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Energia
Aneel regulamenta geração distribuída
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14/01/2010

Tudo começou com a necessidade de preservar o reservatório e com a demanda dos próprios produtores rurais. Agora, o que era um caso isolado entre Itaipu, Copel e agricultores da região, se estende para todo o País. Com a regulamentação da Aneel, produtores poderão seguir o exemplo do que já acontece no Oeste do Paraná: gerar energia a partir de dejetos e vendê-la para as distribuidoras.

 

 
Biodigestores ajudam a garantir a proteção   ambiental do lago de Itaipu
Há quase cinco anos, a família Colombari, em São Miguel do Iguaçu, produz eletricidade a partir de dejetos suínos. Parte da energia é usada para alimentar o maquinário da propriedade; o excedente é vendido à Copel e incrementa a renda da família. Agora, o Brasil todo pode seguir o exemplo dos Colombari. No final de 2008, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a geração distribuída a partir do biogás e sua comercialização em todo o País.

        
Pela Resolução Normativa Aneel 390/2009, de 18 de dezembro do ano passado, qualquer distribuidora de energia elétrica pode fazer chamadas públicas para comprar eletricidade produzida por biodigestores. Seguindo as exigências da Aneel em relação à qualidade da energia, os produtores poderão enviar a eletricidade para a linha de distribuição, em vez de somente consumir.
     
“Pela primeira vez, a energia vai voltar a linha, seguindo o caminho oposto”, disse o coordenador de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Jr., ilustrando com a cena do relógio contador de energia girando ao contrário. Segundo Cícero, o Brasil possui uma imensa malha de transmissão de energia de valor incalculável que, até hoje, só distribuía a energia das grandes geradoras, como Itaipu. “Agora, os pequenos produtores podem gerar energia em qualquer parte do País”.
  
De acordo com Cícero, a regulamentação da Aneel vai beneficiar produtores rurais de praticamente todo o País. Cada região vai encontrar a sua vocação. Empresas de saneamento também podem utilizar os dejetos para gerar energia a partir de biodigestores. “O 2º maior custo das empresas de saneamento é a conta de energia elétrica. Elas sempre foram dependentes das distribuidoras e jogavam fora o biogás, que poderia ser gerado”.
  
O caso Colombari  

  

 
A venda de energia gerada nos biodigestores significa um avanço econômico, social e ambiental para os produtores rurais. O que era um projeto regional agora vale para todo o Brasil
A geração de energia a partir dos dejetos suínos na Granja São Pedro, dos Colombari, é pioneira no País. “Colombari representa a sociedade brasileira que pensa para frente”, diz Cícero. São mais de três mil suínos alojados, gerando dejetos que poderiam causar um grande passivo ambiental, como contaminar o reservatório de Itaipu. A segurança ambiental do lago de Itaipu foi o que motivou o início da parceria entre Itaipu, Copel e as propriedades rurais da região.

  
“Não poderíamos ser só Itaipu, por causa da distribuição de energia. Aí entrou a Copel”, conta Cícero. Em 2006, foi criado o Programa de Geração Distribuída com Saneamento Ambiental, com uma equipe de 50 técnicos. “Antes éramos exceção, mas agora a Aneel regulamentou para o Brasil todo”.
   
Cada suíno produz 10 litros de dejetos por dia; cada mil litros rende 1.360 litros de biogás, que geram 0,4 kWh de energia. Além da energia, a matéria orgânica produz fertilizantes, que são distribuídos nas lavouras e nas pastagens. “Usamos em sistema de rodízio nas pastagens e agora podemos ter um maior número de gados”, diz a produtora rural Eliane Columbari. A produção do biofertilizante representa a recuperação de de 85% do nitrogênio, 15% do fósforo e 43% do potássio do solo. E ainda tem o mercado de carbono.
            

De acordo com Eliane, os produtores rurais têm preocupação ambiental, mas precisam de incentivos para cuidar do meio ambiente. “A propriedade é nossa, nós temos que cuidar dela”, disse. A parceria com Copel e Itaipu permitiu a venda de energia elétrica ainda antes de ser regulamentado pela Aneel. “Estamos muito otimistas com esta regulamentação, pois traz melhorias para os produtores e incentiva as pessoas continuarem no campo”.