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No Oeste do Paraná, energia renovável reforça equidade de gênero
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28/05/2014

De que forma as energias renováveis e a mobilidade elétrica podem contribuir para a equidade de gênero e o empoderamento da mulher na América Latina? No Oeste do Paraná, alguns exemplos vêm da utilização do biogás, que agregou valor e trouxe inúmeros benefícios na vida de famílias inteiras a partir do papel decisivo de agricultoras e pequenas produtoras que optaram pelo uso dessa alternativa energética.

O tema está sendo discutido em Foz do Iguaçu, no Paraná, por cerca de 50 pessoas, nesta quarta (28) e quinta-feira (29). Participam das discussões integrantes de comitês de gênero de empresas do setor de energia elétrica do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, México, Colômbia, Uruguai e Cuba e representantes da ONU Mulher e do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) e da Itaipu Binacional, anfitriã do encontro. O evento é inédito na América Latina.

Os participantes vieram debater, trocar ideias e conhecer algumas das experiências desenvolvidas pela Itaipu Binacional e parceiros na área da mobilidade elétrica e energias renováveis. Alguns desses projetos já estão sendo replicados em outros países, como é o caso do biogás, que chegou ao Uruguai.

Nos países em desenvolvimento, as mulheres são importantes usuárias e gestoras de energia nos trabalhos domésticos e produtivos. E são afetadas, no cotidiano, pela ausência de fontes e tecnologias de energias limpas e acessíveis, especialmente nas áreas rurais.

De acordo com um documento preparado pela ONU e pelo Pnud para servir de guia aos participantes do encontro, a inclusão elétrica reforça o processo de empoderamento econômico de homens e mulheres, tornando suas tarefas produtivas mais eficientes, possibilita maior acesso aos mercados, por meio de apoio às telecomunicações e à informática; e gera novas opções de trabalho no setor energético e em suas instituições.

Para a anfitriã e uma das idealizadoras do encontro, a diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, uma das melhores formas de empoderamento da mulher é inseri-la no mercado de trabalho, de forma direta ou indireta. “Itaipu mantém vários programas de empoderamento da mulher na área do reservatório”, afirma. Entre eles, ela cita o biogás, que influi diretamente na qualidade de vida das famílias de produtores, ampliando a participação da mulher nas decisões.

Na prática

Entre construir a sonhada casa própria e instalar o biodigestor para ter mais segurança em relação à criação das aves, a pequena produtora Claudete Hasper Volkweis, de Toledo, no Oeste do Paraná, não teve dúvidas: ficou com a segunda opção. Ela trocou o gás convencional e a lenha de madeira, utilizada no aquecimento do aviário, por um sistema de biogás, com aproveitamento dos dejetos das aves. Com isso, toda a família ganhou em comodidade e qualidade de vida.

Antes da mudança, ela e o marido tinham que se revezar dia e noite para garantir o aquecimento do aviário, com uma caldeira à lenha. Em palavras simples, ela diz que, numa granja, a equidade de gênero é fundamental. “A granja só vai pra frente quando há divisão justa de tarefas entre marido e mulher; os dois se ajudando. Por isso, hoje, posso afirmar que o biogás para mim vale ouro, vale tranquilidade.”

Elizabet Vargas, que cria gado leiteiro, sabe bem como deve ser a divisão de tarefas de cada familiar. Ela e a nora fazem a ordenha das vacas, enquanto o marido e o genro tratam dos animais. Outras funções também são distribuídas entre os familiares. Por isso, ela também sabe a importância de facilitar o trabalho, o que foi possibilitado pela implantação de infraestrutura na ordenha e no sistema de biodigestor, tudo financiando no nome dela.

“Onde precisava de quatro pessoas, agora uma faz sozinha”, diz a produtora. O biogás também permite que os dejetos do gado leiteiro, que antes eram carreados para o rio, sejam totalmente aproveitados como adubo na lavoura. Além disso, a família não gasta mais com energia elétrica para aquecer a água utilizada na lavagem da sala de ordenha e nem com o gás de cozinha.

De acordo com o assessor de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley, o uso de energias renováveis é uma questão a ser considerada pela humanidade, homens e mulheres. “São questões que nunca serão resolvidas se considerarmos somente os aspectos da engenharia das energias, mas com conceitos que levam à tomada de atitude individual e coletiva para reverter a permanente crise mundial de energia”, explica.  

Cícero complementa: “A mulher tem papel fundamental na formulação desses conceitos, trazendo à discussão a sensibilidade necessária para definir prioridades do setor, sendo protagonista das soluções e participando das escolhas, dentro de suas casas e até nas mesas de decisão.”