O aniversário do Refúgio Biológico Bela Vista, no próximo sábado (dia 28), será marcado por uma programação especial de atividades de Educação Ambiental, voltadas para a comunidade dos bairros vizinhos. O refúgio, criado pela Itaipu Binacional há 24 anos, vai abrir às 8h30 e às 14h, para a exibição de um filme sobre sua história e de uma peça teatral, "Amigos do Planeta".

O Refúgio Biológico Bela Vista mantém diversas atividades de Educação Ambiental, em especial com crianças e famílias que moram nos bairros Vila C e Bela Vista. Uma dessas atividades é chamada de "Amigos do Refúgio". Também são promovidas, para crianças e jovens da vizinnhança, colônias de férias e atendimento de visitação especial nas trilhas turístico-educativas.

Nesta quarta, homenagem

Em solenidade especial, o aniversário do Refúgio será comemorado nesta quarta-feira, dia 25, com uma homenagem póstuma ao ambientalista Roberto Ribas Lange, um dos principais responsáveis pela criação não só desse espaço ambiental como de outras reservas mantidas por Itaipu e por toda a filosofia ambientalista que vem distinguindo a empresa desde que foi criada. Lange dá nome ao zoológico do refúgio.

A solenidade começa às 10h, com pronunciamentos do diretor-brasileiro, Jorge Samek, e do diretor de Coordenação e Meio Ambiente da empresa, Nelton Miguel Friedrich. Familiares do homenageado participarão da solenidade, além dos empregados de Itaipu, de instituições públicas e particulares dedicadas às questões ambientais, autoridades e lideranças da região. A homenagem a Lange inclui uma placa que será instalada no zoológico do refúgio, que leva seu nome. Diz a placa: "Zoológico Roberto Ribas Lange. Homenagem da Itaipu Binacional ao visionário paranaense que se destacou na conservação do meio ambiente, ajudou a criar o Refúgio Biológico Bela Vista e foi pioneiro na defesa do conceito de Corredores de Biodiversidade no Paraná".

Breve história

O Refúgio Biológico Bela Vista, com área de 1.908 hectares, foi criado pela Itaipu em 1984 para reunir a maior diversidade possível de espécies da flora e fauna regionais, principalmente as que tiveram seus ecossistemas atingidos pela formação do reservatório da hidrelétrica, e permitir a realização de pesquisas.

Suas edificações e infra-estrutura, projetadas para cumprir a missão da empresa, que é gerar energia elétrica de qualidade com responsabilidade socioambiental e impulsionar o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico no Brasil e no Paraguai, são consideradas modelo no uso de tecnologias sustentáveis, pois utilizam conceitos de eficiência energética, aproveitamento de água, uso racional de recursos naturais e utilização de materiais de construção que causam o menor impacto possível no meio ambiente. O Refúgio Biológico Bela Vista tem importante função na divulgação do conceito de sustentabilidade ambiental, e é parte integrante do Corredor de Biodiversidade, no qual está inserido o Canal da Piracema e a exuberante cobertura florestal que margeia o reservatório da usina.

Com um rico e diversificado acervo natural e centro de ciência, tecnologia e cultura, o Refúgio Biológico Bela Vista é também um dos destaques do Complexo Turístico Itaipu, cujos atrativos incluem, além da Usina, o Parque da Piracema e o Ecomuseu. É, ainda, uma importante estrutura educadora da Itaipu, muito utilizada em estudos e atividades do Programa de Educação Ambiental.

Visitação 

As visitas ao Refúgio, sejam de estudiosos ou turistas, são feitas com o acompanhamento de guias especializados. Há cinco roteiros temáticos que têm por objetivo sensibilizar e conscientizar as pessoas para as questões ambientais. A visita é feita por trilhas na mata, que conduzem o visitante a recintos perfeitamente integrados ao ambiente, onde vivem animais de espécies autóctones da Bacia do Rio Paraná. 

O Zoológico Roberto Ribas Lange tem 32 recintos e abriga uma população de 172 animais de 50 espécies, sendo 47 répteis e anfíbios, 65 aves e 60 mamíferos. Os animais vieram do próprio criadouro de animais silvestres da Itaipu e de outros zoológicos ou foram destinados pelos órgãos ambientais.

