A Itaipu recebeu o prêmio “Marco Internacional em Projetos de Barragem de Concreto” (International Milestone Concrete Dam Projects), concedido pelo Comitê Nacional Chinês de Grandes Barragens (Chincold) e pela Sociedade de Barragens dos Estados Unidos (USSD), em cerimônia realizada nesta quarta-feira (28), na cidade de Zhengzhou, na China. A entrega aconteceu durante o Simpósio Internacional sobre Tecnologias Modernas e Comportamento de Barragens a Longo Prazo (Symposium on Modern Technologies and Long-term Behavior of Dams), que acontece de terça (27) a quinta-feira (29).

A binacional foi representada pelo superintendente da Ouvidoria da Itaipu (OU.BR) e consultor da Diretoria Geral Brasileira, engenheiro Miguel Sória, e pelo gerente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura (ENC.DT), engenheiro Pedro Villalba. Ambos apresentaram uma breve palestra sobre o Projeto Itaipu e presentearam os organizadores do prêmio com um exemplar da versão em inglês do livro “Projeto Hidrelétrico de Itaipu – Aspectos de  Engenharia” (Itaipu Hydroelectric Projetc – Engineering Features).
  
O prêmio
  
Com a finalidade de resumir as grandes realizações em tecnologia de barragens de concreto e definir os marcos no campo de barragens, o Chincold e a USSD organizaram em conjunto o prêmio do Marco Internacional para Projetos de Barragens de Concreto, incluindo barragens em arco e de gravidade, mas excluindo barragens de concreto compactado com rolo (RCC dams).
     
Segundo Sória, os projetos considerados “marcos” são representativos das principais realizações em projetos de barragens e também as bases de novos projetos. Os prêmios do “Marco Internacional em Projetos de Barragem de  Concreto” são conferidos a barragens de concreto do mundo que satisfaçam os requisitos básicos, como inovação técnica em design, construção, operação e outros aspectos; bom desempenho após sua conclusão; substancial atenção dispensada à proteção ambiental e aos aspectos sociais durante as fases de construção e operação; e atenção dada à conscientização no que diz respeito a realizações técnicas e experiência avançada.
   
A Itaipu foi indicada para concorrer ao prêmio pelo Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), que representa a Icold no Brasil. As informações que permitiram a avaliação dos especialistas foram preparadas pela equipe da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura (ENCC.DT).
  
Finalistas
  
No total, treze barragens de concreto de diferentes países foram indicadas por vários Comitês Nacionais e especialistas internacionais no campo da engenharia de barragens.
  
A avaliação e seleção dos projetos indicados foram conduzidas pelo Grupo Especial de Experts, organizado conjuntamente pelo Chincold e pela USSD. As barragens que obtiverem mais de dois terços dos votos do Grupo Especial de Experts passaram para a fase final e foram confirmadas pelos presidentes da Icold, do Chincold e da USSD. A barragem de Itaipu foi então incluída entre as seis barragens de concreto da seguinte lista final (nomes acompanhados dos respectivos países e do ano de entrada em operação):
  
Barragens em arco:
Hoover (EUA, 1936),
Ertan (China, 1999),
Inguri (Georgia, 1980);
  
Barragens de gravidade:
Grande Dixence (Suíça, 1961),
Itaipu (Brasil e Paraguai, 1991),
Three Gorges (China, 2009).
  
Aos projetos aceitos foi entregue um certificado de “Marca” (Brand) e um “Certificado de Premiação” (Awarding Certificate), emitidos pelos presidentes da Icold, Chincold e USSD.
 
As diversas barragens da Itaipu
 
A barragem principal da Itaipu é de concreto, do tipo gravidade aliviada. Também são de concreto a estrutura de desvio (do tipo gravidade), as barragens de ligação e lateral direita (do tipo contrafortes), a casa de força e o vertedouro. Estas estruturas são o objeto da premiação na China, exclusiva para barragens de concreto.
  
Contudo, a Itaipu possui também uma barragem de enrocamento, duas barragens de terra (esquerda e direita) e o Dique de Hernandárias, que utilizaram rochas e substrato (terra) da própria escavação feita no local das obras. Durante a construção da estrutura de desvio foram também construídas duas ensecadeiras de concreto em arco, que depois foram demolidas para permitir a passagem do Rio Paraná pelo canal de desvio.
  
A barragem de Itaipu é, portanto, uma estrutura multicomposta (concreto, enrocamento e terra) que serve para represar a água e obter o desnível de 120 m (queda bruta nominal) que permite a operação das turbinas. Na parte superior da barragem principal estão situadas as tomadas de água, estruturas com comportas que permitem que a água, passando por elas e pelos condutos forçados, alcance a caixa espiral, onde faz a turbina girar.
  
A barragem da Itaipu tem 7.919 metros de extensão e altura máxima de 196 metros na barragem principal de concreto, o que equivale a um prédio de 65 andares. Consumiu 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto, enquanto o ferro e o aço utilizados permitiriam a construção de 380 torres Eiffel, dimensões que transformaram a usina em referência nos estudos de concreto e na segurança de barragens.
    
Visitas técnicas na China
  
Os engenheiros Miguel Sória, Pedro Villalba e Celso Novais (que se juntou ao grupo após ter participado de outro evento na China) farão visita técnica ao Dique do Rio Amarelo, aos Laboratórios e Exposição Digital do Rio Amarelo e ao Museu do Rio Amarelo, que são instalações existentes na cidade de Zhengzhou, sede do evento.
  
Após o simpósio começará uma viagem de estudos à usina de Três Gargantas, no Rio Changjiang, com 22.400 MW de potência instalada e 181 m de altura; à usina de Geheyan, no rio Qingjiang, barragem de gravidade de concreto em arco, com 1.200 MW de potência e 151 m de altura; e à usina de Shuibuya, também sobre o rio Qingjiang, com 1.840 MW de potência e 233 m de altura.
  
Itaipu e Três Gargantas
  
Três Gargantas e Itaipu possuem, respectivamente, 22.400 MW e 14.000 MW de potência instalada – o que equivale dizer que, em termos de potencial de geração de energia elétrica, Itaipu é um terço menor que Três Gargantas. 
   
Contudo, a binacional teve uma produção anual média de 93,6 mil MWh nos últimos três anos, enquanto que, no mesmo período, Três Gargantas alcançou a média 81,5 mil MWh. Ou seja, Itaipu produziu aproximadamente 15% mais energia elétrica do que Três Gargantas. A diferença chega próxima de 12% quando se compara os recordes de produção de Itaipu (94,7 mil MWh em 2008) e de Três Gargantas (84,4 mil MWh em 2010)
  
Segundo Sória, isso ocorre basicamente pelos seguintes fatores: o regime hidrológico favorável do Rio Paraná; a regularização do fluxo a montante na Região Hidrográfica do Paraná; e ao fato de que Três Gargantas prioriza o controle de cheias, em detrimento da geração de energia.
   
Desse modo, de acordo com o engenheiro, supostamente a usina chinesa dificilmente superará a de Itaipu em geração anual de energia, questão primordial quando se trata de hidreletricidade. Essa condição faz com que Itaipu seja, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia.
  
Mais informações no site:
http://www.chincold.org.cn/chincold/zt/dams/a271222index_1.htm [1]