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Meio Ambiente
Do reservatório para a merenda: pescadores fazem primeira despesca
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18/02/2011

A colônia de pescadores Z-12, próxima a Foz do Iguaçu, fez, na manhã desta quinta-feira (17), a sua primeira despesca no reservatório da Itaipu. É a retirada de peixes de tanques-rede quando eles atingem tamanho comercial. Com o apoio da binacional, por meio do Programa Cultivando Água Boa, os pescadores artesanais estão criando seus peixes em viveiros e, agora, passam a vender a produção para a prefeitura municipal, como mais uma opção no cardápio da merenda escolar.    

A despesca inaugural rendeu cerca de 600 pacus, ou aproximadamente 528 kg de carne, pelos cálculos do técnico Celso Carlos Buglione Neto, da Divisão de Reservatório da Itaipu. “Os peixes estão sendo retirados com cerca de 800 gramas, porque serão processados (na máquina de desossar peixe da Itaipu). Ainda teremos outra despesca, com os peixes pesando 1,3 kg, para cortes como costelinha e filé”, explica.

Depois de retirados da água, os peixes são limpos no Colégio Agrícola e passam pela máquina de desossar. Nesta sexta-feira (18) já estarão disponíveis para a prefeitura. Segundo Buglione, a ideia é que, com o aumento do número de tanques e da produção, os pescadores possam fazer várias despescas ao longo do ano.

Para o pescador Carlos Enuir de Mello, foi uma grande satisfação tirar tantos peixes de uma só vez do reservatório. “O lago tem um potencial muito grande. É possível produzir mais de 20 mil toneladas por ano nesse sistema”, garante. “Outra novidade é que, a partir do mês que vem, teremos um caminhão-feira, para trabalhar nos bairros”.

Na opinião de Mello, os pescadores precisam mudar a mentalidade para, no futuro, trabalharem somente com o cultivo de peixes e não mais o extrativismo. “Diminuindo o extrativismo, diminui o impacto sobre o meio ambiente”, diz Alderico Coltro, também da Itaipu, que acompanhou a despesca.

Aproveitamento completo

Coltro tem se especializado em um aproveitamento completo do pescado. Além de cortes que aproveitam melhor a carne, a pele é curtida e utilizada em calçados e as vísceras servem para produção de farinha. Depois de vários anos dando cursos para estimular o artesanato em couro de peixe, Coltro, que é arquiteto, decidiu iniciar sua própria produção de calçados, que levam a marca Per Tutti. São rasteirinhas, chinelos, sandálias, sapatos esportivos e sociais.
     
“A gente coloca o peixe no mercado quase do mesmo jeito como se fazia na época de Jesus Cristo. Mas é possível ter um aproveitamento muito melhor da carne e de outros subprodutos”, afirma Alderico.

Aquicultura desperta interesse

A despesca foi acompanhada por alunos do curso de Aquicultura do Instituto Federal do Paraná. Paulo Roberto Bento, mais conhecido como Nego Bento, funcionário aposentado da Itaipu, é um dos alunos do curso. Sua idéia é trabalhar com comunidades da região. “Existe também muita gente que começou na aqucultura mas, por falta do manejo adequado, desistiu. Então, há muitos produtores para serem assistidos”, afirmou.

Joacir Freitas Messias é funcionário público e vê boas perspectivas na aquicultura. “Primeiro quero me formar e depois vou ver qual o campo mais interessante. São muitas as áreas em que é possível se especializar, como tilápia, crustáceos e algas, entre outros", avalia.

Iraci Benedita de Souza também está bastante animada com as perspectivas da aquicultura. “Depois de me formar, quero seguir me especializando e me tornar engenheira de pesca. O mercado está crescendo aqui, com o incentivo da Itaipu e também em outros locais, como no Mato Grosso Sul. Mas o mais importante é a gente trabalhar com o que gosta”, garante.