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Fórum discute a internet como espaço de mobilização dos jovens
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01/11/2013

O papel da internet como espaço de mobilização dos movimentos sociais, como as recentes manifestações no Brasil ou a chamada Primavera Árabe, no Oriente Médio e norte da África, foi discutido nesta quinta-feira (1º) no painel Juventude, Rua e Redes, dentro da programação do 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, em Foz do Iguaçu.

Participaram das discussões Dríade Aguiar, do movimento Fora do Eixo; Camila Betoni, do Movimento Passe Livre; Chepe Nangara, do Occupy Wall Street; o blogueiro social Tessen Krispa, da Tunísia; e Pablo Mardoni, que integra um movimento que defende a implantação do ensino superior público no Chile.

O painel foi mediado por João Paulo Mehl, do Movimento Soy Loco por Ti – um grupo que discute o direito à comunicação na América Latina.

Representante do Movimento Passe Livre de Santa Catarina, Camila Betoni lembrou que, nacionalmente, o grupo foi criado em 2005, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre – inspiradas em duas revolvas anteriores: a do Buzú, de Salvador, e a da Catraca, de Florianópolis.

“Em ambas as revoltas, a cobertura da mídia independente teve muita importância. Outra característica comum eram as novas formas de mobilização e a ruptura com os esquemas tradicionais”, lembrou Camila.

As manifestações convocadas pelo Passe Livre em junho, em São Paulo, e a mobilização pelas redes sociais, desencadearam ondas de protestos por todo o País.

Tessen Krispa falou sobre como surgiram as manifestações de massa na Tunísia, em 2010, e que levaram a deposição do então presidente Zine el-Abdine Ben Ali. Na sequência, as revoltas na Tunísia e no Egito se espalharam pela região e passaram a ser chamadas pela imprensa internacional de Primavera Árabe.

Em todos os movimentos, segundo Krispa, as redes sociais tiveram forte influência, especialmente para mobilizar os jovens. “Podemos migrar do real para o virtual para nos encontrarmos”, avalia o blogueiro.

Como nos países árabes, a mobilização pelas redes e a disseminação do movimento para outras partes do mundo também são características do Occupy Wall Street, que começou em 2011, em Nova York. Chepe Nangara disse que a luta do grupo é buscar alternativas ao neoliberalismo e à austeridade fiscal.
   
Mas o ativismo do grupo extrapolou o discurso contrário ao Consenso de Washington. “Tivemos o furacão em Nova York [em 2012] que deixou a cidade destruída, muitos mortos, e muitas das pessoas que estavam lá para ajudar eram integrantes do movimento [Occupy Wall Street]”, citou.

Dríade Aguiar também defendeu o papel das redes sociais como espaço de mobilização. Segundo ela, o Fora do Eixo hoje está presente em 200 cidades brasileiras, de Norte a Sul do País, e reúne mais de 2.000 pessoas.

“A gente entende que muitos dos movimentos que ocorrem no Brasil estão sendo erroneamente retratados”, disse, ao defender da importância de iniciativas como a Mídia Ninja – que significa Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação e que teve origem dentro do Fora do Eixo.

Radicado na Argentina, o chileno Pablo Mardoni revelou uma situação dramática no seu país: desde 1980 não há universidade pública no Chile e os jovens sem condições financeiras para pagar as escolas particulares têm de emigrar para ter acesso ao ensino superior.

“No Chile, a universidade é vista com como a mãe de todas as batalhas”, disse, comparando a luta dos jovens chilenos pelo ensino superior com a bandeira do transporte público levantada no Brasil pelo Movimento do Passe Livre. Lá, como cá, a mobilização acabou trazendo à tona outros problemas. “Porque tudo vai mal. Portanto, não é só um problema de educação”, afirmou.

João Paulo Mehl falou sobre a influência da comunicação na sociedade e a necessidade de mudanças em marcos regulatórios, como a Ley dos Medios, aprovada nesta semana pela Suprema Corte da Argentina.

Destacou também a influência das novas tecnologias, que levaram a escândalos como os revelados pelo ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden.

“Os movimentos sociais já sofrem espionagem há muito tempo”, disse. “Agora, a questão da tecnologia muda essa situação. A tecnologia assume um papel estratégico para os países e também para os movimentos sociais.”