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Meio Ambiente
Fitoterápicos ganharão status de droga principal
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31/05/2010

As plantas medicinais produzidas no Ervanário de Itaipu, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), deixarão de servir apenas para tratamento complementar e se transformarão em drogas vegetais reconhecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O primeiro passo para a certificação já foi dado: as embalagens dos produtos, antes compostas apenas por saquinho plástico transparente e lapela simples de papel, passaram por completa reformulação. Além disso, até o final do ano toda a estrutura física do ervanário e o processo de produção sofrerão adaptações. A reforma do prédio deve começar em junho.

 


Fitoterápicos em nova embalagem (à direita).
“Hoje, esse produto é indicado pelo médico apenas para complementação de tratamento. Com o registro (na Anvisa), as plantas poderão ser receitadas como droga principal do tratamento, aumentando inclusive o valor do produto”, explicou o farmacêutico Reinaldo Shimabuku Junior, responsável técnico pelo ervanário de Itaipu.

  

Processo

 

A resolução que autoriza a produção de drogas vegetais é de 9 de março de 2010, mas as discussões sobre a política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos começaram em 2003. Coincidentemente, foi o mesmo ano em que o Projeto Plantas Medicinais, do programa Cultivando Água Boa, foi lançado no RBV.

  


Reinaldo Shimabuku Junior no ervanário.

De lá para cá, o avanço foi rápido. Em 2006, o uso das plantas medicinais nos serviços de saúde, como tratamento complementar, recebeu aval da Anvisa; no mesmo ano, as ervas de Itaipu começaram a chegar aos postos de saúde da região. “Itaipu sempre esteve presente em todas as discussões”, ressaltou Reinaldo Shimabuku.

    

Outra preocupação é deixar o produto livre de agrotóxicos. Hoje, todo o material que sai do RBV já é certificada como produto orgânico por duas instituições nacionalmente conhecidas, o Ecovida e o IBD – Instituto Biodinâmica.

 

Design

  

A nova embalagem das plantas medicinais de Itaipu incorporou pintura ao plástico, o que ajuda a proteger o produto da luz. Além disso, traz informações completas sobre a planta, como a parte utilizada (folhas, por exemplo), o lote de produção, o número da resolução da Anvisa (por enquanto, a de 2006), o nome do farmacêutico responsável, o selo da certificadora Ecovida, condições de armazenamento, a forma de preparo e de consumo etc. Antes, constava apenas o nome popular e o nome científico da planta.

 

Já a reforma do espaço físico vai isolar os diferentes setores da produção, como a seleção, limpeza, secagem, envase e quarentena. Depois que tudo estiver pronto, a própria Anvisa irá vistoriar tanto as instalações como os produtos, para saber se tudo está de acordo com as normas vigentes. “Esperamos que no início do próximo ano (2011) a certificação esteja concluída”, estima Reinaldo Shimabuku.

 

Toneladas in natura

 


Plantas medicinais no RBV.
Na propriedade de 1,5 alqueire do RBV são produzidas 140 espécimes. Desse total, 22 espécies passam por desidratação; são embaladas e chegam às unidades de saúde em forma de chá, para auxiliar no tratamento dos problemas de saúde mais comuns, como gripe, hipertensão, diabetes, alergia, gastrite, alta taxa de colesterol, entre outros.

 

No total, sete postos de saúde e dois hospitais recebem os produtos de Itaipu.

  

Desde 2003 até o início deste ano, já foram produzidas no ervanário mais de 3 toneladas de planta in natura, que se transformaram em 804,748 quilos de plantas secas. A maior parte – 676,308 quilos – foi doada para as unidades básicas de saúde. Também foram produzidas no local 251.449 mudas.

 

Do processo constam a separação das plantas; a secagem (a 40 graus, com controle de umidade); quarentena em embalagens grandes; análise e controle de qualidade; embalagem definitiva em porções de 10 gramas; novo controle de qualidade e, finalmente, o fornecimento. De acordo com Shimabuku, da colheita até o produto ser liberado para o consumo leva de 40 a 50 dias.

 

No refúgio, as plantas são muito bem cuidadas pelas mãos do viveirista Miguel Sherbatey, de 65 anos, que há 5 trabalha no local. “Eu adoro este trabalho”, diz ele. Entre as espécies, as mais comuns no Brasil são a espinheira santa (indicadas para gastrites e úlceras) e o guaco (expectorante). Mas tem muito mais: melissa, carqueja, alcachofra, capim limão, tansagem, etc.