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Meio Ambiente
Nascem duas harpias na Itaipu: agora, são seis
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07/06/2010

O Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu, em Foz do Iguaçu, ganhou novos habitantes na última semana: são dois filhotes de harpia, nascidos em 23 e 29 de maio. As harpias (nome científico Harpia harpyja) são aves muito raras, e tem havido um esforço por parte de diferentes instituições para ampliar sua população. Cada filhote que nasce é uma nova chance de sobrevivência para a espécie.

  

Com a chegada dos filhotes, o Refúgio conta agora com seis harpias: duas aves adultas, dois dos filhotes que nasceram no ano passado – um macho e uma fêmea – e os recém-chegados. É o maior plantel da região Sul e um dos maiores do País. “Aos poucos, vamos aperfeiçoando os cuidados com os animais. Usamos um protocolo criado por uma bióloga panamenha, mas fazemos as adaptações que percebemos necessárias, pois cada ave tem um caráter próprio. A chance de sobrevivência deles é cada vez maior, pois já aprendemos com muitos erros e acertos”, conta o biólogo Marcos de Oliveira.

   


Harpias caçulas do Refúgio Biológico da Itaipu.

Os dois filhotes dividem uma incubadora que mantém a temperatura constante em 36,6°C. Cinco vezes ao dia, Oliveira os alimenta, sempre tomando o cuidado de ficar em total silêncio e ligar um aparelho de MP3 com sons gravados na natureza de piados de filhotes e vozes de adultos de harpia. “Isso é importante para que os filhotes não relacionem a alimentação aos sons e imagens humanos”, diz.

    

Nos primeiros quinze dias a visão dos bebês ainda não está desenvolvida, então apenas o silêncio é suficiente. Marcos usa longas pinças para dar pedacinhos de carne aos filhotes. Nada de alpiste! As harpias são aves rapinantes carnívoras, muito fortes, que se alimentam de animais de pequeno e médio porte. A partir da terceira semana, a alimentação continua a mesma, mas o biólogo fica atrás de uma cortina, para não ser visto. O objetivo é que os animais percebam o menos possível a presença dos tratadores.

 

Família

 

Por enquanto, os pais e irmãos não tiveram a chance de ver os filhotes. O biólogo explica que a distância é sofrida, mas necessária: “Na natureza, o casal que cria um filhote pode ficar até três anos sem procriar, e precisamos do maior número possível de filhotes. É de cortar o coração separá-los, mas temos que lembrar que é pelo bem de toda a espécie”.

 


Harpias adultas: sucesso na reprodução.
A filosofia do Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (CASIB) é dar preferência para os pais criarem seus filhotes naturalmente: “quando tivermos em torno de dez filhotes de harpias nascidos e criados artificialmente, começaremos a ensinar o casal a criar filhotes cada vez mais jovens, por meio de um processo de adoção”, conta Marcos.

 

A “Pretende-se iniciar com filhotes de aproximadamente 45 dias e depois reduzir essa idade de adoção até que eles consigam criar os filhotes a partir da eclosão dos ovos. Esta é uma proposta adaptada da criação de falcões-peregrinos, utilizando fêmeas que adotam filhotes”.

 

Ainda não é possível saber se os filhotes são fêmeas ou machos; um exame de DNA vai confirmar o sexo dos dois. De qualquer forma, os irmãos não procriam, então em breve novas aves devem chegar ao Refúgio para “conhecer melhor” os jovens nascidos em 2009.

 

Futuro

 

Os filhotes estão longe dos 9kg que podem vir a ter quando forem adultos, mas crescem rapidamente e com muita saúde. “O filhote que nasceu no domingo, dia 23, tinha 75g, e já está com 450g. É um crescimento acelerado, em quinze dias o peso ficou seis vezes maior”, informa Marcos Oliveira. O menorzinho dobrou dos 70g para 160 em uma semana. E não é para menos: o biólogo se desdobra para oferecer o melhor alimento aos dois pequeninos.

 

Quando tiverem um mês de vida, os filhotes serão colocados em recintos específicos, cercados por grades, alheios ao mundo externo, onde poderão observar o comportamento do irmão mais velho. À noite, porém, voltarão para o ambiente fechado, onde ficam sob temperatura controlada. Tudo para garantir que essa família cresça cada vez mais.