Um grupo formado por engenheiros especialistas em grandes barragens está na Itaipu nesta semana para avaliar as condições de segurança da estrutura da hidrelétrica. O encontro do Board de Consultores Civis – nome técnico do grupo – tem o objetivo de avaliar as ações adotadas pela Itaipu para o controle e monitoramento da barragem. O evento, que acontece a cada quatro anos, começou nesta segunda-feira (22) e segue até sexta (26), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e na usina.
Entre os analistas estão engenheiros que participaram dos projetos de construção de Itaipu, como o chairman Nelson de Sousa Pinto, responsável pelos estudos do modelo hidráulico do projeto do vertedouro. O coordenador geral do projeto para a construção da Itaipu, Gurmukh Sarkaria, também acompanha o trabalho à distância, de seu escritório nos Estados Unidos.
A atividade é coordenada pela Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura (ENCC.DT), responsável pelos relatórios do grupo de Segurança de Barragem de Itaipu. “A responsabilidade quanto à segurança da Itaipu é muito grande. Nesses anos todos temos comprovado que a empresa tem tido um desempenho excelente nesta área”, afirmou Nelson de Sousa Pinto.
Os especialistas atuam de forma análoga aos médicos, avaliando as estruturas da usina como uma comissão médica analisa os resultados de exames feitos por um paciente e as ações adotadas pela própria equipe médica. O grupo de especialistas inclui ainda os engenheiros Giuseppe Stevanella, Paulo Teixeira Cruz, Juan José Bósio Ciancio, Selmo Chapira Kuperman, Vidal Serafin Galeano Burgos e John Gummer.
A segurança da barragem é avaliada pelo comportamento de todas estruturas civis, inclusive do Edifício da Produção e da usina, diante de variáveis como mudanças de temperatura e níveis de chuva. Em toda a barragem há mais de 3.000 instrumentos de medição – entre pêndulos, piazômetros, extensômetros e outros sensores – capazes de detectar até abalos sísmicos a milhares de quilômetros.
A precisão dos instrumentos é tamanha que foi capaz de detectar o terremoto do Chile, no início deste ano. “Os sensores são supersensíveis, mas isso não significa que tudo que é captado possa causar algum impacto à estrutura de Itaipu”, ressaltou o engenheiro civil Cláudio Osako, da ENCC, coordenador do Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens (Ceasb), instalado no PTI.
Desde 1975, quando foi criado, o board se reuniu mais de 40 vezes. Com a conclusão das obras, a consultoria passou a ser quadrienal. A última foi realizada em 2006. “No início, ainda estávamos aprendendo, mas agora eles vêm como uma auditoria técnica, que verificam se estamos indo no caminho certo”, analisou o gerente da ENCC.DT, Cláudio Porchetto Neves. “Hoje, o board é um evento que serve para os consultores validarem os procedimentos adotados por Itaipu e sugerirem melhorias”, concluiu.
Apresentação – A abertura da reunião, nesta segunda-feira (22), teve a presença dos superintendentes adjuntos de Engenharia, Jorge Habib Hanna El Khouri, e de Manutenção, Marcos Castella, e dos superintendentes de Engenharia, Erwin Bachmann Beck, e de Obras, Marco Aurélio Vianna de Escobar.
A agenda do primeiro dia seguiu com a apresentação das ações adotadas em Itaipu por recomendação dos dois últimos encontros do board. Entre as medidas sugeridas está a blindagem das portas dos transformadores da Casa de Força, na cota 108.
“Como a estrutura é muito grande, precisamos acompanhá-la e antever possíveis problemas”, explicou Cláudio Osako.
Nesta terça-feira (23), o grupo faz inspeção em dois trechos da barragem: o túnel da elevação 125 e os vãos entre os blocos D20 a D40. Na quarta (24) e quinta-feira (25), a equipe participa da elaboração do relatório final sobre as estruturas civis, que será apresentado à diretoria de Itaipu na sexta-feira, dia 26.