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Institucional
Mulher quebra um tabu de 34 anos
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17/04/2008

O uniforme ainda não caiu como uma luva, mas ficou melhor do que ela esperava. O problema maior era o coturno. Como não havia o número 37, calçou o 39 mesmo. Moldados para o corpo masculino, a roupa que sobrava e o calçado que folgava eram o preço que Regiane Maria Biassu pagou por quebrar um tabu que durava desde a instalação do primeiro posto de segurança na Itaipu, há 34 anos. Ela tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de Agente de Segurança da empresa e, na tarde de ontem, fez o papel de modelo para a adaptação da tradicional farda marrom-glacê à silhueta feminina.

 


Regiane Maria Biassu, a primeira agente de 
segurança de Itaipu
O ingresso da primeira mulher na área de segurança foi possível graças à mudança do edital do processo seletivo externo de 2006, feito pela área de Recursos Humanos. Foi por meio dele que Regiane, além de outros 12 agentes, foram admitidos na Divisão de Segurança da Central. Desde segunda-feira, o grupo participa de uma semana de treinamento. E, a partir da terça-feira da próxima semana, eles (e ela) assumirão seus postos de trabalho. Inicialmente, Regiane deve ficar na barreira de controle da margem esquerda. Como um “cartão-postal”, diz o superintendente de Segurança Empresarial (SE.AD), Rogel Abib Zattar. Na vanguarda, ela tornou-se a única mulher no efetivo de cerca de 130 empregados do setor operacional da segurança da Itaipu.

 

A admissão histórica fez com que ela, aos 34 anos, se sentisse lisonjeada. “Para mim é uma honra. Acredito que qualquer mulher no meu lugar ficaria como eu estou me sentindo agora: muito feliz”, diz. Ela é curitibana, mora em Foz do Iguaçu há alguns anos, é casada, tem uma filha de 6 anos e soube, já no processo seletivo, que seria a primeira mulher em um reduto até então restrito aos homens. Entre os 100 primeiros que passaram para a segunda fase, estavam apenas ela e outra mulher. “Como a outra não foi adiante, soube que se passasse por todas as etapas eu seria a única”, lembra.

 

Seu gosto pela área de segurança é antigo. Começou quando trabalhou no setor administrativo de uma empresa de vigilância. Ela sentiu que gostava daquilo, mas não queria continuar atrás de uma mesa. Há dez anos, traduziu a vontade de trocar o escritório pelas operações externas sendo aprovada no concurso da Guarda Municipal de Foz do Iguaçu. Foi essa experiência que permitiu a sua candidatura a uma das vagas no processo de seleção da Itaipu.

 

Por isso, com a experiência de quem já se acostumou à figura militarizada representada pela farda, Regiane garante que o trabalho na segurança não é obstáculo algum para a feminilidade. “É perfeitamente possível continuar a manter a vaidade em uma função como essa. Mas, claro, é preciso estar sempre atenta e tomar cuidado com os equipamentos, bem como evitar exageros”, afirma.

 

Junto com Regiane, entraram na também na Segurança Empresarial Marcelo Leichtweis, Clayton Fiqueiredo, Rogério Telles, James Rothhaar, Felipe Bruxel, Jefferson Streda, Davi de Moraes, Luiz Farias, José Carlos Rodrigues, Márcio Giordani, Pedro Schoms e Carlos Maciel.

 

Desbravadora de uma ilha

 

De acordo com Rogel Abib Zattar, ou, como é mais conhecido, coronel Zattar, Regiane está desbravando um caminho que pode começar a ser trilhado por outras mulheres na empresa. “Tomara que ela seja uma espécie de modelo que propague esta imagem, mostrando para as demais mulheres que é possível estar aqui”, afirma o superintendente.

Segundo o coronel, a agente é símbolo de uma tendência que é justa e generalizada. “Éramos uma espécie de ilha e hoje, assim como várias áreas da empresa, temos também mulheres na área operacional”, exalta. “A presença de Regiane abre uma expectativa de um futuro melhor, e de uma situação para a qual nós teremos que ser versáteis e flexíveis”, diz.

 

Para Zattar, a eficiência feminina para a função é idêntica à masculina. Ele se baseia em exemplos. “A Polícia Militar e a Guarda Municipal usam mulheres no patrulhamento ostensivo. Apesar de, no momento, não termos experiência prática disso, acreditamos que ela se sairá muito bem.”

 

Aos poucos, os redutos exclusivamente masculinos vão deixando de existir na Itaipu. Em dezembro de 2001, Elisiane de Brittes foi a primeira mulher na área operacional da Divisão de Operação da Usina e Subestações.

 

Mudança de cultura

 

Para Maria Helena Guarezi, coordenadora do Programa de Eqüidade de Gênero da Itaipu, a quebra do tabu é resultado de uma ousadia feminina que só trará benefícios à Divisão de Segurança da Central. “Certamente vai renovar e levar um novo olhar àquele setor”, afirma. Segundo a coordenadora, o fato de a iniciativa ter partido da própria empresa, sem pressões externas, reflete o esforço que a Itaipu está fazendo para mudar sua cultura organizacional. Mérito também, de acordo com Maria Helena, do Comitê Pró-Eqüidade de Gênero, que possui representantes em diversas áreas da entidade.