A discussão de propostas para desenvolver o biogás na América Latina mobilizou lideranças de quase metade dos países da região, que participam, nesta quarta (13) e quinta-feira (14), em Foz do Iguaçu (PR), do Seminário Internacional de Biogás.

A abertura oficial foi na manhã de quarta-feira, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), com representantes de 16 dos 33 países da América Latina – Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Jamaica, Bolívia, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, além do Brasil.

O evento integra as ações da Força Tarefa 37 – Biogás-Espelho, criada em abril pela Agência Internacional de Energia (IEA), com o apoio da Itaipu Binacional, Organização Latino-Americana de Energia (Olade), escritório regional da FAO para América Latina e Caribe, Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi).

“As Nações Unidas têm interesse em trabalhar com entidades como Itaipu para explorar novas possibilidades [na área de energias renováveis] não apenas no Brasil, como no mundo. Assim, nós teremos capacidade de compartilhar lições, conhecimentos e ideias”, destacou o diretor da iniciativa Sustainable Energy for All (SE4ALL), Minoru Takada, que é o conselheiro sênior para Políticas do secretário-geral da ONU.

Também participaram da solenidade o diretor do Departamento de Energia e Mudanças Climáticas da Onudi, Pradeep Monga; o diretor de Geração da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza; o vice-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Moacir Bertol; e o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic – entre outras autoridades.

Os convidados foram recebidos pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, pelo superintendente de Energias Renováveis da binacional, Cícero Bley Jr., e pelo diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás-ER), Rodrigo Regis de Almeida Galvão.

Segundo Cícero Bley, o objetivo do seminário é discutir e formalizar propostas conjuntas que possam servir de referência na formulação de políticas públicas na área do biogás. Essas propostas serão reunidas em uma carta de recomendação, que será enviada a todos os países da América Latina e Caribe.

“Essa é uma atividade voltada exclusivamente para os tomadores de decisão”, disse Cícero Bley. “Queremos produzir propostas de políticas públicas nacionais, que serão apresentadas aos países, para que haja uma homogeneidade no enfoque do biogás. Isso é importante porque eleva a condição do biogás como fonte renovável dentro da matriz energética.”

Minoru Takada disse que o assunto energia é considerado tópico-chave para a ONU lidar com temas globais, como a sustentabilidade, a prosperidade econômica, as mudanças climáticas e o combate à pobreza. “Então precisamos de acesso a soluções viáveis para ter capacidade de lidar com esses desafios. E a Itaipu lidera uma série de projetos que são interessantes e que podem ser levados para outras regiões [do mundo]”, elogiou.

Jorge Samek lembrou que a parceria de Itaipu com a ONU, por meio da Onudi, foi intensificada em 2008, ao mesmo tempo em que evoluíram as preocupações do mundo com o desenvolvimento sustentável. “O que está acontecendo no mundo hoje, na América Latina, na América do Sul, especialmente na nossa região [Oeste do Paraná], os avanços que estamos conseguindo, com as novas tecnologias, isso tudo tem que estar conectado. E não há lugar melhor para discutir esses assuntos que o CIBiogás-ER”, afirmou.

Valter Luiz Cardeal comentou que a energia renovável já faz parte do portfólio de negócios da Eletrobras, que desenvolveu o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Segundo ele, a Eletrosul, por exemplo, produz atualmente a energia eólica mais barata do planeta. “Também estamos iniciando [estudos] com a biomassa e o biogás é uma grande oportunidade. Por isso nosso apoio é total.”

O diretor-geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), Albert Geber de Melo, classificou o seminário como “um debate de alto nível em um assunto que é vanguarda tecnológica”. “Aqui estão todos os atores com capacidade de discussão”, disse. “Essa iniciativa é importante para que outros países caminhem na meta de dobrar a participação das energias renováveis de uma forma adequada. Por isso a relevância é enorme”, completou.

O Seminário Internacional de Biogás, que tem apoio dos ministérios de Relações Exteriores e de Minas e Energia do Brasil, segue até o final da manhã de quinta-feira (14), dividido em seis blocos de discussão e a consolidação das propostas. À tarde, o grupo fará uma visita técnica ao Condomínio de Agroenergia Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon (PR).