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Oeste terá condomínio de energias renováveis
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05/08/2009

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Walter Bianchini, e o prefeito de Marechal Cândido Rondon, Moacir Froehlich, assinam, no próximo dia 12 de agosto, o termo de lançamento do projeto do primeiro condomínio cooperativo de energias renováveis do país. O projeto, que também tem como parceiros a Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves, o Iapar, a Emater/PR,  a Fundação Parque Tecnológico Itaipu e a Companhia Paranaense de Energia (Copel), abrange propriedades rurais de agricultura familiar da bacia do Rio Ajuricaba, localizada em Rondon, que irão gerar energia a partir de dejetos da agropecuária. 

 


Granja Colombari, em São Miguel do Oeste
Com assistência técnica da Itaipu e da Emater/PR, as propriedades, na maioria dedicadas à criação de suínos e de bovinos de leite, farão o tratamento dos dejetos desses animais gerando biogás, que por sua vez funciona como combustível para motogeradores, produzindo energia elétrica. O biogás será transportado através de um gasoduto que interligará biodigestores instalados nas propriedades a uma microcentral termelétrica, a ser operada pelos produtores em regime de condomínio. Além de evitar a poluição dos rios e do ar, o processo tem como subproduto o biofertilizante, que será utilizado nas pastagens e lavouras, aumentando a produtividade.

 
A energia elétrica gerada será vendida à Copel, a exemplo de outras instalações na região, como a Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu, a Granja Starmilk, em Vera Cruz do Oeste, a Unidade Produtora de Leitões da Cooperativa Lar, em Itaipulândia, a Estação de Tratamento Ouro Verde, da Sanepar, em Foz do Iguaçu, e, a partir de dia 15 de agosto, o Frigorífico de Aves da Cooperativa Lar, de Matelândia. Todas elas fazem parte da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, iniciativa que visa a promover o aproveitamento de fontes renováveis para geração energética no meio rural, como a biomassa, a eólica, a solar e a hidrelétrica de pequeno porte.

Aos ganhos que os agricultores terão com a venda de eletricidade, será somada a receita com o comércio de créditos de carbono, pelo chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kioto. Isso porque o tratamento ambiental dos resíduos e dejetos evita emissões de gás metano, que é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico.

 

O projeto do condomínio nasceu de uma proposta do secretário Valter Bianchini e do diretor Jorge Samek, de atender à agropecuária de caráter familiar, que representam mais de 70% das propriedades do Oeste do Paraná.

 


As propriedades beneficiadas ficam na Bacia do Rio Ajuricaba, localizada em Rondon
Entre as unidades que já integram a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, a menor é a Granja Colombari, com 3 mil suínos, o que representa um porte industrial médio. “Esse é um aspecto muito importante do projeto do Ajuricaba, porque ele demonstra que as energias renováveis são viáveis mesmo para as pequenas propriedades. Com isso, o agricultor familiar tem novas perspectivas de renda, produzindo segundo critérios ambientalmente corretos. É uma experiência pioneira que acreditamos que pode ser levada para várias outras localidades do país”, afirma Samek.

Além das instalações para a geração de energia (dutos para canalização de dejetos e do biogás e construção de biodigestores) as 41 propriedades contempladas pelo projeto passarão por uma série de melhorias para atender a critérios de produção sustentável como, por exemplo, a readequação de estábulos e de outras instalações que eventualmente se encontrarem dentro da área prevista para a reserva legal (junto à margem dos rios). Pelo convênio, a Itaipu se responsabilizará pela elaboração do projeto e, juntamente com a prefeitura e o estado, cederá materiais e maquinário para as obras. À comunidade, caberá a mão-de-obra. Para a construção da microcentral termelétrica, será realizada uma licitação.

A organização em forma de condomínio cooperativo (que funcionará de forma semelhante a um condomínio residencial), foi proposta pela Emater e aceita pelos parceiros por sua flexibilidade e facilidade de gestão por parte dos agricultores. Antes de elaborar o projeto, a Itaipu e demais parceiros foram buscar referências na Áustria, país onde esse tipo de energia está mais desenvolvido. Lá, os proprietários rurais estão aplicando a energia da biomassa residual das atividades agropecuárias no transporte. A partir de um kit de purificação do gás, é possível obter um combustível que pode ser utilizado em qualquer veículo adaptado ao GNV (gás natural veicular). “É possível que, futuramente, os agricultores do Ajuricaba poderão também utilizar o biogás que produzem para a movimentação de safra e no maquinário agrícola”, prevê o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley. “Mas somente pelo fato de ser possível a pequenos agricultores vender energia para a Copel, significa dizer que está nascendo na região Oeste do Paraná uma nova economia rural, com a bioeletricidade como vetor de desenvolvimento sustentável”, acrescenta. 

 

O projeto também tem como princípio estimular o aproveitamento de tecnologias desenvolvidas na região. Por isso, serão utilizadas as soluções criadas e aprimoradas pelo agricultor Pedro Köhler, que adaptou caixas d'água de fibra para serem utilizadas como biodigestores. A partir de várias experiências, Köhler chegou a um modelo de biodigestor vertical que é praticamente autolimpante. Logo ao chegar à propriedade dele, localizada próxima de Toledo, já é possível perceber duas importantes vantagens do tratamento dos dejetos: a ausência de moscas e de mal cheiro.

Como se trata de uma iniciativa inédita no país, a Itaipu pretende fazer do condomínio uma estrutura para servir de referencia, com infra-estrutura para receber visitas técnicas, de instituições de ensino e pesquisa, e órgãos de governo interessados em promover o aproveitamento de fontes renováveis de energia. A perspectiva é concluir as obras e iniciar a geração de energia até janeiro de 2010.