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Meninos do Lago ganham ouro para o Brasil em provas por equipes
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11/03/2012

Os atletas do projeto Meninos do Lago, mantido pela Itaipu e pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), bateram as equipes dos Estados Unidos e do Canadá e conquistaram o ouro para o Brasil em duas modalidades no Pan-Americano de Canoagem Slalom, que terminou neste domingo, no Canal Itaipu, em Foz do Iguaçu. Os garotos foram campeões nas categorias canoa e caiaque simples em equipes, em que participam três atletas ao mesmo tempo. No sábado, a atleta Ana Sátila, de 17 anos, venceu no caiaque simples e garantiu a vaga olímpica.

Na categoria canoa simples masculino por equipes, o Brasil foi campeão com Cássio Petry, Charles Corrêa e o iguaçuense Leonardo Cussel, de 17 anos, que está três anos no projeto Meninos do Lago. “Foi uma prova bem competitiva, um campeonato de alto nível. Ganhei bastante experiência e agora espero o mundial júnior”, afirmou Cussel. Segundo ele, os treinamentos no Canal Itaipu foram fundamentais para a boa classificação. As equipes canadense e americana ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

No caiaque simples por equipe, também deu Brasil, com Ricardo Martins Taques, João Machado e Pedro Henrique da Silva. Natural de Tomazina, PR, João Machado tem 26 anos e está desde o início do projeto Meninos do Lago, em Foz do Iguaçu. “É um prazer ser campeão, ainda mais em casa”, afirmou. Completam o pódio o Canadá e a Argentina – outras duas equipes brasileiras fizeram melhor tempo, mas, pelas regras do campeonato, o pódio tem que ser formado por três países diferentes.

Para o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, os bons resultados dos Meninos do Lago e de todos os atletas da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem são motivo de orgulho. Ele visitou a seleção no segundo dia de provas, no sábado, e avaliou a parceria entre Itaipu e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), patrocinadoras da equipe. “Pela primeira vez na história, o BNDES fez este tipo de patrocínio”, disse Samek. “Isso pode abrir portas para outros esportes também serem beneficiados”.

O superintendente de Comunicação Social de Itaipu, Gilmar Piolla, também parabenizou os Meninos do Lago e a seleção brasileira pelo bom desempenho. “Com os resultados no Pan-Americano, o Brasil surge como nova potência na canoagem slalom das Américas”, afirmou.

Para a coordenadora do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA) de Itaipu, Mirtha Baez, melhor que as medalhas no Pan-Americano são as lições de solidariedade e disciplina que os jovens recebem no Projeto. “Não queremos atletas de ouro apenas nas corredeiras, mas na vida. Para que se tornem adultos responsáveis”, completou.

O projeto Meninos do Lago reúne cerca de cem jovens carentes dos bairros Vila C e Porto Meira, na periferia de Foz do Iguaçu. A proposta é trabalhar a inclusão por meio do esporte e preparar os jovens para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Os jovens treinam diariamente no Canal Itaipu. O projeto é mantido pela Itaipu, por meio do PPCA, e pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).

Promovido pela CBCa, o Pan-Americano tem patrocínio da Itaipu Binacional e do BNDES. Atletas de dez países competiram no Canal Itaipu, que fica dentro da usina hidrelétrica, entre 9 e 11 de março. Em paralelo ao Pan, aconteceu o Open Itaipu, com a participação das seleções convidadas da Espanha e da República Tcheca.

Choro de alegria, choro de tristeza

O Pan-Americano de Canoagem Slalom teve choros de alegria, mas também de tristeza. No sábado, a atleta Ana Sátila não conteve as lágrimas após ganhar o ouro e a vaga para Olimpíada de Londres na categoria caiaque feminino. “Sempre treinei pensando na vitória e consegui. Este é o momento mais importante da minha vida”, disse a atleta logo que saiu da água e foi ovacionada pelos colegas da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem. “Quando passei pela última baliza, sabia que a vaga era minha”, concluiu.

