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Meio Ambiente
Ariranha vai enriquecer plantel do Refúgio Bela Vista de Itaipu
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21/07/2015

 

Depois de 11 horas de viagem, desembarcou às 15h, desta terça-feira, 21, em Foz do Iguaçu, o filhote fêmea de ariranha (Pteronura brasiliensis), que poderá representar, em breve, uma esperança de reprodução da espécie no Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu, a exemplo do que vem ocorrendo com outras bem-sucedidas experiências na unidade, uma das mais respeitadas da América do Sul. O animal saiu às 4h de Altamira, no Pará, e, logo ao desembarcar, foi examinado pelos veterinários da Itaipu. Apesar da magreza (pesa apenas 3,5 kg), o filhote está em boas condições de saúde.

A nova moradora fará parte de um plantel de mais de 363 animais entre mamíferos, aves e répteis de 61 espécies mantidos na unidade. As ariranhas estão ameaçadas de extinção no Paraná (a espécie também é considerada vulnerável no Brasil e em perigo no mundo). Por isso, a equipe do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu, espera poder repetir com a ariranha a experiência bem-sucedida do programa de reprodução de harpias. O voo da ariranha do Pará para Foz do Iguaçu foi uma cortesia da TAM.

O RBV mantém um dos principais programas de reprodução de harpias da América do Sul. De 24 nascimentos, 18 sobreviveram, uma taxa de sucesso excepcional. Com a ariranha, também não deverá ser fácil. Elas têm uma janela de reprodução relativamente curta. A idade reprodutiva começa aos dois anos de vida e se estende por dez ou doze anos e são poucas as ariranhas em cativeiro (120 no mundo e menos de 20 no Brasil).

Por enquanto, a ariranha, que tem cerca de três meses de idade, vai permanecer no hospital veterinário do RBV. “Além dos cuidados com a alimentação, ela vai passar por vários exames para termos um quadro completo da saúde do animal”, conta o veterinário Wanderlei de Moraes, do RBV.

Segundo ele, o filhote vai passar suas primeiras semanas no hospital, onde será amamentado e passará pela transição para alimentos sólidos. Em seguida, será levado para o Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu (Casib). Aos dez meses de idade poderá ser levada para a exposição e visitação ao público.

As ariranhas

As ariranhas vivem em grupos familiares de até 17 indivíduos, formados por um casal dominante e seus descendentes dos dois ou três últimos anos, podendo também ser vistas solitárias, dependendo da época do ano.

Sua natureza curiosa e o variado repertório de vocalizações tornam a espécie presa fácil para caçadores, que no passado abatiam-nas para a venda das peles no mercado da alta costura internacional. As ariranhas têm um papel fundamental no equilíbrio dos ambientes aquáticos pelo controle de populações de outras espécies animais, principalmente peixes, inclusive espécies invasoras e pragas.

No Paraná, a espécie foi avistada pela última vez no Parque Nacional da Ilha Grande, em 1998. Antes disso, foi no Parque Nacional do Iguaçu, em 1982. O Plano de Ação Nacional para Conservação da Ariranha prevê a possibilidade de avaliação e testes de recolonização da ariranha em parte de sua área de distribuição histórica, que abrange o Rio Paraná.

O Refúgio

Criado há 31 anos, o Refúgio Biológico Bela Vista é uma área de proteção ambiental de 1.920 hectares mantida pela Itaipu e que abriga, entre outras estruturas e projetos, o Zoológico Roberto Ribas Lange (que conta apenas com animais típicos da região e é aberto ao público) e o Criador de Animais Silvestres da Itaipu (para programas de reprodução e onde a visitação não é permitida).

O zoológico e o Casib abrigam 363 animais entre mamíferos, aves e répteis de 61 espécies. Juntos, eles possibilitaram o nascimento 1.030 filhotes, com um índice de sobrevivência de 70%, em média. A infraestrutura conta ainda com um dos melhores hospitais veterinários do País, atendendo a animais de outros zoológicos ou vítimas do tráfico. Sempre que possível, eles são reintegrados à natureza.