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Meio Ambiente
Refúgio Biológico de Itaipu completa 25 anos
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29/06/2009

O Refúgio Biológico Bela Vista, ou Refúgio de Itaipu, era para ser apenas um ponto de recepção dos animais resgatados na operação Mymba-kuera (“caça-bicho” em tupi-guarani). Esta aí até hoje. E, no último sábado, completou 25 anos de existência, o jubileu de prata que celebra a data de um documento interno, de 27 de junho de 1984, sua única certidão oficial de nascimento.     

 


A onça-pintada Juma é cartão-postal do Refúgio Bela Vista
Foram 19 dias de operação, 160 funcionários e 13 mil animais resgatados. O ponto de partida de um refúgio, que atualmente conta com um grande zoológico, um invejável criadouro e um moderno hospital veterinário. Nasceu da necessidade de tirar o bicho da natureza e hoje cuida e reproduz espécies ameaçadas de extinção.

             
São 81 espécies diferentes de animais, entre mamíferos, aves, répteis e um anfíbio. Treze delas já foram reproduzidas no refúgio, casos das aves arara-canindé e harpia, e do mamífero cervo-do-pantanal, todas consideradas criticamente em perigo de extinção, segundo o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Estado do Paraná. Atualmente, o refúgio mantém 388 exemplares de animais, a maior parte de mamíferos (175 exemplares de 26 espécies diferentes).
        


O cervo-do-pantanal é um dos casos de sucesso do refúgio. Foram 12 nascimentos desde 2002. Este na foto nasceu no último dia 17
“Nossos bichos reproduzem muito bem, isso é sinal de que o manejo está adequado”, diz o veterinário Wanderlei de Moraes. De acordo com ele, o Refúgio de Itaipu tem grande participação em programas nacionais de conservação de algumas espécies, como o cervo-do-pantanal que recebeu recentemente mais um integrante, ou ainda a harpia com mais um filhote chegando. Vanderlei cita ainda o trabalho de enriquecimento ambiental, realizado no refúgio e que reduz o estresse dos animais em cativeiro.

     
“O nosso setor de fauna é referência no Brasil”, diz Sebastião Nogueira, responsável pela administração do refúgio. Segundo ele, há vários convênios com outras instituições para troca de animais com interesse de reprodução. Mas tem também convênios científicos, reforça Vanderlei, com instituições como Universidade Federal do Paraná, Parque das Aves, Zoológico Municipal de São Paulo, Ibama, entre outros. “O objetivo de tudo isso é conservar ao máximo”, diz o veterinário. 

      
Da Fauna à Flora

 


O refúgio tem uma área de 1.740 hectares e está       aberto para a visitação
O Refúgio Biológico atinge os 25 anos com uma estrutura invejável. São 26 empregados de Itaipu voltados diretamente às atividades do local. Somam-se a eles, cerca de 150 terceirizados das empreiteiras que prestam serviço no Bela Vista. Mas foi meio por acaso que, assim mais na ação do que no planejamento, o refúgio completou seu jubileu.

          

"A grande jogada foi abrir o refúgio para a visitação”, explica Nogueira. Foi na gestão de Euclides Scalco que Itaipu abraçou definitivamente seu refúgio. Na época, a intenção era destinar a área para a prefeitura de Foz ou à Unioeste, mas os técnicos bateram o pé e convenceram o então diretor-geral brasileiro que seria importante manter o refúgio sob os cuidados de Itaipu. Aberto para as visitas, o local foi institucionalizado na empresas. “Foi assim que asseguramos a permanência do refúgio em Itaipu”, orgulha-se Nogueira.   
      
Hoje, além dos programas de preservação da fauna, o refúgio administra a produção de peixes, nos tanques-redes do Portinho, e a sua reprodução no Canal da Piracema. São três os tipos de visitas que garantiram a sobrevivência do Bela Vista: as técnicas e científicas, feitas por Itaipu; as turísticas, comandadas pelo Centro de recepção de Visitantes, e as de educação ambiental, voltadas às escolas e realizadas pelos educadores ambientais de Itaipu.
          
 Na área de flora, o refúgio tem o programa de plantas medicinais, um banco de germoplasma e a produção de mudas usadas na arborização da usina, nos bosques do Visitante e do Trabalhador. E ainda o viveiro florestal, que produz mudas nativas para ser plantadas no corredor da biodiversidade e na faixa de proteção do lago. Foram 24 milhões de mudas produzidas pelo refúgio para formar os atuais 29,5 mil hectares de faixa de proteção. Soma-se à faixa, os 1.740 hectares do próprio Bela Vista que, junto com outros dois refúgios, o de Santa Helena e o de Maracaju, atinge 4,6 mil hectares destinados somente a refúgios biológicos.

 


Viveiro já produziu 24 milhões de mudas para a faixa de proteção do lago de Itaipu
Segundo a engenheira florestal Veridiana Araújo da Costa Pereira, o viveiro florestal  tem capacidade para produzir 400 mil mudas florestais por safra. São 84 espécies mapeadas na Bacia do Paraná 3, e um banco de germoplasma com matrizes de 15 espécies florestais, entre elas, o pau-marfim, que se encontra na lista de espécies ameaçadas de extinção.

         
Na próxima quarta-feira, uma solenidade celebra os 25 anos do refúgio. Uma longa história que não cabe aqui nesta pequena matéria. Ou quase cabe no livro “O ninho da águia”, do jornalista Marcos de Sá Corrêa, qu será lançado durante as festividades.