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Itaipu implanta nova rede de sismógrafos em torno da barragem
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23/03/2011

O terremoto que devastou o Japão no último dia 11 pode ter sido o último registrado pelos equipamentos instalados há mais de 30 anos nas sete estações sismográficas de Itaipu. Nesta segunda-feira (21), no Laboratório de Eletromecânica, começaram os testes com os novos equipamentos, comprados pela usina no final do ano passado. Uma equipe do professor Lucas Vieira Barros, da Universidade de Brasília (UnB), referência em sismologia no Brasil, está em Foz do Iguaçu para acompanhar o trabalho.

As estações estão instaladas em torno do reservatório, três do lado brasileiro e outras três do lado paraguaio, além de uma sétima, no topo da barragem. Cada estação é composta pelo sismógrafo, equipamento que mede o efeito dos tremores, e um rádio-transmissor, que envia as informações para uma central. A sétima estação conta com um acelerômetro, que mede o efeito do tremor na barragem.

Fixado na rocha, sob a terra, em áreas isoladas e profundas, os sismógrafos têm capacidade de registrar abalos a longas distâncias, inclusive do outro lado do mundo, como no caso do Japão. Outros tremores intensos já foram registrados pela rede de Itaipu, como o terremoto de 8,8 graus de magnitude que atingiu o Chile em fevereiro de 2010.

Coordenador técnico do Observatório Sismológico da UnB, Darlan Fontenele veio a Foz para acompanhar os primeiros testes com a nova rede. "Esta rede existe desde o começo da Itaipu. É importante preservá-la para continuar o monitoramento da área", afirmou, nesta terça-feira (22).

A comparação mais frequente é a de uma pedra que cai num lago: o ponto de contato é o epicentro, e o tamanho das ondas – ou seja, os efeitos – vai diminuindo à medida que a distância aumenta.

Reservatório

O engenheiro Claudio Issamy Osako, da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura, comenta que, em 1978, quando a rede de Itaipu foi montada, o objetivo era observar os efeitos da formação do reservatório – afinal, são 29 bilhões de litros de água. Em algumas barragens pode ocorrer o chamado Sismo Induzido por Reservatório. Em Itaipu, esse tipo de efeito não ocorreu.

Além disso, a barragem foi dimensionada para suportar sismos. Mas a Bacia do Paraná 3 (BP3) está localizada em região de baixa sismicidade. “Estamos distante de áreas mais suscetíveis a abalos sísmicos, porém foi um cuidado que se teve no projeto, até porque na época nós não tínhamos o nível de informação que temos hoje”, reforçou o engenheiro.

Mais moderno

Apesar de a região estar fora das áreas de risco, as estações de Itaipu são importantes porque integram uma rede mundial. As informações colhidas aqui vão para o Observatório da Universidade de Brasília e depois combinadas com outras redes espalhadas por todo o mundo. Com os dados, é possível saber, por exemplo, o ponto exato do epicentro de um terremoto e a sua magnitude. “Quanto maior o número de redes sismológicas no mundo, melhor a qualidade da informação”, afirma Osako.

Por isso, toda a rede atual será trocada. “Os atuais equipamentos, desde que foram instalados, só passaram pelo serviço de manutenção. Até hoje, mais de 30 anos depois, são os mesmos e são analógicos. Os novos são digitais, têm maior sensibilidade e filtro para redução de ruídos”, comentou. A expectativa da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura é que até o final do ano o novo sistema esteja em operação.