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Artesanato indígena faz sucesso na Suíça
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01/09/2009

Um grupo da aldeia do Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, está exportando peças de artesanato para a Europa. A maior parte dos integrantes é formada por mulheres. É a equidade de gênero transformando padrões de comportamento e melhorando a auto-estima da comunidade. Entre os produtos, há desde bolsas e colares até réplicas de animais. O negócio com a Europa foi intermediado pela Itaipu e a Gebana do Brasil e da Suíça.

 


Josefina e Fátima. Renda do artesanato reforça o orçamento doméstico
Os rostos são tímidos, mas as mãos são ligeiras. Elas torcem o bambu, esculpem a madeira, tecem a palha; movimentos que formam produtos e auto-estima. São bolsas de palha, colares de sementes, réplicas de animais e outras dezenas de peças de artesanato produzidos pelas índias da comunidade Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, a 35 quilômetros de Foz do Iguaçu.

 

O que se resumia a traços da cultura indígena agora faz sucesso também na Europa. De artesãs, essas mulheres viraram pequenas empresárias. Na semana passada, elas exportaram para a Suíça duas mil peças de artesanato. Um negócio intermediado pela Gebana, empresa suíça com sede no Brasil, que potencializa produtos de cooperativas e os vende na internet – tem também um estande no Parque Nacional do Iguaçu. Na Feira Vida Orgânica, em junho, os presidentes da Gebana no Brasil e na Suíça fecharam a parceria.
  


O trabalho é dividido igualmente entre homens e mulheres
O dinheiro chegou nesta segunda-feira. Cada artesão e artesã buscou sua parte no Centro de Nutrição e Artesanato da comunidade. Um reforço e tanto para a família de Josefina, de 36 anos de idade e quatro filhos para criar. As mãos rápidas lhe renderam R$ 1.100 na venda para os europeus. “Vou levar o dinheiro para a casa e comprar a comida para as crianças”, disse em sua voz tímida.

        
Para elas, é um grande reforço financeiro no final do mês. Ou mais que isso. As índias descobriram no artesanato um novo padrão de vida e comportamento. Elas tornaram-se independentes financeiramente e, em muito casos, são essas mulheres que comandam e organizam o orçamento da família.     

         
“As mulheres sempre tiveram um papel importante na família, mas elas nunca aparecem”, disse a gerente da Divisão de Ação Ambiental de Itaipu, Marlene Ortis. “Faz parte da cultura deles o homem aparecer e a mulher ficar nos bastidores”. Marlene acredita que, aos poucos, as mulheres começam a dar as caras e mostrar personalidade. Entre os artesãos, 70% são mulheres.
      
Cultura e renda    

Os artesãos e artesãs do Ocoy aprenderam a técnica em oficinas ministradas em parceria pelo Senai e Itaipu. A capacitação começou a ser feita em 2007, e agora o produto já chega à Europa. “A comunidade do Ocoy é muito pequena, não tem espaço para plantar e vender”, explicou o coordenador do Programa de Sustentabilidade Indígena de Itaipu, João Carlos Bernardes. “A saída foi investir no artesanato”.

                      
Segundo João Carlos, mais que um reforço financeiro, o artesanato significa um resgate da cultura. Muitos indígenas já estavam se esquecendo de como fazer as peças. Estão reaprendendo. A sustentabilidade da comunidade, explica, agora é feita com planejamento. Eles anotam todas as necessidades e obrigações para a aldeia continuar produzindo e existindo. E vão atrás.