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Com o apoio da Itaipu, Paraná ganha 1ª planta de hidrogênio
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24/07/2013

Foz do Iguaçu vai ganhar a primeira planta para a produção experimental de hidrogênio do Paraná e a segunda da região Sul do País. A estrutura começou a ser construída no início do mês, em uma área de 2 mil metros quadrados, dentro do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A expectativa é que a produção comece até o final do ano.

O projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, Eletrobras e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e foi desenvolvido com apoio do Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio (CENEH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Além da planta experimental, a parceria com a Eletrobras (assinada em outubro de 2011) já viabilizou a instalação do Núcleo de Pesquisa em Hidrogênio (NUPHI), também no PTI. Pesquisadores e bolsistas foram contratados para atuar no centro.

O coordenador brasileiro da Comissão Interna de Conservação de Energia (Cice), engenheiro Marcelo Miguel, da Itaipu, disse que os estudos vão possibilitar, no futuro, que a binacional aproveite a energia que hoje deixa de ser gerada pela água excedente do reservatório para abastecer uma grande central de produção de hidrogênio.

O mesmo modelo de produção poderá ser adotado por outras hidrelétricas do País, abrindo a possibilidade de novas unidades de negócio para o setor elétrico. “Com o hidrogênio, Itaipu evitaria o desperdício de água pelo vertedouro, poderia elevar em até 6% a sua eficiência energética e se tornar referência dentro sistema Eletrobras para a aplicação dessa tecnologia”, disse.

Os estudos desenvolvidos pelo Núcleo de Pesquisa em Hidrogênio (NUPHI) poderão ser testados na futura planta experimental – que terá 180 metros quadrados de construção. O principal equipamento da unidade, chamado de eletrolisador, foi comprado por meio de concorrência internacional e está em processo de fabricação pela empresa italiana H2Nitidor.

O equipamento permite produzir hidrogênio por meio da eletrólise, ou seja, a separação dos elementos químicos da água (hidrogênio e oxigênio).
O coordenador do Núcleo de Pesquisas em Hidrogênio (NUPHI), Ricardo José Ferracin, disse que o principal objetivo do centro é investigar o ciclo de vida do hidrogênio, envolvendo as etapas de produção, purificação, compressão, armazenamento, controle de qualidade, transporte e uso final em células a combustível e outras aplicações. Outra frente de pesquisa é a produção de hidrogênio a partir da criação de algas.

O centro também pretende promover a interação do hidrogênio com o Programa Veículo Elétrico (VE) – para abastecer com células de hidrogênio parte da frota de veículos elétricos de Itaipu. “O hidrogênio tem a perspectiva de se inserir na matriz energética [do Brasil] até 2050, sobretudo na área do transporte”, explicou Ferracin, que também é o responsável pela planta de produção experimental.

Além da H2Nitidor e da Hytron, empresa spin-off (termo utilizado para descrever uma empresa que nasceu a partir de um grupo de pesquisa) da Unicamp, o centro já fechou parcerias com instituições como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Nacional de Missiones (UNAM), da Argentina.

O hidrogênio é um elemento abundante na natureza, com alta densidade energética e isento do carbono – um dos responsáveis pelo chamado efeito estufa. Ou seja, trata-se de uma alternativa economicamente viável e ambientalmente correta. O potencial de aplicação é amplo. Armazenado em grandes cilindros, em forma de gás, ou em pequenas células de combustível, o hidrogênio pode gerar energia para abastecer residências e indústrias, veículos elétricos ou até mesmo ser utilizado como bateria de telefones celulares.