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Itaipu abre sigilos para estelionatário provar “caixa 2”. Foi o fim da fantasia
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24/05/2006

Acusado de liderar uma quadrilha de estelionatários, o “empresário” Laércio Pedroso, preso na terça-feira de manhã no Aeroporto Afonso Pena, quando embarcava para Brasília, ficou duas horas no Escritório da Itaipu, em Curitiba, para tentar provar sua tese de que existe um “caixa 2” na empresa binacional. Por ordem da Polícia Federal, Itaipu permitiu que Pedroso tivesse acesso a todo o sistema de controle financeiro da Itaipu.

 

Na presença dos agentes da Polícia Federal, comandados pelo delegado   Fernando Destito Francischini, do procurador da República no Paraná, João Gualberto, de diretores e empregados da Itaipu, além de jornalistas da imprensa estadual e nacional, o estelionatário acessou todos os documentos que pediu, mas não conseguiu apontar nenhuma irregularidade. E acabou voltando com os agentes da PF da mesma forma como entrou no escritório: algemado.

 

Para o delegado Francischini, todas as facilidades dadas a Laércio Pedroso para comprovar sua teoria de “caixa 2” - o que incluiu a busca e apreensão de documentos, a quebra de sigilos e de senhas de Itaipu - foi para “não deixar que fique pairando qualquer dúvida sobre um órgão público”.

 

Em outras empresas

 

A Operação Castores está sendo desenvolvida em empresas do setor elétrico (além de Itaipu, Furnas, Eletrosul e Eletronorte), a partir de denúncias feitas por Itaipu, de que a quadrilha comandada por Laércio Pedroso estaria usando documentos e falsas informações para lesar empresas que prestaram serviços à binacional, sob a alegação de que teriam dívidas em haver.

 

O estelionatário, que trabalhou em Itaipu até 1992, já havia sido denunciado na época pelo então diretor-geral brasileiro, Francisco Gomide, e, anos mais tarde, persistindo em sua ação criminosa, foi novamente denunciado pelo sucessor de Gomide, Euclides Scalco.

 

Mesmo assim, além de continuar a praticar golpes, Pedroso foi utilizado como “fonte” de uma reportagem da revista IstoÉ sobre a existência de um “caixa 2” em Itaipu, o que motivou nova ação contra ele por parte da binacional, que também obteve na Justiça o Direito de Resposta pela revista, obrigada a desmentir-se.

 

Golpes em andamento

 

Durante a Operação Castores, a Polícia Federal revelou que estava em andamento, por parte da quadrilha, um plano para utilizar um esquema semelhante ao adotado no caso de Itaipu em outras empresas do setor elétrico, tendo como alvos também as prestadoras de serviços e fornecedoras de materiais.

 

Além de Laércio Pedroso, a Polícia Federal anunciou a prisão ou detenção de outros envolvidos, direta ou indiretamente, no esquema da quadrilha. Em São Paulo, foram presas três pessoas suspeitas de envolvimento com a organização criminosa que agia contra empresas do setor elétrico. Foram apreendidos R$ 190.000,00, armas antigas e farta documentação relacionada com as negociações entre os suspeitos e a Usina de Itaipu. No total, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na capital paulista.

 

A lista da Polícia Federal

 

Segundo a Polícia Federal, foram presos:

Laércio Pedroso: ex-funcionário de nível técnico da Diretoria Financeira da Itaipu Binacional até 1992. Foi forçado a entrar no Plano de Demissão Voluntária (PDV), porque a empresa descobriu que ele tinha falsificado documentos de gasto com tratamento odontológico para obter reembolso do plano de saúde oferecido pela empresa. A direção da Itaipu também descobriu que ele já tinha falsificado assinatura do ex- diretor financeiro da empresa e ex-ministro das Minas e Energia do governo FHC Francisco Gomide.

Oswaldo Panzarini: ex-cordenador-geral do consórcio Ceitaipu, formado por 16 grandes empresas e coordenado pela Alston Power, responsável pela construção das duas últimas turbinas da companhia de energia.

Luiz Geraldo Tourinho Costa: engenheiro e ex-diretor da Esko Elétrica Ltda., fornecedora de componentes elétricos para a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). Sócio do Laerte Pedroso na CAA Consultores.

José Roberto Paquier: assessor parlamentar do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e um dos contatos de Laércio Pedroso para atuar na Eletronorte.

Luiz Carlos Dias da Silveira, o Lito: advogado em São Paulo, trabalhava para uma das transportadoras que prestou serviços à Itaipu Binacional há 22 anos.

José Della Volpe: diretor da transportadora Transpesa Della Volpe, de São Paulo, antiga participante dos consórcios de transportadoras da Itaipu.

 

A Polícia Federal considera ainda que Michael Popow Nosikow está foragido. Ex-conselheiro do Consórcio Itaipu Binacional, ele era representante do governo paraguaio na hidrelétrica. Por ser estrangeiro, a PF não tem poderes para prender o paraguaio sem a tramitação do pedido formal ao país vizinho.