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Meio Ambiente
Racionalizando a produção: sustentabilidade e proteção ambiental
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14/11/2006

Depois de mais um ano de trabalho, milhares de famílias empenhadas na recuperação ambiental de 29 microbacias hidrográficas – uma por município da Bacia Paraná III – vão se reunir em Foz do Iguaçu, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, no III Encontro Cultivando Água Boa, com o objetivo de  avaliar as ações realizadas e os resultados alcançados e definir metas para 2007. Novos convênios para execução de obras de correção de passivos ambientais e construção da sustentabilidade em microbacias ainda não trabalhadas serão assinados.

 

Os dados de 2006 possibilitam uma visão geral dos resultados alcançados pelo Cultivando Água Boa, programa socioambiental da Itaipu e seus parceiros - municípios, organizações comunitárias, instituições públicas e privadas - na fase de implantação da metodologia de trabalho e consolidação dos primeiros resultados concretos. Na primeira quinzena de novembro, aproximadamente 1.500 representantes  de comunidades, organizações não governamentais e municípios participaram de 11 reuniões regionais preparatórias do III Encontro, avaliando conquistas alcançadas, dificuldades a serem superadas e as estratégias para atingir as metas. 

  

Agenda 21 do Pedaço

 

Desde 2003, inúmeras obras físicas fundamentais para recuperação e preservação ambiental foram concluídas em todos os municípios da BP III. Realizadas conjuntamente pelos próprios moradores, prefeituras, cooperativas, empresas e Itaipu, tais obras permitiram uma visível melhoria na qualidade das águas de muitos rios e riachos. 

 

Para decidir as ações prioritárias, as lideranças das comunidades beneficiadas motivaram, mobilizaram e envolveram 1.247 parceiros. Organizados em 29 comitês gestores, integrantes das comunidades, representantes de órgãos públicos, entidades, instituições e diretores da Itaipu assinaram 25 Cartas do Pacto das Águas, comprometendo-se a proteger a águas do lixo, das enxurradas, da descarga dos efluentes de pocilgas, currais e aviários, e reduzir ou eliminar o uso de agrotóxicos. 

 

A articulação concretiza a proposta de cumprir, nas microbacias onde o Cultivando Água Boa foi iniciado, as recomendações ambientais das Nações Unidas e de outros organismos mundiais para este século, como as contidas na Agenda 21, nas Metas do Milênio, na Carta da Terra e nas diretrizes da Conferência Nacional sobre o Meio Ambiente. Nesse sentido, o Cultivando Água Boa é a Agenda 21 do Pedaço - a Bacia do Paraná III.  

 

Oficinas do Futuro

 

Um dos pilares do Cultivando Água Boa Esta é a gestão participativa, pela qual cada comunidade assume, democraticamente, a responsabilidade de cuidar,  ela mesma, da sua natureza, do seu ambiente, buscando os rumos mais adequados para a sustentabilidade de suas atividades econômicas. 

 

Para alcançar esse objetivo, realizaram-se 81 encontros denominados Oficinas do Futuro, método educativo que se dá em três momentos:

Muro das Lamentações: a comunidade identifica (e lamenta) os problemas ambientais do lugar onde vive;

Árvore da Esperança: a comunidade aponta caminhos para a realização de seu sonho de um meio ambiente sadio e preservado;

Caminho Adiante: a comunidade define as ações a executar para o sonho, a esperança se tornar realidade.

As Oficinas do Futuro resultam na Carta do Pacto das Águas, documento que lista os problemas e as soluções a serem assumidas pela comunidade de cada microbacia.

 

Readequação das estradas

 

Decisivas para produção e própria vida dos moradores, as estradas rurais estão sendo transformadas nas microbacias trabalhadas. Beneficiando diretamente mais de 2.000 propriedades da BP III, 216 quilômetros de estradas rurais, que antes favoreciam as enxurradas e o assoreamento dos cursos d'água, passaram por completa readequação. Sob orientação técnica, estas vias fundamentais foram realocadas e reconstruídas, com o leito elevado, encascalhadas e protegidas por centenas de caixas de retenção de água, eliminando as enxurradas que assoreavam os rios e riachos. 

 

Conservação dos solos e das água

 

Com o mesmo propósito – controlar a erosão do solo, retendo água nas lavouras e reduzindo a força das enxurradas, que afetam rios e riachos 1.703 hectares de lavouras foram conservados nesta etapa. Terraços de base larga, que não dificultam a operação das máquinas, retém a água das chuvas, evitando as perdas de solo, de fertilizantes e sementes. "Manter a água da chuva sobre a lavoura é vital para garantir a produtividade, a colheita com qualidade e quantidade, a continuidade da produção e a capacidade de resposta econômica que viabiliza o empreendimento rural", diz Nelton Friedrich, diretor de Coordenação de Itaipu, setor da empresa responsável pelo Cultivando Água Boa.

 

O insumo da vida

 

Nelton Friedrich aponta que, para produzir 1 quilo de grãos utilizando algumas gramas de fertilizantes químicos, em dois ou três metros quadrados de lavoura, são necessários 4 mil litros de água. E para cada quilo de carne que chega à mesa do consumidor são empregados, em média, 10 mil litros."A água é, portanto, o mais importante insumo da produção agropecuária e da manutenção da vida na Terra", assinala Friedrich. 

   

Plantio Direto na Palha

 

Avançando na racionalização das lavouras de grãos – buscando, além de  eliminar a erosão, reduzir custos e elevar a produtividade –, 937 agricultores e técnicos receberam treinamento em Plantio Direto na Palha e Rotação de Culturas, conhecendo alternativas para eliminar o uso de agrotóxicos. Além da economia de combustíveis e redução de desgaste das máquinas, o produtor Normélio Rosa, que vive e trabalha na divisa dos municípios de Missal e Santa Helena, alcançou, com o adequado manejo de plantios para cobertura de solos, "excelentes resultados na redução do uso de herbicidas", segundo ele mesmo atesta. 

 

Sem arar suas terras desde 1994, quando conheceu a tecnologia do plantio direto sobre a palha, o material orgânico da cultura anterior, Normélio lembra que "no Projeto Itaipu/Iapar, com rotação de culturas e adubação verde, no primeiro ano já usava 30% menos herbicidas, no segundo ano chegou a 50%, mas poderia chegar a 70%."  

 

 "Não há erosão; se escorre, é água limpa..."

 

Ele afirma que o plantio direto reduz significativamente o consumo de combustível e o desgaste de máquinas, utilizadas apenas para aplicar herbicidas e plantar, não mais para revolver a terra.   "A mecanização reduz bastante com o Plantio Direto", garante  Normélio Rosa. "Quando utilizava o sistema convencional, com aração e gradagens, um trato com 8 ou 10 anos estava surrado. Hoje tenho um trator com 5 anos e apenas mil horas de trabalho, inteiramente conservado. Não há erosão, e quando escorre água das lavouras sobre a cobertura de palha, é água limpa, sem terra nenhuma." 

 

Plantio Direto com Qualidade

 

No III Encontro Cultivando Água Boa, às 19 horas do dia 30 de novembro, será lançado o livro "Plantio Direto com Qualidade", produzido por técnicos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e da Itaipu, com apresentação dos resultados de cinco anos de pesquisas e experiências por eles desenvolvidas na região do reservatório da hidrelétrica.