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Meio Ambiente
Reprodução de louro-pardo no Refúgio Biológico
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09/04/2008

Uma florzinha é objeto de estudos dos pesquisadores do Refúgio Biológico Boa Vista. É a flor do louro-pardo (Cordia tricotoma), uma espécie arbórea bastante comum na região. Há algumas semanas, o técnico Jorge Borges dos Santos e a equipe responsável pela produção de mudas do refúgio coletaram amostras desta espécie para observar a relação de tamanho entre os órgãos reprodutivos – antera (masculino) e estigma (feminino). O estudo visa entender a reprodução desta espécie e será importante para ações voltadas a sua conservação.

 


Pesquisadores buscam entender se as plantas
podem ou não se autofecundar
A pesquisa está na primeira fase. Observando o tamanho dos órgãos reprodutivos, os pesquisadores buscam entender se as plantas podem ou não se autofecundar. Explica-se: como as plantas possuem os dois órgãos reprodutivos, masculino e feminino (veja foto abaixo), algumas espécies acabam fecundando a si próprias.

 

Esta forma de fecundação, embora útil em alguns casos, enfraquece a herança genética de uma espécie e a sua capacidade de adaptação às mudanças ambientais. A título de comparação, é como se dois animais de uma mesma ninhada (irmãos) cruzassem entre si, gerando filhotes defeituosos.

 

Por isso, algumas espécies criam mecanismos para impedir a autofecundação (ou autopolinização), e uma dessas formas é controlando a altura dos órgãos reprodutivos – daí a importância de estudar o tamanho de anteras e estigmas. Segundo a engenheira florestal do Refúgio Biológico, Veridiana Costa Pereira (foto abaixo), é possivel que o controle da autofecundação ocorra também no louro-pardo.

 

“Estamos ainda na primeira fase dos estudos, apenas observando o tamanho dos órgãos reprodutivos das flores de nosso material”, resumiu. O trabalho deve ser parte da tese de conclusão de curso da estagiária do Laboratório de Sementes Patrícia Batista.

 

Este fenômeno já foi registrado em um “primo” do louro-pardo, o louro-freijó (Cordia alliodora), natural da Amazônia. Nesta planta foi observado que quando as anteras são menores que o estigma dificilmente ocorre a autopolinização. A hipótese é que o pólen que sai das anteras tenha uma maior dificuldade para alcançar e fecundar o estigma localizado mais acima. A partir desta observação, a atenção se voltou ao louro-pardo, uma espécie bastante representativa da flora de nossa região. “Pretendemos entender se este mesmo fenômeno ocorre com o louro-pardo”, explicou Veridiana.

 

Poupança genética

 

O louro-pardo é uma árvore de médio porte com flores brancas que se escurecem com o passar do tempo – daí o nome “pardo”. A espécie é uma das 14 nativas da região que foram plantadas no Banco de Germoplasma do Refúgio Biológico, em 1992. Naquela época, a preocupação foi preservar as informações genéticas dessas espécies então isoladas em pequenos fragmentos florestais. Para isso, foram coletadas sementes de 30 árvores de cada uma das 14 espécies. As sementes destas matrizes foram então plantadas em seis áreas dentro do refúgio, os tais bancos, que atualmente servem como reservas de sementes.

 

Além de guardar informações genéticas importantes para pesquisas, o banco de germoplasma fornece sementes de alta variabilidade genética. Dessas sementes se produzem mudas utilizadas na recomposição florestal das áreas protegidas de Itaipu e de propriedades rurais nas microbacias da BP3, através do programa Cultivando Água Boa.

 

“No banco, as atuais árvores guardam as informações genéticas de plantas que antigamente se encontravam nos fragmentos e talvez nem existam mais”, informou Veridiana. Em fases posteriores do estudo, como se conhece todas as informações da ascendência do louro-pardo, os pesquisadores poderão fazer comparações entre os dados desta pequena florzinha e os das antigas árvore que povoavam a região.