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Meio Ambiente
Show Rural 2011: Itaipu demonstra produção agroecológica
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08/02/2011

Na 23ª edição do Show Rural Coopavel, em um espaço de cerca de 2.300 metros quadrados, a Itaipu, em parceira com a Embrapa, Emater, Coopavel e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), dá uma pequena mostra de como é possível combinar diferentes culturas em um sistema agroecológico. São frutíferas, hortaliças, pastagem com sombreamento para a produção de leite a pasto, adubação verde, uma estufa para o cultivo de tomate, plantas medicinais e condimentares, entre outras.

     

A iniciativa faz parte do programa Desenvolvimento Rural Sustentável, uma das principais iniciativas do Cultivando Água Boa, que a Itaipu e diversos parceiros realizam nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (conjunto de microbacias conectadas pelo reservatório da Itaipu). A região concentra um dos principais polos agropecuários do país.

    
Uma das principais características da produção agroecológica é a diversificação e o uso de diferentes culturas em sistema de consórcio, como a rúcula e o rabanete, ou o milho associado ao feijão e à abóbora. Conforme explica o técnico Lorivan Webber, da Itaipu, nessas culturas consorciadas, uma espécie beneficia a outra.
     
“Uma planta busca os nutrientes mais na superfície do solo, enquanto outra o faz mais profundamente. Outra vantagem é que esse sistema favorece a biodiversidade e diminui a incidência de pragas. E as flores plantadas no entorno atraem os insetos. Esse conjunto de medidas dispensa o uso de agrotóxicos”, explicou.
 
Além da diversidade de produção, a casa que serve de apoio ao espaço agroecológico conta com um sistema de captação da água da chuva, que é canalizada para uma cisterna. O espaço conta ainda com um sistema de compostagem (onde as palhas e outros restos orgânicos são decompostos) e um minhocário (onde minhocas da espécie vermelha americana transformam esterco bovino em húmus). Esses dois insumos orgânicos podem ser usados separadamente ou em conjunto como adubo.
 
“Essa área foi criada em 2003 e é mantido por técnicos da Embrapa e da Emater. Além do evento anual do Show Rural, temos encontros técnicos de inverno e de verão nesse espaço”, explicou o engenheiro agrônomo da Emater em Marechal Cândido Rondon, Urbano Theobaldo Mertz. “Na verdade, não se tem uma receita pronta para o agricultor que quer adotar técnicas agroecológicas. É precciso estudar caso a caso, e ver qual a melhor solução para cada propriedade, de acordo com a vocação do produtor”, acrescentou.

Segundo o engenheiro, muitas dessas técnicas eram comuns há algumas gerações, mas pouco a pouco foram se perdendo, a medida que muitos agricultores deixaram de ser produtores de alimentos para se dedicarem à produção de grãos que servem como ração para animais. Com isso, desapareceram muitas variedades de arroz, feijão e outras culturas, as chamadas variedades crioulas.

“Hoje há uma demanda reprimida por produtos orgânicos, livres de agroquímicos. Diversas redes de supermercados de Cascavel, por exemplo, querem comprar diretamente dos produtores, mas faltam fornecedores”, exemplificou Mertz.

Entretanto, pouco a pouco, a produção vem se organizando. A Cooperfam (Cooperativa Agroecológica e da Agricultura Familiar), que é assessorada pela Itaipu e foi formada em 2005, acaba de fechar um contrato de R$ 425 mil para o fornecimento de orgânicos para a merenda escolar nas escolas da rede estadual de ensino em Toledo e Cascavel.

Para os agricultores interessados em conhecer essas técnicas, Mertz recomenda que entrem em contato com a Itaipu, Embrapa ou Emater, ou ainda as organizações parceiras do programa Desenvolvimento Rural Sustentável, como Capa, Biolabore, Sustentec e Instituto Maitenus.
   
Programação

Nesta quinta-feira (9), a Itaipu reunirá em seu estande o Comitê Gestor do programa Desenvolvimento Rural Externo. O comitê é composto de 60 organizações que se reúnem duas vezes ao ano e serve como instância consultiva e deliberativa do programa. “O comitê orienta as ações do programa em seus diferentes eixos de trabalho: assistência técnica, pesquisa e desenvolvimento, comercialização e marketing, organização e associativismo, controle de qualidade e transformação de produtos”, explicou o gestor do programa, João José Passini. A reunião será nesta quarta-feira, às 14 horas.

Evolução tecnológica
     
O Show Rural Coopavel é um dos principais eventos de tecnologias agropecuárias do país e é também uma vitrine do alto grau tecnológico e da evolução da produtividade no Oeste Paranaense. “Quando a feira começou, há 23 anos, era normal o produtor de soja ficar feliz com uma produção de 1.800 kg/hectare. Hoje isso mais do que dobrou”, destacou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, que nesta segunda-feira (7) visitou a exposição.
      
No total, o espaço da Coopavel tem 72 hectares. Por ali devem passar 170 mil pessoas nos cinco dias de evento, para conhecer as últimas novidades em máquinas, equipamentos, insumos e sementes. “Temos aqui variedades de soja com potencial para produzir mais de 5 mil quilos por hectare”, comentou o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
     
Essa evolução da produtividade destacada por Samek e Grolli está refletida nos ganhos dos cooperados. Em 1995, o faturamento da Coopavel era de R$ 110 milhões/ano. Em 2010, alcançou R$ 950 milhões. A cooperativa abrange seis cadeias do agronegócio: aves, suínos, bovinos, laticínios e grãos. Em 2011, vai inaugurar uma nova cadeia de produtos, a do trigo. Cerca de 20% do faturamento devem-se às exportações, principalmente para a Europa e para a Ásia.
    
Além do ambiente favorável para o desenvolvimento dos negócios, o presidente da Coopavel destacou o papel de instituições públicas, como a Embrapa – por sua pesquisa de novas tecnologias para o campo –, a Copel – com seu programa de eletrificação rural – e a Itaipu – com suas ações de sustentabilidade. “A Itaipu tem desempenhado um papel muito importante, disponibilizando seus técnicos para ajudarem os agricultores a terem alta produção, com proteção ao meio ambiente”, afirmou Grolli.