Antes mesmo de gerar o primeiro kilowatt, o Condomínio de Energias Renováveis da Agricultura Familiar na Bacia do Rio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, já serve de modelo para outras experiências no País. A Petrobras encomendou à Itaipu um projeto semelhante de condomínio para ser implantado no município de Frederico Westphalen, no noroeste do Rio Grande do Sul. O projeto deverá ser apresentado na primeira semana de agosto, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, pelo diretor-geral brasileiro, Jorge Miguel Samek.
“A Petrobras percebeu o alcance do processo (do Ajuricaba) e encomendou o projeto”, disse o superintendente da Coordenaria Energias Renováveis, Cícero Bley Júnior, durante reunião no gabinete do prefeito de Rondon, Moacir Froehlich. Também participaram do encontro o próprio Samek, o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, secretários municipais, vereadores e representantes da comunidade.
Segundo Cícero Bley, a Petrobras – por meio da subsidiária Gás e Energia – já instalou em Frederico Westphalen uma microdestilaria de álcool, para atender aos pequenos agricultores da região. Mas o projeto só se viabilizará se tiver energia elétrica disponível, o que hoje não acontece. Por isso, a ideia é incorporar à estrutura uma microcentral termelétrica a biogás. “Toda a energia da microdestilaria vai ser fornecida pela central termelétrica e a energia excedente ainda poderá ser vendida. Como no Ajuricaba”, explicou.
Ainda de acordo com o superintendente, o condomínio gaúcho terá 34 famílias e potencial para gerar três vezes mais energia que as propriedades do Ajuricaba (2 mil kilowats/hora por ano). “É uma quantidade pequena em relação ao que se produz em uma hidrelétrica, mas grande naquilo que uma atividade rural pode produzir”.
Cícero Bley estima que, após receber a proposta de Itaipu, a Petrobras levará um ano para elaborar os projetos técnicos e começar a produzir energia. “O importante é que ela (Petrobras) encomendou e está se dispondo a entrar, como Itaipu entrou, no apoio a esse tipo de atividade”, ressaltou, classificando o condomínio gaúcho como o primeiro “filhote” do Ajuricaba. “É importante o impacto microeconômico que o projeto gera. É mais do que simplesmente colocar biodigestores no chão”, acrescentou.