Mas no caiaque masculino, no domingo, o choro foi de tristeza. Grande sensação do campeonato, o jovem Pedro Henrique Gonçalves da Silva, o Pepê, ficou mero 0,13 segundo atrás do veterano canadense David Ford, 44 anos de idade e quatro Olimpíadas no currículo. Pepê tocou na penúltima baliza, o que lhe acrescentou dois segundos no tempo final, e perdeu a vaga.

“Já sabia que seria difícil ganhar a prova depois de ter feito a falta”, disse após saber do resultado e ainda com o rosto cheio de lágrimas. “Trabalhei muito duro para isso e foi tudo embora. Agora é esperar mais quatro anos para a Olimpíada do Rio de Janeiro”.

Pepê terminou a prova em 90,70 segundos, mas, com a falta, acabou ficando com 92,70 segundos. O campeão David Ford concluiu sem nenhuma falta com 92,57. Apenas 0,13 segundo mais rápido. O terceiro melhor tempo foi do brasileiro Ricardo Martins Taques, com 93,07 segundoaté a sexta posição deu Brasil e Canadá, mas, como o pódio deve ser completo por três atletas de países diferentes, o argentino Matias Cordeiro, que teve o sétimo melhor tempo, ficou com o bronze do Pan-Americano.

Na canoa simples, Brasil fora do pódio

Na outra vaga olímpica definida neste domingo, na canoa simples masculino, a batalha foi entre canadenses e norte-americanos. O ouro no Pan e a vaga olímpica ficaram para Benn Fraker dos Estados Unidos, que fez a prova em 92,50 segundos. “É a terceira vez que venho competir neste canal e estou treinando duas semanas aqui, isso ajudou muito”, afirmou o norte-americano que competiu na Olimpíada de Pequim 2008.

A prata foi para outro norte-americano, Casey Eichfeld. O terceiro melhor tempo foi do canadense Cameron Smedley, mas o bronze do Pan, de novo pelas regras do campeonato, foi para o argentino Rossi Sebastian, quarto melhor tempo.

Duas vezes Ana Sátila

A prova de canoa simples feminino não valia vaga para a Olimpíada, mas Ana Sátila não quis nem saber: com o tempo de 134,44 segundos, ela venceu e levou mais uma medalha de ouro do Pan-Americano para casa. Seu próximo compromisso é dia 18 de março. Ana e a comissão técnica vão a Londres reconhecer o canal em que ela que vai competir no caiaque simples nos Jogos Olímpicos.

A nova canoagem brasileira

Para o técnico da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem, o italiano Ettore Ivaldi, Ana Sátila vai a Londres com a obrigação de representar bem o País. Mas ele reconhece que o verdadeiro projeto são os Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016. “Nós queremos chegar à Olimpíada não com um, mas com quatro ou cinco atletas em alto nível”, diz. Ettore elogia o projeto da seleção brasileira e o Projeto Meninos do Lago, de Itaipu. “Em meus 25 anos de treinador eu nunca vi um trabalho tão bem estruturado. Ele trabalha do zero até chegar ao nível olímpico”, define.

O treinador também destaca a preocupação com os jovens atletas que continuam fazendo faculdade e tendo uma vida estudantil. “Não podemos exigir de meninos de 15 a 20 anos que se dediquem unicamente ao esporte. Canoagem não é como o futebol, que pode formar milionários”, diz. Ele cita exemplos dos jovens atletas que cursam faculdades de Educação Física e Fisioterapia nas universidades de Foz do Iguaçu e poderão continuar trabalhando no esporte mesmo depois de se aposentarem.

Para o superintendente da Confederação Brasileira de Canoagem, Argos Rodrigues, os resultados do Pan-Americano foram excepcionais para o País. “O Brasil cresceu muito, pode perguntar para americanos e canadenses e eles vão  confirmar que vai ser difícil segurar o Brasil nos próximos anos”. Ele destaca a parceria com Itaipu, que cedeu o canal para os treinamentos, e o BNDES pelo investimento na seleção brasileira.