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Meio Ambiente
Itaipu apresentará centro de biogás em fórum mundial de energia
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18/03/2013

O Centro Internacional de Energias Renováveis com Ênfase em Biogás (CIER-Biogás) será apresentado pelo diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Miguel Samek, no próximo Fórum de Energia de Viena (Áustria). O evento, promovido pela Organização das Nações Unidas para o Desenolvimento Industrial (Onudi), ocorrerá no próximo mês de maio e reunirá lideranças políticas e autoridades do mundo inteiro no campo das energias renováveis.
     
Entre os principais temas do fórum, estão as estratégias para alcançar as metas estabelecidas pelo plano Energia Sustentável para Todos, lançado na Conferência Rio+20 pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O plano prevê a disseminação de tecnologias sustentáveis que permitam levar energia para toda a população mundial até 2030.
     
Alinhado com as metas da ONU e também com o Plano ABC (de diminuição das emissões de gases do efeito estufa do setor agropecuário brasileiro), o CIER-Biogás é uma iniciativa liderada pela Itaipu e que reúne 22 instituições trabalhando em rede. “A geração de energia a partir do biogás se insere nesse contexto da ONU e do Plano ABC porque oferece uma solução para um problema ambiental ao mesmo tempo que oferece benefícios econômicos para o produtor rural”, disse Jorge Samek. “Além de produzir alimentos, ele produz também kilowatts”.

Entre as instituições participantes, estão o Itamaraty, Eletrobras/Cepel, Ministério do Desenolvimento Agrário (MDA), Embrapa, Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis CTGAS-ER, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Onudi, Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) e outras.
    
Representantes dessas instituições reuniram-se nesta quinta-feira (14) no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) para definir o estatuto do centro e apresentar um estudo de mercado sobre o potencial do biogás no País. Segundo o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley, todos os trâmites burocráticos e jurídicos para a criação do CIER-Biogás estarão concluídos nos próximos 30 dias. “As 22 instituições participantes tem atuação direta no campo do biogás. Então, a palavra de ordem é sinergia, ou seja,  coordenar as ações, pesquisas e dados dos integrantes, de maneira a otimizar e potencializar os resultados”, explicou Bley.

Apesar de o centro ainda estar em um estágio inicial, é grande o interesse de governos nacionais, principalmente de países vizinhos, em estabelecer parcerias. É o que assegura o oficial de Bioenergia para a América Latina e o Caribe (da FAO), Luis Felipe Duhart. Segundo ele, somente nos últimos 18 meses, países como Argentina, Peru, Chile, Colômbia, Bolívia, Honduras, México e Costa Rica manifestaram à FAO o interesse em desenvolver estudos e cooperação no campo da geração de energia a partir do biogás.
     
“Pela primeira vez, temos um diretor latino-americano na FAO (o brasileiro José Graziano da Silva). Ele é francamente favorável ao desenvolvimento das energias renováveis no campo, enfatizando que elas não podem concorrer com a produção de alimentos e que precisam incluir o produtor familiar. Daí o nosso interesse no CIER-Biogás”, explicou.
     
O caráter internacional do centro foi reforçado pelo representante do Itamaraty, Ademar Seabra da Cruz Junior, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores. Ele afirmou que o Itamaraty vê na iniciativa uma oportunidade de incrementar a cooperação internacional no âmbito do desenvolvimento tecnológico.
       
“Queremos acompanhar as discussões do projeto e identificar possíveis gargalos na cadeia de produção do biogás. Por exemplo, já sabemos que os medidores de gás metano são todos importados. Então, iremos inserir esse tema na agenda diplomática para que possamos trazer a produção desse equipamento para o Brasil”, explicou Cruz Junior.
       
O CIER-Biogás conta com a experiência acumulada da Itaipu e do PTI na geração de energia a partir de dejetos da agricultura em diversas unidades de demonstração espalhadas pelo Oeste Paranaense. Mas, a exemplo da FAO, o que mais chama a atenção da Onudi é a aplicação desse tipo de geração para produtores familiares, como o que é feito no Condomínio de Agroenergia para a Agricultura Familiar do Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon. Ali, 34 produtores, de forma cooperativa, utilizam o biogás para produzir energia térmica, elétrica e veicular, tendo como subproduto biofertilizante. E ainda vendem o excedente de energia elétrica para a concessionária local.

A expectativa do MDA é a de que o CIER-Biogás se converta em um instrumento que irá contribuir para o atingimento de metas do Plano ABC, entre elas, o tratamento de 4 milhões de metros cúbicos de dejetos da pecuária até 2020 (volume que equivaleria a 5% do total gerado pelo setor). “Para que isso ocorra, pretendemos colocar os instrumentos de crédito do MDA (como o Pronaf) à serviço da disseminação da tecnologia, da infra-estrutura, assistência técnica e da comercialização da energia gerada a partir do biogás”, informou o assessor do ministro, Marco Aurélio Pavarino.
     
A disseminação da tecnologia também é uma das metas da Eletrobras no projeto. “A Eletrobras está interessada em desenvolver todas as etapas (das cadeias produtivas) das várias energias renováveis. É um dos objetivos da empresa incentivar a geração de energia no País”, afirma Egídio Schoenberger, assessor da Diretoria Técnica da Eletrobras. “E o biogás é hoje um das fontes de energia com maior potencial no Brasil, dadas as dimensões da agricultura e da pecuária no País”, completou.
     
Funcionamento

      
Na composição do CIER-Biogás, a Itaipu atuará como sócia-mantenedora, garantindo os recursos básicos para seu funcionamento nos próximos cinco anos. O centro se encarregará de buscar financiamentos complementares junto a organismos de fomento de P&D. “O CIER também se beneficiará da estrutura do PTI e da proximidade com outras iniciativas ali abrigadas, como centros de referência, universidades, empresas incubadas, pesquisas em baterias e sistemas elétricos, entre outras”, explica o diretor técnico da Fundação PTI, Cláudio Osako.