Tratadores de zoológicos de todo o Brasil e da Argentina participaram, entre os dias 11 e 15 de março, de atividades no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da Itaipu. O evento, que também reuniu biólogos e estudantes, foi parte da programação do 39º Congresso da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), encerrado no dia 15 em Foz do Iguaçu.
 
No RBV, os tratadores puderam exercitar seus conhecimentos e trocar experiências. No sábado (14), eles colocaram em prática o que aprenderam sobre enriquecimento ambiental – série de técnicas de intervenção no ambiente dos animais que os deixam mais ativos e, consequentemente, mais saudáveis e com maior bem-estar.
 
No recinto das onças Juma e Valente, o enriquecimento foi caprichado. Peças de carne escondidas no gelo e colocadas em locais incomuns e a difusão de plantas aromáticas naturais pelo recinto (como canela e capim-cidreira) mudaram a rotina dos animais. Tudo para estimular os sentidos – e a musculatura – dos bichos.
 
“Estamos proporcionando exercício equivalente a pelo menos uma hora de esteira para eles”, brincou Wanderlei de Moraes, médico-veterinário da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu (MARP.CD), um dos responsáveis pela prática no sábado, ao lado do vice-presidente da Internation Congress of Zookeepers (ICZ), o alemão Carsten Knott; e do responsável técnico do Zoológico do Porto, Tiago Nabico.
 
A atividade foi conduzida pelos instrutores Tiago e Carsten e executada pelos tratadores Mara Verónica Anfuso (Argentina), Edson Pereira da Silva (Rio de Janeiro), Paulo Ricardo Wolf (Rio Grande do Sul), Claudemir de França (Foz do Iguaçu – RBV) e Gidásio dos Santos (Foz do Iguaçu – Bosque dos Guaranis) e Francisco Adelmo de Souza Oliveira (Foz do Iguaçu – Parque das Aves).
 
Depois das onças, os outros grupos de tratadores aplicaram as técnicas de enriquecimento no recinto dos macacos, antas, urubus e de outros animais do Zoológico Roberto Ribas Lange.
    
Saúde animal

Os exercícios são fundamentais para a saúde do animal e até para manter a capacidade reprodutiva, por exemplo – o que não é o caso da Juma, com idade avançada para reproduzir. "Se eles não se exercitam, acumulam gordura e entopem as veias, assim como acontece com as pessoas", explicou Moraes.
 
Os resultados foram apresentados pelos tratadores no domingo, no encerramento do evento. Com apenas 15 minutos para mostrar a vasta experiência, o grupo fez apresentação oral e também um teatro no qual resumiram a experiência, com a simulação de um acidente com uma pessoa no recinto de um jacaré.
 
Enquanto um grupo ajudava a vítima, o outro auxiliava o animal, provando a preocupação com o ser humano aliada ao respeito ao bicho. “Foi um momento muito emocionante”, concluiu o veterinário.
 
Melhor do mundo
     
“Esta reserva é espetacular e oferece condições excelentes para os animais. A atenção que recebemos aqui também é singular, a melhor que já tivemos entre todos os zoológicos nos quais estivemos ao redor do mundo”, disse Tiago. “É ótimo. A gente aprende muito com o pessoal que vem de fora”, disse o tratador Márcio de Oliveira Campos, do RBV.
   
Para o secretário da Associação Brasileira dos Tratadores de Animais Silvestres, Delaney Barbosa Fagundes Júnior, a experiência no RBV é muito rica porque permitiu o intercâmbio dos profissionais que atuam nos zoológicos.