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Institucional
Samek defende Itaipu como modelo de integração
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04/12/2007

"Itaipu é a única obra do setor hidrelétrico brasileiro que não foi concebida originalmente pela Eletrobrás nem pelos órgãos de planejamento do setor. Sua gênese está associada à resolução definitiva de uma disputa de fronteira entre Brasil e Paraguai, que se arrastava desde o período colonial. A idéia de construir Itaipu, como um instrumento de desenvolvimento e integração, foi arquitetada pelas chancelarias brasileira e paraguaia. Portanto, antes de mais nada, Itaipu é uma obra exemplar de engenharia jurídica e diplomática que se tornou uma referência internacional e vem servindo de modelo para projetos binacionais em diversas partes do mundo".

 

Esta afirmação foi feita ontem (03/12), em Brasília, pelo diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, aos parlamentares brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios que integram a Comissão de Infra-estrutura, Transportes, Recursos Energéticos, Agricultura, Pecuária e Pesca, do Parlamento do Mercosul.

 

Convidado pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) para falar sobre a importância de Itaipu para a integração e o desenvolvimento regional, ele fez uma defesa veemente do modelo de parceria que resultou no aproveitamento conjunto do potencial hidráulico do Rio Paraná. Samek aproveitou para homenagear a memória do ex-ministro das Relações Exteriores Mário Gibson Barbosa, um dos principais artífices do Tratado, que morreu na semana passada.

 

"O indispensável num processo de integração é ter boa vontade. A construção de Itaipu foi algo extraordinário, sobretudo se considerarmos as enormes dificuldades políticas e financeiras enfrentadas. Quando o Tratado foi assinado, em 1973, a economia brasileira crescia a taxas só comparáveis hoje ao crescimento chinês. Sobreveio, então, no final dos anos 70, a segunda crise do petróleo, que abalou a economia mundial. Com a crise da dívida externa, em 1982, teve início a chamada década perdida, que provocou a explosão da inflação e a estagnação econômica em toda América Latina. Quando a primeira unidade geradora de Itaipu entrou em operação, em 1984, a economia brasileira estava parada e havia abundância de energia no mercado, situação que perduraria até meados da década de 90", relembrou Samek.

 

Diante de um cenário macroeconômico adverso, Itaipu acumulou pesadas dívidas, tendo que recorrer a sucessivas rolagens e reestruturações durante os primeiros 12 anos de operação. Somente em 1997 deu-se a renegociação definitiva da dívida. Seria necessário mais uma década, no entanto, para que a empresa binacional alcançasse uma situação de equilíbrio econômico-financeiro. "Desde 2005, estamos rigorosamente em dia com todos os nossos compromisso financeiros. Hoje, posso afirmar com absoluta convicção: até fevereiro de 2023, a dívida de Itaipu estará totalmente paga", declarou Samek.

 

Ele considerou desinformadas e mal-intencionadas as suspeitas levantadas por alguns críticos sobre a capacidade de pagamento da dívida dentro do prazo previsto no Tratado. Munido de planilhas sobre o saldos devedor e os desembolsos que deverão ser efetivados nos próximos 16 anos, o DGB apresentou aos representantes do Parlamento do Mercosul um cenário favorável para Itaipu. "Operamos com risco zero. Nossas máquinas não param. Os índices das nossas unidades geradoras estão acima dos padrões internacionais. Temos garantia de receita para cobrir os custos de exploração e todos os encargos financeiros", destacou Samek. 

 

O DGB aproveitou o encontro com os parlamentares do Mercosul para explicar o cálculo da tarifa de Itaipu. Ele demonstrou como o critério de repartição da energia adicional à potência contratada beneficia o Paraguai, em razão do tamanho do seu mercado, assegurando uma tarifa média comparativamente mais baixa. Em 2006, enquanto o custo médio da energia de Itaipu para o Brasil foi de 31,95 US$/MWh, para o Paraguai foi de 18,19 US$/MWh. 

 

Samek contestou a acusação de que a Eletrobrás paga um "valor irrisório" de US$ 2,72 o megawatt/hora pela energia cedida pelo Paraguai. Ele explicou que este valor representa, na verdade, um custo adicional. Trata-se de uma compensação ao Paraguai pela cessão do direito de aquisição de 50% da energia produzida por Itaipu. "A Eletrobrás paga a tarifa cheia, fixada com base no custo do servido de eletricidade, conforme estabelece o Tratado. É com esta receita que estamos pagando a dívida e os royaties. Itaipu vale hoje 60 bilhões de dólares. Paraguai e Brasil são co-proprietários desse valioso patrimônio", assinalou Samek.

 

Ele fez questão de lembrar que Itaipu continuará produzindo energia e riqueza por pelo menos mais 150 anos, constituindo-se um valioso instrumento para o desenvolvimento dos dois países. "A nossa usina parece nova. Está cada vez mais bonita. Isso é fruto de muito cuidado com a manutenção e investimentos em modernização tecnológica," concluiu. 

 

Na usina

 

Depois da reunião, os integrantes da Comissão de Infra-Estrutura do Parlamento do Mercosul acompanharam o DGB a Foz do Iguaçu, para uma visita especial à Itaipu, realizada nesta manhã.