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Inspiração literária: escritor português Valter Hugo Mãe visita a usina de Itaipu
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05/09/2019

Quando um escritor apaixonado pela cultura brasileira conhece uma das obras mais imponentes do País, a definição que ele faz só poderia ser poética. “Dez mil homens construíram algo tão poderoso que passou a independer da ação humana. É um gigante que possui vida própria, e, a qualquer momento, parece que irá se levantar daqui”. Foi dessa forma que o autor português Valter Hugo Mãe, 47, se expressou ao falar sobre a Itaipu Binacional, durante uma visita panorâmica feita nesta quinta-feira (05).


Valter Hugo Mãe, em frente ao Mirante do Vertedouro. Foto: Sara Cheida.

Mãe é um dos escritores mais importantes da Língua Portuguesa e veio ao município pela primeira vez para ministrar uma palestra na Universidade Federal Latino-America (Unila), participar do aniversário de 56 anos da Biblioteca Municipal, na Fundação Cultural, e conhecer os atrativos turísticos da cidade.

Segundo ele, a vinda à usina despertou novos sentimentos e impressões sobre o mundo. O ambiente da obra foi comparado aos cenários contemplativos, poéticos, naturais e tecnológicos do cineasta russo Andrei Tarkovski. “Sabemos que a obra foi construída por homens, e isso a deixa mais humana. Ao mesmo tempo, as instalações lembram as de uma instalação espacial. Poderia facilmente ser uma daquelas obras feitas por alienígenas, sabe?”, brinca.

Assim como na filmografia de Tarkovski, o autor português também busca representar a natureza humana no seu estado mais puro em suas obras literárias, que variam entre poesias, romances, contos e obras infantis. Para ele, essas relações interpessoais são as grandes marcas da própria história de Itaipu. “A usina representa uma relação de forças entre homem e máquina. A todo instante um está querendo exercer o domínio sob o outro. Também mantemos essa relação todos os dias”.

Relação com o Brasil

Embora essa seja sua primeira visita a Foz do Iguaçu, essa não é, nem de longe, a primeira vez que ele vem ao Brasil. Valter Hugo Mãe se define como um apaixonado pela cultura brasileira e já esteve no País mais de 40 vezes. Quando perguntado sobre seu maior ídolo, rapidamente responde: Elza Soares. Na estante de inspirações também guarda Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e outro clássico da cultura nacional: as telenovelas. A primeira delas é "Gabriela", adaptada do romance de Jorge Amado, escritor que também é referência para Mãe.

“Eu cresci em um momento quando Portugal recebia muitas influências do Brasil. Víamos todo aquele contexto cultural e era impossível escapar. O tempo foi passando, e eu fiquei ainda mais fascinado”, analisa.

Outra característica interessante do escritor é formação da nacionalidade. Apesar de ter nascido em Angola, mudou-se ainda criança para Paços Ferreira, em Portugal. Para ele, isso contribuiu ainda mais para a sua formação. “Vejo Angola como uma pátria mãe, mas sou profundamente português – o que não me impede de também ser culturalmente brasileiro.” 

A passagem de Mãe pelo Brasil vai até o dia 14 de setembro. O roteiro ainda inclui a participação na Balada Literária, em São Paulo.