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Responsabilidade Social
MV Bill: "A periferia faz parte da cidade"
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20/06/2007

A afirmação do rapper carioca MV Bill, de que “a periferia faz parte da cidade”, traduz o que, para ele, é o segredo para a construção de uma nova sociedade. “A periferia faz parte da cidade e tem que ser incluída e ouvida para ajudar a resolver os problemas”, aponta o rapper, que e fez palestra ontem à noite (quarta-feira), no Hotel Internacional, em Foz do Iguaçu.

 

MV Bill tem percorrido cidades brasileiras apresentando a experiência de quem nasceu e vive na favela Cidade de Deus. Segundo o ativista social e fundador da ong Central única das Favelas (CUFA), o grande erro da sociedade é acreditar que o problema está na favela, que nasceu lá.

 

De acordo com MV Bill, não há uma receita mágica para se enfrentar o problema da violência e do tráfico de drogas.“ Depende da realidade de cada cidade. A violência não é um problema da periferia, mas da cidade, de todo mundo, e as medidas devem ser tomadas a partir do conjunto da sociedade, ouvindo a periferia”.

 

Ontem à tarde, MV Bill concedeu uma entrevista coletiva no Centro de Recepção de Visitantes da Itaipu. Como estava há menos de duas horas na cidade, ele não entrou em detalhes sobre a situação de Foz, mas comentou: “Pelo pouco que pude ouvir a cidade tem uma realidade avessa à do cartão postal. A impressão que eu tinha era a de que Foz era uma cidade pacata”.

 

Palestra

 

O rapper se tornou mais conhecido a partir da exibição do documentário Falcão: Meninos do Tráfico, exibido pelo Fantástico no ano passado. A situação de violência e exploração pelo tráfico de drogas, mostrada no filme, chocou, mas se reproduz em outras cidades, como em Foz do Iguaçu.

 

Pesquisa realizada em 2006 pela Fundação Nosso Lar, com o apoio da Itaipu, que resultou no livro Abandono, Exploração e Morte, mostra que, entre 2001 e 2004, 266 jovens morreram, dos quais 65% foram assassinados (175 no total).

 

É preocupante saber que desses 175 assassinados, 89% (155) dos jovens morreram por ferimentos causados armas de fogo. Não há dados estatísticos que relacionem as mortes ao envolvimento com o tráfico. No entanto, ao entrevistar as famílias dos jovens, a equipe de pesquisa que ia às casas das vítimas para traçar o perfil socioeconômico passou a receber ameaças dos líderes do tráfico. Para não prejudicar a pesquisa, o juiz da Vara da Infância passou a intimar essas famílias a comparecem ao Fórum.

 

A exclusão social e a baixa renda são as principais causas para o ingresso no mundo do tráfico. Muitas vezes os jovens começam a participar de atividades criminosas para sustentar a família ou para poder comprar bens de consumo cobiçados, como roupas e sapatos de marca.

 

O certo é que a realidade de Foz é muito parecida com a que conhece MV Bill. Com o agravante de que a cidade está situada em uma região de fronteira, mais vulnerável a entrada de drogas.

 

Relação com os programas da Itaipu

 

A palestra com o cantor MV Bill é uma iniciativa do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente e do programa Saúde na Fronteira. O PPCA trata diretamente do fortalecimento de políticas públicas de proteção à criança e ao adolescente.

 

O PPCA apóia o desenvolvimento de campanhas; articula junto a diferentes parceiros ações de prevenção de todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes; trabalha diretamente na proteção de vítimas de violência doméstica, por meio da casa abrigo; incentiva a profissionalização das famílias por meio do custeio de cursos do Provopar; financia o projeto Opakatu, antes chamado Fronteiras Arte-Educação nos Bairros, no qual artistas trabalham a cultura da paz para o fortalecimento dos jovens, de forma a prevenir a exploração.

  

O Saúde na Fronteira, interliga-se com o tema, em uma conseqüência do envolvimento com o tráfico de drogas: a violência. O GT Saúde ainda não tem os números, mas em um levantamento preliminar observou-se que a maior parte das mortes em Foz do Iguaçu é decorrente da criminalidade e não de patologias.

 

Buscando minimizar a dor daqueles que passam principalmente por violência sexual, em 2004, o Saúde viabilizou a capacitação de profissionais do Hospital Ministro Costa Cavalcanti para realização de exames já com validade do laudo do IML. Isso foi possível graças a uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública. 

                              

De setembro de 2004 até maio deste ano, 284 pessoas foram atendidas no HMCC por este serviço diferenciado. Do total, 85% das vítimas eram crianças e adolescentes.

 

Parceiros na realização do evento

 

-         Itaipu Binacional

-         Comitê Local de Enfrentamento à Violência contra Criança e Adolescente

-         Vara da Infância e Juventude de Foz

-         Prefeitura Municipal

-         ONG Casa do Teatro