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Energia
Técnica faz ensaio no vertedouro
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06/05/2010

Monitorado por câmeras de vídeo e pelo trabalho paciente de profissionais da Diretoria Técnica da Itaipu, o vertedouro da usina foi operado “em condições especiais”, nesta terça-feira (6). As áreas de Engenharia, Operação e Manutenção trabalharam na calha central, para medir o comportamento da água vertida nas diferentes aberturas das comportas.
               
O objetivo do estudo é tentar reduzir a abertura mínima de operação da calha central, hoje fixado em 2,75 metros. Este valor mínimo é importante para que a água vertida forme um salto e seja jogada após o talude, a rocha que fica à frente do vertedouro e sobre a qual ele foi construído. O salto, aquela curvatura da água que fascina os turistas, é fundamental para fazer a água cair no rio e não sobre a rocha, evitando assim a erosão.
          


O vertedouro com duas de suas três calhas abertas.
“Inicialmente estamos observando em que abertura é formado o salto”, disse Dimilson Pinto Coelho, da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura, que coordenou o estudo.

         

Com a abertura das comportas em um metro, já foi possível ver o “salto esqui”, assim chamado por se parecer com a manobra deste esporte. O salto, entretanto, não era suficiente para lançar a água no rio, longe da talude.
  
Com o rádio na mão, Amauri Vicente de Souza, da assessoria do turno de Operação, entrou, então, em contato com aos operadores da Sala de Controle Central da hidrelétrica. Do outro lado da linha, o chefe de turno João Carlos Iuliano e o operador Vanderlei Boch operavam o vertedouro. As comportas foram abrindo de 25 em 25 centímentros. Um acréscimo de 240 m³ de água por segundo foi lançado vertedouro abaixo e, com pranchetas, câmeras e olhos atentos, o pessoal da civil observou para onde a água era arremessada.
 
Por que?
    


Engenheiros durante o ensaio no vertedouro.
O trabalho pode resolver uma questão operacional do vertedouro de Itaipu. Quando ele foi projetado, os estudos de modelo reduzido indicavam que cada calha deveria ter uma abertura mínima para garantir a formação do salto e lançar a água para longe.

    

A abertura mínima da calha direita é de 75 centímetros; da central, 2,75 metros, e da esquerda, um metro. Esta diferença de abertura acontece porque os taludes de cada calha, a jusante do vertedouro, estão também em diferentes distâncias.
     
“A intenção é reduzir a abertura mínima da calha central, para que ela possa ser usada também em vertimentos acima de 1.800 m³/s”, disse Cláudio Issamy Osako, também da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura. Quando é preciso escoar grande quantidade de água, é utilizada a calha esquerda, depois a central e, por último, a direita. Em baixos vertimentos, é usada apenas a direita.

  

Mas, também devido à erosão da talude, é recomendável não usar a calha direita em vertimentos acima de 1.800 m³/s. Assim, o trabalho ficaria por conta da calha esquerda. Mas, se por qualquer razão ela não estiver disponível (em manutenção, por exemplo), seria usada a calha central. Aí entra uma conta que influencia na operação do vertedouro. 
     


Durante os testes, comunicação foi feita via rádio.
Como a calha central opera só acima dos 2,75 metros, ou seja, acima de um vertimento de 2.550 m³/s, ela não poderia ser utilizada. “Neste caso, precisamos verter uma água que é superior ao recomendável da calha direita e inferior ao permitido pela calha central”, explica Iuliano.

   

Ele se refere à diferença entre os 1.800 m³/s máximos da calha direita e os 2.550 m³/s mínimos da calha central. Se a abertura mínima da calha central for reduzida, ela poderia ser utilizada mais vezes, no lugar da calha direita. A operação do vertedouro seria otimizada.
        
Para os profissionais da ENCC.DT, que analisaram o comportamento do “salto de esqui” em diferentes aberturas, o rebaixamento da abertura mínima das comportas da calha central, a princípio, pode ser feito, mas passará por uma análise criteriosa. O relatório preparado por eles será levado ao board de consultores civis, que se reunirá em novembro, na Itaipu. Eles baterão o martelo sobre uma possível nova abertura mínima das comportas da calha central. A nova regra seria então incorporada ao manual de instruções de Operação de Itaipu.