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Meio Ambiente
Nascimento de antas gêmeas surpreende equipe do Refúgio Bela Vista
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24/08/2011

Veterinários, biólogos e tratadores do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu, em Foz do Iguaçu, tiveram uma grande surpresa no final do mês de julho. Zefa, uma das antas (Tapirus terrestris) do plantel do RBV, teve filhotes gêmeosalgo que, de tão raro, não encontra paralelo nas pesquisas dos profissionais do local. “É o primeiro caso de que temos conhecimento”, ressalta o biólogo Marcos de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas da usina. “E até onde a gente sabe é a primeira vez que acontece, pelo menos no Brasil”.

Para sanar a dúvida, a equipe do RBV procurou ajuda externa e consultou o veterinário Paulo Mangini, pesquisador da vida selvagem e integrante do Grupo de Especialistas em Antas (Tapir Specialist Group), organização internacional formada por defensores da preservação desse animal. O veredito: “Não registro conhecido de gestação gemelar em antas”, diz. “Vocês deveriam escrever uma nota científica para relatar este caso”, sugere Mangini aos profissionais da Itaipu.

Oliveira atribui a gestação singular a dois fatores: “As condições ideais para reprodução em cativeiro e uma boa dose de sorte”.

Com quase um mês de vida, um dos pequenos é macho; o outro, fêmea. O casal segue em período de amamentação, que dura em torno de dez meses, aliada à ingestão de alimentos sólidos, iniciada na segunda semana de vida. São cerca de cinco mamadas por dia. O macho pesou no primeiro dia 8,7 quilos; a fêmea, 7,6.

Os filhotes ainda não ganharam nomes e devem acompanhar a mãe por aproximadamente um ano. Um pouco mais fraca que o irmão, a fêmea eventualmente precisa se separar da família para receber os cuidados da equipe do Hospital Veterinário do RBV, o que aconteceu nesta terça-feira (23). “Mas ela já está melhor”, afirma Oliveira.

Segundo o biólogo, a literatura disponível não apresenta informações conclusivas sobre a longevidade do animal. “Mas tivemos a experiência do Raito, anta que viveu no RBV até os 25 anos”.

Zefa tem três anos e chegou ao RBV ainda jovem. Quando atingiu a maturidade sexual, por volta dos dois anos, conheceu Pimpolho – seu parceiro, que já tem 20 anos de idade. Logo em seguida, teve uma cria. Depois do desmame, veio outra – a dos gêmeos. “Foi uma grande surpresa”, diz Oliveira. “Não esperávamos dois filhotes”.

Reproduções em cativeiro bem-sucedidas têm se tornado uma marca do trabalho dos profissionais do RBV – resultado de muita pesquisa, observação e cuidado com os animais abrigados no local. A prioridade é dada a espécies ameaçadas, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a harpia (Harpia harpyja) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), entre outras. “Quando tudo vai bem, com um bom abrigo, manejo, alimentação, enfim, com os devidos cuidados, os animais respondem bem”, afirma Oliveira. “Tudo isso faz diferença, e a reprodução é reflexo disso”.