Ribas Lange (1948-1993)

Ambientalista pioneiro e um dos mais destacados do Paraná, Roberto Ribas Lange nasceu em Curitiba em 1948, filho de Rudolf Bruno Lange e Maria de Lourdes Ribas Lange, e morreu em 1993, em acidente no Rio Iguaçu, quando realizava estudos de impacto ambiental para a construção da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias.

Desde a infância, Roberto esteve em contato com as Ciências Biológicas, pois seu pai, o professor Rudolf, hoje com 87 anos de idade, é um renomado naturalista, que tem contribuído muito para a evolução da zoologia e botânica no Brasil. Sua mãe, a professora Maria de Lourdes, era formada em matemática e estatística.

Na adolescência e juventude, o alpinismo era o esporte preferido do Roberto Lange. A missão ambientalista de Lange amadureceu e se consolidou ao cursar história natural entre 1968 e 1971 na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Já nessa época estava à frente de diferentes fóruns de discussão, como o Centro de Estudos de História Natural e o Conselho de Representantes dos Alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPR. 

Foi professor em escolas estaduais e particulares, vice-presidente da Associação de Defesa e Educação Ambiental de Curitiba e, em Foz do Iguaçu, presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente e fundou a Adeafi (Associação de Defesa e Educação Ambiental de Foz do Iguaçu). Atuou em programas de conservação dos recursos naturais, da pesca no litoral e de unidades estaduais de conservação, sempre se destacando pelo espirito empreendedor, idealista e inovador.

   
Lange em Itaipu

De 1978 a 1982, Roberto Ribas Lange trabalhou na área ambiental da Itaipu Binacional. Nesse período, graças à influência dele, as questões ambientais ganharam uma dimensão sem precedentes nas preocupações da empresa. Ele plantou idéias que hoje são realidade e destaque entre as ações de responsabilidade socioambiental da Itaipu. Entre elas destacam-se o Corredor da Biodiversidade, os Refúgios Biológicos e a Faixa de Proteção do Reservatório.

Quando da formação do Reservatório, em outubro de 1982, foi um dos líderes da Operação Mimba-Kuera (“pega-bicho”, em guarani), que resgatou aproximadamente 29 mil animais silvestres da área inundada. Ele também elaborou o Plano de Recuperação do Refúgio Biológico de Santa Helena.

Em reconhecimento a essas e outras contribuições, Itaipu batizou o Zoológico do Refúgio Biológico Bela Vista com seu nome.

Na política

Em Foz do Iguaçu, Lange incursionou pela política. Suplente de vereador, ocupou o cargo em 1987 e 1988. Na Câmara foi 2º secretário e autor da Lei Municipal nº 1394, de 6/6/88, estabelecendo que todas as áreas de mata situadas na chamada área prioritária do canteiro de obras da Itaipu, desapropriadas por decreto federal, a montante e jusante da barragem e não comprometidas com as obras de geração e transmissão de energia, passariam a ser de preservação permanente, nos termos do artigo 3º da Lei Federal nº 4.771, de 15/9/65.

Como vereador, Lange conseguiu, ainda, inserir capítulos importantes sobre o meio ambiente na Lei Orgânica do Município e criar áreas de proteção ambiental em Foz do Iguaçu.

Na década de 1980, Lange, juntamente com os companheiros da Adeafi, travou uma batalha jurídica vitoriosa: o fechamento da Estrada do Colono, antiga via de acesso que cortava a Zona Intangível do Parque Nacional do Iguaçu. Mesmo sob ameaças de morte, Lange conseguiu, em 1986, que a Justiça Federal determinasse o fechamento, que continua até hoje.

Roberto Ribas Lange também integrou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) como representante das ONGs ambientais da Região Sul do Brasil, sendo relator do processo de tombamento da Serra do Mar como Patrimônio Natural.

Em reconhecimento a todo o seu trabalho em favor do meio ambiente, o governo do Paraná criou, em 21 de novembro de 1994, o Parque Estadual Roberto Ribas Lange, em Antonina e Morretes, com 2.698,69 hectares.