A Universidade Federal do Paraná (UFPR) já possui praticamente toda a documentação necessária para abrir a licitação de contratação da empresa que vai executar a primeira etapa da obra de construção do campus próprio da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), no terreno de quase 40 hectares doado pela Itaipu, dentro da área da usina. O levantamento de toda essa documentação contou com a colaboração direta da binacional. É mais um apoio da série de incentivos da usina à nova instituição.
Solenidade de assinatura do projeto de criação da Unila em Brasília. Projeto começa a se tornar uma realidade
O caderno de licitações foi elaborado por um grupo de trabalho formado por representantes da UFPR, que conduzirá a licitação, e Itaipu, por meio das diretorias Financeira, Jurídica e Geral. Já o projeto básico e parte do projeto executivo da obra, que também integram o conjunto de documentos anexados ao caderno de licitações, foram feitos pela Diretoria Técnica da hidrelétrica. Agora, para abrir o processo licitatório, faltam apenas alguns ajustes finais por parte da UFPR e a liberação dos recursos para a construção por parte do Ministério da Educação (MEC).
Segundo Jorge Habib Hanna El Khouri, superintendente adjunto de Engenharia da Itaipu e coordenador do projeto executivo da edificação da sede própria da Unila, a construção completa do campus deve demandar recursos na ordem de R$ 500 milhões. “O ministério estaria disposto a liberar parte desse valor de imediato, algo em torno de R$ 240 milhões a R$ 280 milhões, ficando o restante para uma segunda etapa”, explica.
Segundo Habib, com esse recurso inicial já seria possível construir os pavimentos principais. De acordo com ele, assim que o dinheiro for liberado seriam necessários cerca de seis meses para o início das obras. Depois disso, o tempo estimado para a execução completa da primeira fase do projeto estaria entre dois anos e meio e três anos. É o prazo estimado para a abertura da concorrência, avaliação de possíveis recursos e contratação da empresa responsável por tocar a empreitada.
À parte da tramitação licitatória, não há impeditivo para as obras começarem no que diz respeito à engenharia. O projeto executivo será entregue à medida que a construção for evoluindo. “Já terminamos a parte relacionada à arquitetura e iniciaremos a estrutural e de equipamentos, que está faltando”, afirma Habib. “Estimamos que em cerca de 180 dias todo o projeto executivo esteja concluído e a Unila possa receber, da Itaipu, todo o conjunto de projetos para a construção do seu campus”, ressalta.
Há pouco mais de um ano a Itaipu se colocou à disposição do MEC para coordenar a execução do projeto executivo da construção, de acordo com os desenhos do arquiteto Oscar Niemeyer. O ministério aceitou a ajuda e a binacional indicou a Superintendência de Engenharia para liderar o trabalho. A colaboração com o processo de licitação aconteceu de forma parecida.
Biblioteca já conta com recursos
O valor que o MEC em breve deve liberar para o início das obras da sede própria da Unila se somará aos 22 milhões de dólares (R$ 38,7 milhões) que já estão assegurados para a construção da Biblioteca Unila (Biunila). Parte do montante também deve ser empregado na aquisição de equipamentos e acervo do local, previsto no projeto de Niemeyer.
O valor foi obtido em julho de 2009 por meio de um financiamento concedido pelo Fundo Para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Para o exercício fiscal desse ano a Unila também conta com quase R$ 23 milhões, já concedidos pelo MEC. No entanto, esse dinheiro não vai para o canteiro de obras, mas para custeio próprio e investimentos iniciais em laboratórios e equipamentos.
Foz revê plano diretor
A estrutura provisória da Unila no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) já está pronta para o início das atividades da nova universidade. Contudo, algumas reformas ainda estão em andamento para que nada falte na hora de o giz riscar o quadro negro. É o que garante o diretor-superintendente da Fundação PTI, Juan Carlos Sotuyo. “Estamos fazendo ampliações que serão concluídas até agosto, como uma nova biblioteca e mais espaços para salas de aula e laboratórios”, afirma Sotuyo, na foto à esquerda.
Não apenas o PTI se prepara para o início das atividades da Unila. Foz do Iguaçu também. Segundo o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi, o município está “revendo seu plano diretor para que a vinda desse grande núcleo de formação educacional não seja prejudicada pelo improviso, sem reformulações tardias, que poderiam ser feitas antes”. De acordo com o prefeito, diversos setores da economia iguaçuense já estão se articulando, de olho nos milhares de estudantes que estão por vir. “A iniciativa privada está se estruturando para oferecer boas condições de alimentação, abastecimento e lazer”, destaca Mac Donald.
A formalização da criação da Unila foi obtida com a sanção do presidente Lula ao projeto que a instituía, na terça-feira (12), e a consequente publicação da Lei 12.189/2010, que a decreta, no Diário Oficial da União, na quarta-feira (13).
