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População não tem motivo para temer a barragem de Itaipu
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18/11/2015

O rompimento de duas barragens de resíduos de mineração em Minas Gerais reacendeu as discussões sobre a segurança destas estruturas no País, mas a população não precisa temer este tipo de problema na Itaipu. A avaliação é do doutor em Engenharia Civil, José Marques Filho, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto.

“Não há motivo algum para preocupação com Itaipu”, afirmou o especialista, também coordenador da Comissão de Concreto do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) e atuante em mais de 30 empreendimentos de geração de energia. Nesta semana, ele está na usina para ministrar um curso sobre segurança de barragens, direcionado a 25 técnicos de Itaipu. O treinamento começou na segunda-feira (16) e encerra nesta quarta (18).

Para ele, a combinação de três fatores – projeto, obra e monitoramento bem feitos – faz com que o risco em Itaipu seja considerada mínimo, apesar de sua dimensão gigantesca. E a própria grandeza da usina contribui para que ela seja superprotegida e tenha esse monitoramento constante. “Uma obra deste porte tem importância monstruosa, do ponto de vista econômico e de responsabilidade com as pessoas do entorno. Imagine ter um problema na usina que contribui com quase 17% do consumo de energia do País? Seria desastroso”, reflete.

Estas razões fizeram com que Itaipu tenha sido uma obra que nasceu segura, com um controle de qualidade intenso. “Conheci os profissionais que atuaram neste controle e todos de ilibada responsabilidade. Não tinha essa de deixar para fazer depois."

Hoje, Itaipu conta com mais de 2.500 instrumentos para acompanhar o comportamento das estruturas de concreto e da fundação das suas barragens (a de concreto é uma delas, mas o complexo inclui barragens de enrocamento - pedra - e terra), além de 5.295 drenos e do próprio vertedouro, com capacidade para vazão de 60 mil metros cúbicos por segundo. O controle contribui para a robustez do empreendimento.

Num cenário imaginado, no qual todos os seres humanos desaparecem do mundo, ainda assim a barragem abandonada suportaria algumas dezenas de anos. “Só depois de uns 100 a 120 anos é que ela viria abaixo”, previu.

O Brasil possui quase 15 mil barragens cadastradas pela Agência Nacional das Águas (ANA), em 2014. São 14.966 empreendimentos, a maioria de usos múltiplos e as demais de contenção de rejeitos de mineração e de geração de energia elétrica.

Atualmente, um dos problemas deste campo é a falta de estudos preliminares, como sondagens de rochas e fundações bem executadas, de acordo com Marques Filho. Por outro lado, um aspecto positivo é que o Brasil dispõe de uma Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), estabelecida pela Lei Federal nº 12.334, de 20 de setembro de 2010.

Risco mínimo

Segundo o especialista, Itaipu continuará sendo de muito pouco risco se mantiver a barragem toda instrumentada, este aparato for sempre inspecionado e as eventuais anomalias corrigidas, como ocorre na atualidade.

“O que não pode é fazer uma obra como Itaipu e esquecer, não valorizar sua equipe de segurança de barragens”. São elas “as fiéis depositárias da confiança da população”, por assegurarem que a barragem tenha um comportamento dentro do esperado.

O professor defende, ainda, que os times de inspeção não prescindam do fator humano, da ida a campo e do trabalho visual. “Investir no conhecimento aumenta a possibilidades de as pessoas verem com antecedências problemas e corrigi-los a tempo”, disse. “Segurança de barragens não é videogame, para ser controlada só de forma remota, e nem Facebook, para mostrar só o que está bonito”, completou.

Para ele, o investimento na educação dos profissionais da área é fundamental para evitar que outras barragens tenham o mesmo fim que a da Samarco, de Minas Gerais. “Precisa haver um treinamento intenso para quem monitorar as velhas barragens e fazer as novas, cooptando as universidades para esta área, e disseminar esse conhecimento pelo País." E defende: “Cada vez mais precisaremos das barragens. São elas que vão garantir, por exemplo, o abastecimento de água de gerações futuras”.