A Itaipu Binacional acaba de concluir, com sucesso, a migração de 90 sistemas corporativos de missão crítica de uma plataforma mainframe, em atividade há 15 anos, para Unix. A transferência durou 16 meses, e envolveu dados vitais para a atividade da hidrelétrica responsável pela geração de mais de 20% da energia elétrica consumida no Brasil e 90% do Paraguai. A experiência será apresentada ao público da 3ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware), entre 16 e 17 de novembro, em Foz do Iguaçu.
A substituição da máquina obsoleta produziu economia de tempo e dinheiro. A empresa comemora a redução drástica dos gastos com manutenção, de US$ 600 mil para US$ 50 mil anuais, enquanto os funcionários cumprem tarefas com mais agilidade. O fechamento da folha de pagamento da usina, que levava duas horas e meia para ser feito e impresso, agora consome não mais do que 30 minutos. "O destino do nosso mainframe, daqui em diante, é o museu. E desligado, pra não dar mais despesa", brinca Marli Portella, CIO de Itaipu.
Migração
A migração ocorreu sem imprevistos, sempre durante finais de semana e feriados. Com isso, o número de paralisações e o tempo de indisponibilidade dos sistemas foram os menores possíveis. Um erro poderia dificultar a gestão da manutenção e operação da usina. Só a IBM ministrou seis cursos em que os técnicos de Itaipu aprenderam a operar a nova máquina. "Foi como transferir passageiros de um avião para outro em pleno vôo", compara Marli, ressaltando a complexidade da tarefa.
Antes de entrar no ar, cada sistema migrado foi testado por uma equipe de desenvolvimento e submetido à homologação por um grupo de usuários de cada sistema, que se empenharam em detectar falhas. Um dos desafios ao corpo técnico foi promover a migração do mainframe simultaneamente à implantação de uma solução de ERP, da SAP, para toda a área de finanças e logística da usina. A transferência de sistemas também teve de considerar as exigências da lei Sarbanes-Oxley (SOX).
Software livre - Na migração, foi usado como emulador de terminal do Unix o software livre Putty, evitando assim a aquisição de 600 licenças proprietárias, o que gerou uma economia extra de US$ 240 mil para a empresa.
Latinoware - Itaipu Binacional e a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) promovem a 3ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware), um dos maiores eventos internacionais voltado ao desenvolvimento de softwares livres. O evento, que acontece no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), vai abrir espaço para discussões e reflexões sobre o tema "Software Livre na América Latina". Os organizadores aguardam a participação de cerca de 1,2 mil pessoas, entre profissionais da área, professores, universitários, técnicos, engenheiros e pesquisadores.
