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Itaipu e Yacyretá firmam acordo inédito
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11/08/2010

As binacionais Itaipu (Brasil e Paraguai) e Yacyretá (Paraguai e Argentina) firmaram nesta terça-feira (10) uma parceria inédita na história dos dois empreendimentos. Pela primeira vez, as diretorias das duas empresas se reuniram para celebrar um convênio de cooperação técnica, assinado pelos representantes de cada país: Jorge Samek e Gustavo Codas (diretores brasileiro e paraguaio da Itaipu, respectivamente) e Miguel Fulgencio Rodrigues e Oscar Thomas (diretores paraguaio e argentino de Yacyretá).
   
 

Para Jorge Samek, a integração entre as empresas se deve ao bom momento nas relações entre os três países. Outro fator que contribui para isso é o fato de um conselheiro da Itaipu, o paraguaio Miguel Fulgencio Rodrigues, ter assumido a diretoria executiva de Yacyretá.

     
“Nós, da Itaipu, temos parcerias com Três Gargantas, da China, e a KWO, da Suíça, por exemplo, mas ainda não havia, de fato, uma aproximação com nossos vizinhos de Yacyretá, com quem compartilhamos o mesmo rio. Então, nada mais natural do que fazer essa aproximação”, afirmou Samek.

O acordo entre as empresas não prevê o repasse de recursos. A parceria é para a troca de informações e experiências, especialmente visando a área técnica, de geração e transmissão de energia, ações socioambientais e de mitigação de impactos e também o manejo das águas do Rio Paraná.

“Queremos desenvolver um programa semelhante ao Cultivando Água Boa”, disse Rodrigues. “Acredito que a área técnica das duas empresas pode aprender muito com a experiência uma da outra”, completou.

Visita

Na tarde de segunda-feira, Samek, acompanhado da diretoria paraguaia e brasileira de Itaipu, conheceu a barragem de Yacyretá, que tem 66 quilômetros de extensão, bem como o Canal Aguapey, derivação do arroio que leva o mesmo nome. Na terça-feira, os diretores conheceram o Centro de Recepção de Visitantes, no lado argentino, e realizaram uma visita técnica à Casa de Força e à eclusa. Ao final da manhã, no coração da usina, foi firmado o acordo.

O documento de cooperação é uma espécie de “convênio guarda-chuva”. Ele estabelece as bases para a implementação de programas de cooperação técnica, intercâmbio de experiências e informações, utilização conjunta de recursos e infraestrutura e a celebração de acordos de assistência técnica e/ou administrativa, mediante a formalização de convênios específicos.

O diretor-geral paraguaio da Itaipu, Gustavo Codas, está animado com as possibilidades sinalizadas por essa parceria. Para ele, a futura interligação entre as duas hidrelétricas irá constituir a “espinha dorsal” da integração energética na região. “Itaipu e Yacyretá foram concebidas nos anos 1970, a partir de uma realidade totalmente diferente nesses três países e influenciadas principalmente pelas hipóteses geopolíticas de militares brasileiros e argentinos”, avaliou Codas e completou: “A integração energética vai permitir um manejo mais eficiente da produção hidrelétrica e térmica na região, com vantagens para todos os países”.

O diretor argentino de Yacyretá, Oscar Thomas, informou que o modelo de integração da Itaipu com os municípios na área de influência do reservatório é o que mais chama a atenção da binacional argentino-paraguaia e é por esse campo que devem começar as primeiras medidas práticas do convênio. “Itaipu é reconhecida pelo tratamento de todas as margens de seu reservatório, pela mitigação de impactos e por sua atuação nas microbacias da região, e tudo isso nos interessa muito”, afirmou o diretor.

A realização de obras nos municípios é justamente o que falta para concluir o projeto de Yacyretá. Além de ter um reservatório maior do que o da Itaipu (1.600 km2 contra 1.200 km2), Yacyretá se diferencia por ter impactado diversas áreas urbanas (diferentemente de Itaipu que desapropriou áreas rurais). A binacional argentino-paraguaia está investindo 2,2 bilhões de dólares em obras de reurbanização (construção de casas, diques e pontes, urbanização de praias, paisagismo, entre outras).

Ao longo de 200 quilômetros de longitude, o reservatório de Yacyretá é margeado por 30 municípios, divididos entre duas províncias na Argentina (Misiones e Corrientes) e dois departamentos no Paraguai (Itaipúa e Misiones). 

Características da obra

Com uma barragem de 66 km de extensão, Yacyretá foi construída sobre a ilha que leva o mesmo nome, no Rio Paraná, 400 km a jusante da barragem de Itaipu. Cerca de 90% das águas que passam pelas turbinas da Itaipu também passam pelas turbinas de Yacyretá. Os outros 10% vêm de outros tributários do Paraná, especialmente o Iguaçu.

Apesar de estar no mesmo rio, o projeto de Yacyretá apresenta várias diferenças em relação a Itaipu. Por estar em uma região de planície, Yacyretá tem um reservatório mais espalhado e, como a queda d’água resultante é bem menor, sua capacidade instalada é também menor: de 3 mil megawatts.

São 20 unidades geradoras de 150 megawatts cada. Mas como o reservatório ainda não atingiu a cota máxima, elas operam no máximo a 130 megawatts. Toda a energia vai para a região de Buenos Aires. A usina responde por 20% do consumo da capital argentina. Quando seu reservatório atingir a capacidade máxima, a expectativa é elevar a produção anual dos atuais 16 mil gigawatts-hora para 20 mil gigawatts-hora.

Outras diferenças em relação ao projeto da Itaipu são: uma eclusa que permite a passagem de navios, localizada à esquerda da Casa de Força; e, além do Vertedouro Principal, junto à Casa de Força, a usina conta com o vertedouro Aña Cuá, no braço secundário do Rio Paraná, à direita. As obras principais incluem ainda o desvio do Arroio Aguapey, que foi canalizado diretamente para o Paraná a jusante da barragem, para diminuir a área de alagamento e poupar 38 mil hectares de terras agricultáveis do Paraguai.