leonilda Correia dos Santos, do Laboratório Ambiental de Itaipu, percebeu que havia uma lacuna grave nos exames realizados em animais silvestres. Sem valores de referência, era impossível saber exatamente o que indicava cada resultado. Ou seja, se o animal estava sadio ou doente.
  
Por isso, nos anos seguintes, ela se dedicou a anotar e a tabular o resultado de todas as amostras colhidas dos animais do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), com adaptação de técnicas utilizadas no ser humano. O trabalho culminou na edição do livro “Laboratório Ambiental”, em 1999, uma parceria da Itaipu Binacional e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). 

   


Leonilda Correia dos Santos.
Onze anos depois, Leonilda – que tem graduação em Farmácia e Bioquímica e faz doutorado em Biologia Molecular pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) – se prepara para lançar a segunda edição da obra, não apenas com a atualização dos dados, mas também com a descrição de novas técnicas.

    
“Em 11 anos mudou muita coisa e o livro está mais completo”, afirmou a pesquisadora. “Será um livro bem prático, com objetivo de difundir  conhecimento e servir de referência”.
  
Além da pesquisa com animais silvestres, contaminação em aparelhos de ar condicionado e análise de água, o novo trabalho agrega capítulos sobre biodeterioração – ou corrosão induzida por micro-organismos –, biossegurança, saúde ocupacional e erros laboratoriais.
    
“Hoje em dia, mais e mais pessoas entram na Justiça por causa de erros laboratoriais. E o responsável técnico é quem vai responder por qualquer erro”, ressaltou a pesquisadora, antecipando que o livro terá um passo a passo detalhado mostrando desde a coleta e identificação da amostra até o registro do resultado.
 
A expectativa é que em 15 dias todo o material seja enviado à Edunioeste – editora da própria Unioeste, responsável pela publicação –, com tiragem inicial de 2 mil exemplares e lançamento previsto para daqui a dois meses. O trabalho ganhou corpo: na primeira edição, eram 341 páginas; na nova, já são mais de 400, sem contar encarte com fotos microscópicas e de técnicas laboratoriais.
 
“Hoje se pensa muito em técnicas sofisticadas, mas é importante valorizar as técnicas básicas e baratas”, reforçou a pesquisadora. “Neste livro, um veterinário, por exemplo, poderá reproduzir com qualidade técnicas em seu próprio consultório”.
 
Referência
 
No caso dos animais silvestres, a falta de referência nos exames trazia um problema sério: esses animais, quando ficam doentes, não demonstram sintomas clínicos. Isso ocorre por uma questão de sobrevivência, para evitar que os predadores percebam que ele se tornou presa fácil.
 
Assim, era comum o animal silvestre morrer no RBV, de um dia para o outro, sem que tivesse apresentado qualquer sintoma. E de nada adianta comparar material coletado de uma anta, animal silvestre, com o de um cavalo, como gosta de citar Leonilda.
 
Na obra Laboratório Ambiental, foram listadas 38 espécies, entre aves, répteis e mamíferos, com referências de exames hematológicos e bioquímicos. São antas,araras, jacarés-de-papo-amarelo, cervo-do-pantanal, bugio, entre outros. “Muita gente me pergunta: por que exames com animais? Respondo: se a gente cuida da saúde do animal, do ambiente, está cuidando da nossa saúde”, disse a pesquisadora, lembrando do risco potencial de uma doença silvestre atacar o ser humano. “Para prevenir, é preciso conhecer”, conclui.

Tópicos: 

Mais notícias