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Meio Ambiente
Patrimônio verde da Itaipu contribui para pesquisas de evento inédito na América Latina
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14/10/2019

O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da Itaipu Binacional recebeu, na última quarta-feira (9), uma centena de pesquisadores de renome internacional para uma atividade em campo inédita na América Latina. Nas áreas de floresta do Refúgio, o grupo realizou uma série de experimentos para a obtenção de informações 3D, obtidas a partir de tecnologias inovadoras e com potencial para aperfeiçoar o manejo de florestas tropicais.


Fotos: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

Os pesquisadores estiveram em Foz do Iguaçu (PR) para a 16ª edição da conferência SilviLaser 2019, promovida de 8 a 10 de outubro, no Mabu Thermas Grand Resort. O evento reuniu 300 cientistas de várias partes do mundo para troca de conhecimento acerca das tecnologias voltadas ao manejo e à gestão de ecossistemas florestais.

“É uma oportunidade única para nós”, destacou o gerente da Divisão de Estudos da Itaipu, João Paulo Bueno do Prado. “Pudemos acompanhar de perto como os maiores cientistas do mundo aplicam diferentes técnicas e métodos para o manejo de ecossistemas florestais e compreender como eles podem ser aplicados para a gestão de todo o patrimônio verde da Itaipu”, completou. A atividade envolveu ainda as divisões de Áreas Protegidas, de Estudos e de Apoio Operacional da Itaipu.

Entre os pesquisadores estavam pessoas de instituições renomadas do governo norte-americano, como a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) e o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USDA Forest Service). Também estiveram presentes representantes da Universidade da Flórida (EUA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (Ipef), entre outras. Participaram, ainda, pessoas da Austrália, Alemanha, Canadá, China, Espanha, República Checa, entre outras nacionalidades.

Atividade de destaque

O trabalho no RBV foi uma das principais atividades da SilviLaser, de acordo com João Paulo, e ocorreu em três tipos de formações florestais: floresta secundária, reflorestamento e banco de sementes.

No local, foi usada a principal tecnologia discutida na conferência, denominada Lidar – da sigla Ligth Detection and Range [Detecção e Alcance da Luz, em português] . “Essa tecnologia permite medir a distância entre o equipamento e objetos de interesse, através de um pulso a laser”, explicou João Paulo. “Como resultado, ela gera a densificação de pontos medidos, as chamadas ‘nuvens de pontos Lidar’. Essas nuvens permitem a modelagem espacial 3D dos objetos escaneados”, completou.

Os sensores Lidar podem ser usados em diferentes plataformas, tripés, aeronaves, drones, veículos e mochilas. No Refúgio, os pesquisadores se valeram de um aparato tecnológico, como um conjunto de câmeras desenvolvido por pesquisadores da Universidade Checa de Ciências da Vida de Praga. Também foram usados um drone com scanner laser com câmera hiperspectral; duas estações de escaneamento (uma da Riegl e outra da Leica Geossystems); um laser scanner acoplado, um laser scanner de mão e dois telefones móveis da Google.

Segundo o gerente, este trabalho com os pesquisadores operou como uma via de mão dupla entre a comunidade científica e a Itaipu. “O evento possibilitará futuras parcerias, que permitirão ainda mais avanço na utilização de dados Lidar na Itaipu”, afirmou.

“Todo esse trabalho nos permite entender e aplicar, da melhor forma possível, os dados que temos aqui das nossas florestas. Com isso, podemos estimar de forma indireta um conjunto de variáveis florestais, como a biomassa, além de contribuir para aperfeiçoar o balanço de carbono”, concluiu João Paulo.

Momento raro

Para o pesquisador da Nasa, Douglas Morton, participante do evento como especialista no uso de tecnologias de mapeamento 3D em florestas, o estudo possui uma importância significativa dentro da comunidade científica. “Para nós, como pesquisadores, ter a oportunidade de aplicar tantas tecnologias diferentes ao mesmo tempo e em um mesmo lugar, é algo que quase nunca acontece”, celebrou.

Ao se deparar com as diferentes formações do RBV, Morton mostrou-se ainda mais grato pela experiência. “A reserva da Itaipu é superimportante, tanto pela natureza, quanto pelos estudos realizados na região, resultantes de várias ações acumuladas ao longo dos anos. Por isso, agradecemos a oportunidade de participar dessa expedição”, avaliou o pesquisador.