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Aldeia Tekohá Añetete ganha escola
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17/04/2009

Dentro das comemorações do Dia do Índio, celebrado no próximo domingo (19), foi inaugurada oficialmente nesta quinta-feira, 16, na aldeia Tekohá Añetete, em Diamante D’Oeste, a Escola Estadual Indígena Kuaa Mbo’e.  

 

 

A Itaipu Binacional, por meio do Programa de Sustentabilidade das Comunidades Indígenas, participou do processo de negociação com o governo do Estado para a construção da escola.

 

A nova unidade já atende, desde agosto de 2008, mais de 60 alunos, da educação infantil ao ensino fundamental bilíngue (português-guarani). “Antes mesmo de articular com o governo (estadual) temos trabalhado a base, a estruturação das comunidades indígenas da região, valorizando o aspecto cultural e as tradições, além do apoio à agricultura e a piscicultura nas aldeias. Isso possibilitou, como consequência, avançarmos também na área da educação”, analisou Jair Kotz, superintendente de Meio Ambiente de Itaipu.

 
A inauguração, da qual participou o governador em exercício, Orlando Pessuti, foi uma grande festa armada pelos índios, com apresentações culturais, rituais religiosos, danças típicas dos guaranis e depoimentos dos líderes da comunidade.

 

Durante a cerimônia, Pessuti ressaltou a importância do projeto do governo do estado que visa oresgate da cultura indígena com a construção de outras 16 escolas em reservas espalhadas pelo Paraná.

 

A escola Kuaa Mbo’e, que em guarani significa “Saber Ensinar”, tem cinco salas de aula, pátio coberto e capacidade para atender 350 alunos. Antes, a escola no prédio do Centro Cultural Ambiental, em uma única sala de aula. “Agora a unidade oferece condições ideais para o trabalho desenvolvido por alunos, professores e funcionários”, disse o diretor da unidade educacional, Jairo Bortolini.

 

O projeto da escola engloba ainda várias ferramentas pedagógicas, como laboratório de informática, com internet e TVs multimídia. As aulas respeitam a base educacional brasileira estipulada pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), mas também a cultura e tradição guarani, com dois professores que lecionam em Guarani.

 

Para o cacique João Alves, a escola é uma vitória para a comunidade indígena. “A educação de qualidade dos índios é fundamental para preservarmos nossa memória e para a sociedade aprender a respeitar nosso povo”, destacou.

 

Sustentabilidade, a meta de Itaipu

 

O Projeto de Sustentabilidade das Comunidades Avá-Guarani, desenvolvido pela Itaipu Binacional na região Oeste do Estado, visa permitir que as três comunidades indígenas - Tekoha Ocoy (São Miguel do Iguaçu), Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã (ambas em Diamante D’Oeste) - obtenham seu próprio sustento, sem perder o sentimento de identidade étnica e mantendo suas tradições.

 

Nessas três comunidades vivem hoje, numa área total de 2.236 hectares, cerca de 1.100 indígenas, que formam 210 famílias. A atuação de Itaipu se faz através das ações do Programa Cultivando Água Boa, desenvolvido pela empresa nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3.

 

“A questão indígena tornou-se prioridade entre as ações socioambientais da Itaipu Binacional, pela importância da cultura e da preservação da história do povo guarani. Neste contexto, o programa Cultivando Água Boa vem dando o suporte necessário para a aplicação dessas ações em linhas gerais”, diz o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich. 

 

O Projeto de Sustentabilidade Indígena conta com um comitê gestor, que possibilitou a Itaipu criar uma rede de parcerias com as comunidades indígenas e com todas as instituições que atuam direta ou indiretamente em favor dessas comunidades. O comitê, atualmente, conta com a participação do Ministério Público, Funasa, Funai, Ibama, Instituto Ambiental do Paranáp, Núcleo Regional de Educação, Assessoria indígena do Paraná, Sanepar e Copel, prefeituras de São Miguel do Iguaçu e de Diamante D’Oeste, pastorais da Criança e comunidades indígenas. 

 

Para Marlene Curtis, gerente da Divisão de Ação Ambiental de Itaipu, a questão indígena “é um desafio constante, exige um olhar mais atento à essência do modo de organização indígena, para além das aparências. É preciso tempo e abertura para buscar entender a civilização guarani sem preconceitos, respeitando suas particularidades”.

