Uma mesa-redonda com especialistas em responsabilidade socioambiental marcou, nesta terça-feira (19), o lançamento dos Relatórios de Sustentabilidade 2010 da Itaipu e da Eletrobras. O Seminário Relatório de Sustentabilidade – Indicadores, Estratégia e Oportunidade teve como objetivo promover um debate sobre as contribuições que o processo de elaboração de relatórios e o próprio documento trazem para as empresas.
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, o diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o diretor-presidente da Eletrosul em exercício, Antônio Waldir Vituri, participaram do lançamento.
Os debates reuniram ainda a coordenadora das atividades da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, Gláucia Térreo; o gerente de Responsabilidade Social da Petrobras e presidente do Comitê Brasileiro do Pacto Global da ONU, Luiz Fernando Nery; a diretoria de Sustentabilidade da BM&F Bovespa, Sônia Favaretto; e o diretor da empresa The Media Group, Roberto Gonzalez. Heloisa Covolan, assessora de Responsabilidade Social da Itaipu, e Luiz Augusto Figueira, coordenador do Comitê de Sustentabilidade do Sistema Eletrobras, também participaram da mesa.
Ao apresentar o relatório da Eletrobras, Carvalho Neto falou sobre a importância de aplicar os temas da sustentabilidade a todas as atividades e processos das empresas da holding. “As empresas não podem mais se preocupar apenas com os aspectos econômicos; elas têm que se preocupar com aspectos sociais e ambientais. Esse tripé deve ser comandado por uma governança corporativa realmente efetiva, e o Relatório de Sustentabilidade é uma ferramenta valiosa nesse processo”, disse.
Segundo Jorge Samek, a expectativa é que, no próximo ano, a Itaipu possa lançar um relatório unificado das margens esquerda e direita. “Não podemos ter medo das críticas. Todos temos pontos a melhorar, mas temos que mostrar o que temos de bom e ter formas de acompanhar o desenvolvimento. Só assim cumpriremos nosso compromisso com a sustentabilidade do planeta”, disse o diretor.
Empresa como um todo
Tido como um instrumento essencial na boa gestão das empresas, o Relatório de Sustentabilidade é mais do que uma peça de comunicação que simplesmente informa o que está sendo feito. Segundo Heloisa Covolan, o relatório “é um instrumento que reúne os diversos públicos com que uma empresa se relaciona para estabelecer o que deve ser analisado e divulgado. Ele possibilita uma reflexão a respeito do que está sendo feito na empresa e o que pode ser melhorado”, explica.
Gláucia Térreo, da GRI, iniciativa global que estabelece diretrizes para a produção dos relatórios de sustentabilidade de acordo com o Pacto Global da ONU, coloca esse tipo de publicação como uma forma de ver a empresa como um todo. “As empresas são como icebergs, nas quais os relatórios financeiros representam a parte que fica acima da água. O relatório de sustentabilidade é tudo o mais, é toda a relação da empresa com os diversos públicos internos e externos”, explicou. “O relatório de sustentabilidade é, na verdade, uma forma de a empresa se ver como um todo e fazer uma gestão que beneficie não apenas a ela própria, mas ao planeta”, completou.
Transparência e qualidade da gestão são conceitos-chave para a elaboração de um relatório de sustentabilidade. “O primeiro relatório que uma empresa faz é um diagnóstico, uma radiografia de como a sustentabilidade se apresenta naquela empresa. Ao ver essa radiografia, você vê o que deve ser feito para melhorar, que atitudes a gestão deve tomar para que o próximo raio X seja melhor do que esse”, explicou Roberto Gonzalez, do The Media Group.
Representando a BM&F Bovespa, responsável pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e que lançou recentemente o programa Em Boa Companhia – que aborda a sustentabilidade em relação ao mercado de capitais –, Sônia Favaretto falou da importância dos Relatórios de Sustentabilidade para os investidores. “A demanda por informações que vão além da parte financeira das empresas está cada vez maior. Por isso, incentivamos cada vez mais a publicação dos relatórios. É uma forma de aumentar a transparência das empresas”, avaliou.
Presidente do Pacto Global no Brasil, Luiz Fernando Nery falou dos objetivos da instituição, que incluem a melhoria da gestão das organizações com foco em meio ambiente, direito do trabalho, direitos humanos e combate à corrupção, e sobre o Relatório de Sustentabilidade da Petrobras, um dos pioneiros do País e considerado referência.
“Na Petrobras, temos o Relatório de Sustentabilidade como um documento de referência, uma ferramenta de gestão. Após a publicação, fazemos nosso mapa de vulnerabilidades, ou seja, os gaps entre o que apresentamos naquele ano, o que nossos stakeholders esperam da empresa e o que consideramos o ‘estado da arte’ em cada área. O grande valor do relatório não é apenas relatar, é dar conhecimento, porque às vezes a organização, em especial as maiores, não sabe em que estágio está em determinados campos”, disse Nery.
Relatórios
O Relatório de Sustentabilidade 2010 da Itaipu é o oitavo que a empresa publica, sendo o quarto elaborado de acordo com as diretrizes da GRI. Este ano, além de ouvir o público interno para definir o conteúdo do relatório, pela primeira vez participaram representantes externos, como especialistas em sustentabilidade, acadêmicos, fornecedores e parceiros da Itaipu.
Pelo terceiro ano consecutivo a publicação conquistou o nível A+ da GRI. Assim como os demais relatórios da Itaipu, este passou por uma auditoria externa, realizada pela empresa KPMG.
Já a Eletrobras está produzindo pela terceira vez o seu relatório, que traz informações consolidadas de todas as empresas que formam a holding. Seguindo as diretrizes da GRI, pela primeira vez foi realizada uma pesquisa com os públicos de interesse de todas as empresas do grupo Eletrobras, para levantamento dos itens que eles esperavam ver monitorados e reportados na publicação. O Relatório de Sustentabilidade da Eletrobras é auditado pela PriceWaterhouseCoopers.
