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Itaipu repete o processo que resultou na Embraer, diz Ozires Silva
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23/10/2012

Mentor da criação da Embraer, o ex-ministro e ex-presidente da Petrobras, Ozires Silva, esteve nessa segunda-feira (22) na Itaipu Binacional para compartilhar parte de sua história frente à empresa, a terceira maior aeronáutica do mundo. Sua palestra abriu oficialmente o 2º Seminário de Inovação de Itaipu (Semai) e foi acompanhada por mais de 300 pessoas, entre brasileiros e paraguaios. O evento vai até sexta-feira (26) na hidrelétrica, em Foz do Iguaçu.

Durante mais de uma hora, o ex-ministro dos Transportes, Comunicações e de Infraestrutura Ozires Silva, 81 anos, mostrou que mantém o espírito empreendedor e o mesmo interesse pelas novas tecnologias que resultou na Embraer, criada por sua equipe e presidida por ele em duas ocasiões.

Para o engenheiro aeronáutico, o sonho de fabricar aviões no Brasil pôde ser realizado graças à formação oferecida a pessoas como ele pelo Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA), fundado pelo marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho. “Só temos aviões brasileiros voando em 90 países do mundo graças à educação”, disse o palestrante. “Acredito que o mesmo processo de conhecimento acontece em Itaipu. Seminários e discussões como essas de hoje são importantes para superar problemas e gerar inovações a partir de pessoas criativas”, afirmou.

Foi a inovação, aliada à paixão pelo projeto, que levou Ozires Silva a enfrentar a descrença dos governantes e dos investidores nos meses anteriores à aprovação da Embraer. “Tínhamos desenvolvido e feito o voo inaugural do nosso primeiro avião 'artesanal' [Bandeirante EMB100], mas queríamos mais. Nosso sonho era produzi-lo para venda”, disse. “No início não tivemos apoio e é claro que o ambiente era de descrença. Naquela época [1968], o Brasil não produzia nem bicicleta, imaginem um avião”.

Ozires Silva conta que o entusiasmo pela ideia e a sorte de um encontro inesperado com o presidente da República renderam a aprovação da Embraer, criada como uma empresa mista. “Fizemos a maior lavagem cerebral no presidente e o pior é que ele acreditou”, brincou. “Garantimos que a empresa estaria entre as maiores do mundo, em vários países, mas nem imaginávamos onde chegaríamos”.

Oportunidade

Além de relembrar o histórico da empresa, o ex-ministro fez uma análise da situação atual da economia mundial e reforçou a necessidade da busca por novos produtos, capazes de atender e criar mercados emergentes.

No caso da Embraer, as primeiras aeronaves foram as de pequeno porte, para atender a uma demanda do mercado internacional, especialmente dos Estados Unidos. “Era preciso aeronaves para ligar os grandes centros às cidades de médio porte e vimos esta oportunidade”, lembrou. “Steve Jobs, criador da Apple, desenvolveu o IPad, um item que se tornou uma necessidade, embora nem imaginássemos precisar dele há pouco tempo”.

Para Ozires Silva, o Brasil precisa inverter seu papel de exportador de matéria-prima, os commodities, e produzir itens de valor agregado, com propriedade intelectual e marcas próprias. “Se olharmos para a Itaipu, palavras como educação, empreendedorismo e liderança estão presentes o tempo todo na empresa. Precisamos disso, e de mão de obra qualificada, para desenvolver qualquer país”.

Segundo o diretor geral paraguaio de Itaipu, Franklin Boccia, o seminário acabou se tornando um grande aporte de conhecimento coletivo, que serve não apenas para Itaipu, mas a todas empresas do setor.

“Nós, de forma transversal, estamos seguindo esses passos porque fizemos um rearranjo para que o conhecimento desenvolvido na usina chegue às gerações futuras”, avaliou o diretor geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.

Após a palestra, o ex-ministro dos Transportes, Comunicações e de Infraestrutura plantou uma árvore no Bosque dos Visitantes do Parque Tecnológico Itaipu e conheceu o Polo Astronômico “Casimiro Montenegro Filho”, que leva o nome de seu ex-professor.

Acompanhado pelos diretores-gerais brasileiro, Jorge Samek, e paraguaio, Franklin Boccia, pelo conselheiro de Itaipu, Osvaldo Roman Romei, e pelo diretor superintendente da Fundação Parque Tecnológico Itaipu, Juan Sotuyo, ele também conheceu a mostra de 27 trabalhos do 2º Semai, em exibição no Edifício da Produção da hidrelétrica.

Semai

A primeira edição do Semai ocorreu em 2009, com o nome de Seminário de Manutenção de Itaipu. Na ocasião, como foi criado pela Superintendência de Manutenção, a participação foi restrita aos profissionais desta área. Agora, o evento foi ampliado para outras áreas da Diretoria Técnica, o que resultou na inscrição de 60 artigos, que serão apresentados até sexta-feira (26). Os trabalhos estão divididos em quatro grupos de estudos – estruturas civis; controle, proteção e telecomunicações; elétrica e gestão.

Além dos técnicos da binacional, estão convidados para o Semai representantes de empresas do setor elétrico, como Copel e Eletrobras, e organizações ligadas à Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI). As palestras ocorrem no Cineteatro dos Barrageiros e no Auditório Integração, ambos na área interna de Itaipu.