 

Por isso, segundo Marlene, as ações empreendidas visam, a longo prazo, garantir às comunidades as condições necessárias ao fortalecimento de sua autonomia sociocultural, respeitando a diversidade.   

 

Frentes de ação

 

As ações implementadas nas comunidades indígenas sustentam-se em quatro frentes: infraestrutura, fortalecimento da diversidade cultural, produção agropecuária, produção e comercialização do artesanato guarani.

 

Na parte estrutural, as aldeias receberam melhorias significativas nos últimos anos. Foram construídas 60 casas com rede elétrica, água e saneamento básico, conforme modelo de projeto aprovado pelos índios, respeitando a cultura e tradição guarani. As comunidades Ocoy e Añetete ganharam casas de reza. Também na Ocoy, foi construído o Centro de Nutrição e Artesanato Ocoy.  

Agricultura

 

O apoio financeiro e a orientação técnica na agricultura são fundamentais para a sustentabilidade das comunidades indígenas. Os índios receberam equipamentos para o cultivo em geral, mudas e sementes, além de animais. Um aspecto interessante é que  a produção agropecuária de alimentos respeita as tradições e costumes do povo indígena, tanto o  preparo do solo como o plantio com sementes tradicionais da etnia.

 

Os técnicos ambientais da Itaipu e de outras entidades parceiras auxiliaram a preparar 215 hectares de solo e a adequar 40.040 m² de estradas (cascalhamento). Foram repassadas ainda 1.790 mudas de frutíferas e sementes de leguminosas. Além disso, houve a assessoria técnica para o desenvolvimento do rebanho bovino, com apoio à produção de leite (5.650 litros destinados as famílias da comunidade Añetete).

 

Os índios tiveram também auxílio em atividades de colheita, recebendo 123.667 kg do milho amarelo debulhado na comunidade Itamarã e suporte à produção de peixes em tanques-redes. No Ocoy, foram produzidos 5.690 kg de pacus.

 

O cacique Simão, do Ocoy, diz estar satisfeito com a produção agrícola.  “Hoje toda a área de plantio está praticamente ocupada”, afirma, explicando que o trabalho melhorou depois que a aldeia ganhou um trator para substituir parte do trabalho braçal.

 

Artesanato

 

Sempre respeitando a diversidade cultural dos povos guaranis, foram oferecidos aos indígenas do Ocoy cursos de artesanato - cestaria, argila e madeira -, além de apoio para a produção e comercialização. E com a venda deste artesanato, no ano passado, os índios obtiveram R$ 13.011, que representou um complemento para a renda de muitas  famílias e também uma forma de fortalecimento cultural.
 

Conscientização pública

 

João Carlos Bernardes, da Divisão de Ação Ambiental de Itaipu, avalia o trabalho de sustentabilidade das comunidades indígenas como um processo de conscientização dos órgãos públicos e da sociedade, de maneira geral,  sobre a questão indígena.  “É um trabalho árduo que exige empenho diário de todos no sentido de resgatarmos o verdadeiro valor do povo guarani para a região e o continente. E a Itaipu, junto com vários parceiros, leva isso muito a sério, como uma de suas principais missões socioambientais, através de várias ações em benefício das comunidades como o apoio à agropecuária, ao artesanato histórico e cultural e à melhoria da infraestrutura das aldeias”, diz o técnico de Itaipu. 

 

Parceria

 

Em visita recente à comunidade do Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, Antonio Abreu, assessor para assuntos estratégicos do governo do Paraná, ratificou o interesse do Estado em ampliar o apoio às comunidades da costa Oeste e de outras regiões do Paraná, especialmente na área de segurança alimentar. “Precisamos ampliar e aperfeiçoar toda infraestrutura necessária, principalmente na parte da agricultura”, afirma, acrescentando que “as ações desenvolvidas por Itaipu e parceiros são exemplos que devem ser divulgadas e replicadas”.

 

Itaipu colabora com a Pastoral da Criança e a Funasa, fornecendo alimentos e logística para o atendimento médio mensal de 200 crianças e 110 acompanhantes no Programa de Nutrição Infantil. O resultado dessa ação é índice zero de mortalidade infantil nas três comunidades. A empresa também forneceu às comunidades mais de mil cestas básicas.