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Meio Ambiente
Encontro Água Boa: “rios voadores” e os riscos do desmatamento
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25/11/2011

O morador de Foz do Iguaçu está acostumado a conviver com dois dos principais rios do Estado: o Iguaçu, que forma o espetáculo das Cataratas, e o Paraná, responsável por movimentar as máquinas de Itaipu, a maior geradora de energia elétrica do mundo.

Mas outro tipo de rio que não sai na fotografia nem nos cartões postais. Da floresta amazônica, evaporam cerca de 20 trilhões de litros de água por dia, ou 20 bilhões de toneladas, o suficiente para fazer com que Itaipu trabalhasse a plena carga durante 140 anos.

Esse rio invisível, chamado de rio voador”, que viaja pelos céus e regula as chuvas e o clima do País, foi o tema da palestra do engenheiro agrônomo Antônio Nobre, na manhã desta sexta-feira (25), dentro da programação do Encontro Cultivando Água Boa Rumo à Rio +20, no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu.

Nobre, que é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), fez outra comparação com a usina. Se os 20 bilhões de toneladas fossem colocados em uma chaleira fictícia, seriam necessárias 50 mil Itaipus para gerar a energia necessária para evaporar toda a água.

“A Amazônia é um motor poderoso para o clima. É uma gigantesca usina de serviços ambientais”, definiu. Segundo ele, somente uma árvore da Amazônia já é responsável pela evaporação diária de mil litros de água. “Quando desmatamos, estamos mexendo com esse rio voador. Se acabar a Amazônia, acabam as chuvas”, alertou.

Antônio Nobre ressaltou que a biodiversidade amazônica é fator preponderante para a manutenção da água e a regulação do clima. Como exemplo, ele apresentou um vídeo com uma espécie de viagem às avessas do telescópio Hubble: ao invés de mirar o céu, a imagem fez um mergulho profundo na floresta.

O que se viu foi uma infinidade de micro-organismos, das mais diferentes espécies. Outro vídeo, uma animação produzida pela Universidade de Harvard, mostrou o funcionamento de uma única célula – que ele chama de “a maquininha minúscula de que todos nós somos feitos”.

“Temos cem trilhões de maquininhas dessas, que nos deixam vivos. E não temos consciência disso”, afirmou, defendendo que o homem só respeita aquilo que domina – como os telefones celulares. “Nós entendemos os telefones celulares, mas não entendemos a natureza”, diz. “O telefone celular é menos complexo que uma barata. A vida tem tecnologia insuperável”, complementou.

Água Boa

Antonio Nobre disse que foi surpreendido pelas ações do Cultivando Água Boa, desenvolvido por Itaipu nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3. Para ele, é possível estabelecer um diálogo saudável entre agricultores e ambientalistas, para que se possa produzir sem sacrificar o meio ambiente. “O Cultivando Água Boa é absolutamente magnífico e pretendo divulgar essa experiência que conheci aqui”.

Após a palestra de Antônio Nobre, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, coordenou a mesa “Rio+20 e Cultivando Água Boa: Reflexão – Ação para Sustentabilidade”. A mesa reuniu o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek; o presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de Empresas, Oded Grajew; o teólogo Leonardo Boff; e a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo.