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Energia
Lula e Nicanor inauguram as duas últimas unidades da Itaipu
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22/05/2007

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, inauguraram na noite desta segunda-feira (21) as duas últimas unidades geradoras da Itaipu Binacional. A solenidade realizada na usina, em Foz do Iguaçu (PR), contou com a presença de ministros de estado, governadores, presidentes de empresas do setor elétrico e parlamentares dos dois países.

 

Ambos os chefes de estado marcaram seus pronunciamentos com propostas de aumentar a integração e cooperação entre as duas nações, e destacaram a importância da hidrelétrica para as economias brasileira e paraguaia. “Aos brasileiros e paraguaios que criticam a Itaipu eu peço que por alguns segundos fechem os olhos e imaginem o que seria do Brasil e do Paraguai sem esta usina”, afirmou Lula. “O Paraguai tem energia garantida para atender ao seu crescimento econômico pelas próximas décadas. Tem a segurança de deter metade de toda a energia que Itaipu produz”, acrescentou.

 

O presidente Nicanor Frutos também fez uma defesa da binacional no mesmo sentido, destacando os programas de responsabilidade socioambiental da empresa. “Itaipu é uma missão e um exemplo de integração para a América Latina. É um instrumento a serviço da dignidade de nossos povos, para que eles saiam da pobreza, tenham mais saúde, mais educação e mais desenvolvimento”, disse.

 

O papel da hidrelétrica como fomentadora das duas economias será reforçado com a quitação de toda a dívida da empresa, lembrou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. “Dentro de 15 anos, o empreendimento estará totalmente amortizado. Com uma receita anual de cerca de US$ 3,8 bilhões (em 2007), Itaipu se converterá em uma fonte para novos investimentos da Eletrobrás e da Ande e, conseqüentemente, das economias brasileira e paraguaia”.

 

Agora com 20 unidades geradoras, Itaipu recebeu um acréscimo de 1.400 megawatts em sua potência instalada, atingindo 14 mil megawatts. O adicional de energia equivale a uma usina de padrão médio do sistema elétrico brasileiro, equivalente a Angra 2. Finalizada a fase de construção, tem início a modernização das demais 18 unidades geradoras, projeto que vai consumir cerca de US$ 300 milhões e deverá durar 10 anos. “São investimentos necessários para garantir a qualidade dos serviços ao longo da vida útil da usina, que é de 100 anos”, apontou o diretor-geral paraguaio, Víctor Bernal Garay.

 

Com 20 unidades geradoras, Itaipu encerra ciclo de construção

 

Agora, começa a fase de atualização tecnológica das unidades geradoras mais antigas

 

A Itaipu Binacional, maior hidrelétrica do mundo em geração de energia, inaugurou ontem (21), em Foz do Iguaçu, duas novas unidades geradoras, de 700 megawatts (MW) cada, ampliando sua potência instalada de 12.600 para 14 mil MW. A cerimônia contou com a presença dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos.

 

Com 20 unidades geradoras, Itaipu conclui a obra prevista no tratado binacional, que deu origem à constituição da empresa, e inicia uma nova fase, a de atualização tecnológica das 18 unidades geradoras iniciais.

 

“A construção da usina e o espaço físico para novas unidades geradoras chegaram ao fim, mas agora temos um desafio ainda maior, que é fazer a modernização das primeiras unidades e ampliar nossas ações socioambientais e de promoção do turismo”, diz o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.

 

No setor de energia, “Itaipu é um exemplo de tecnologia para o mundo”, afirma o diretor-geral paraguaio, Víctor Bernal Garay.

 

Investimento – O investimento nas unidades U-9A e U-18A foi de US$ 184,6 milhões. A instalação esteve a cargo do consórcio Ceitaipu, composto por 14 empresas, entre elas a Alston Power, a Voith Siemens e a Asea Brow Boveri. A montagem das duas turbinas teve início em junho de 2001.

 

O acréscimo de potência instalada oferecido pelas duas unidades é de 1.400 megawatts (capacidade equivalente à da usina nuclear de Angra 2, de 1.350 megawatts ou 25% superior à da usina de Sobradinho, na Bahia, detentora do maio lago artificial do Brasil). As duas novas unidades têm capacidade de abastecer 5 milhões de residências.

 

O diretor técnico paraguaio, Pedro Pablo Teme Ruiz Dias, diz que, “nesses 23 anos de produção (a primeira unidade geradora entrou em operação em 1984), Itaipu superou todos os índices estabelecidos como metas empresariais. E isso é resultado direto de um bom projeto, boa implantação, bom recurso humano, altamente qualificado, e boa metodologia de trabalho. É por aí que se mede um empreendimento de sucesso”.

 

No ano passado, sem os novos geradores, Itaipu foi responsável pela produção de 20% da energia consumida no Brasil e pelo abastecimento de 95% do consumo paraguaio. A produção de energia, que em 2006 foi de 92,7 milhões de megawatts/hora (MWh), poderá atingir a marca de 95 milhões de MWh com as novas unidades.

 

Desempenho – O engenheiro Enon Laércio Nunes, coordenador do Comitê de Implantação das Unidades Geradoras Adicionais, ressalta que o investimento representa um significativo adicional de potência ao sistema elétrico brasileiro, sem que tenha sido necessário construir uma nova usina.

 

“A própria Itaipu também melhora seu desempenho. A hidrelétrica é uma referência mundial na disponibilidade de energia. Nosso índice anual é de 96%, o que significa que apenas 4% da eletricidade gerada não é entregue ao sistema. No setor elétrico brasileiro, o nível de disponibilidade das usinas é de 92%, em média”, diz Nunes.

 

As duas novas unidades vão permitir que Itaipu continue sendo a maior usina hidrelétrica do mundo em produção de energia, à frente da usina de Três Gargantas, construída sobre o Rio Yang-Tse, na China, em função das condições mais favoráveis do Rio Paraná para a geração hidrelétrica.

 

Modernização - A partir de agora, segundo o diretor técnico executivo, o brasileiro Antonio Otélo Cardoso, o desafio dos técnicos da Itaipu é intensificar o processo de otimização dos serviços, buscando cada vez mais eficiência.

 

A hidrelétrica vai colocar em prática o Plano de Atualização Tecnológica das 18 unidades geradoras projetadas na década de 1970.  “A modernização é necessária para que a usina mantenha seu índice de eficiência nos patamares adequados de qualidade e confiabilidade exigidos pelo mercado de energia elétrica”, diz.

 

O Plano de Atualização Tecnológica da usina prevê a modernização principalmente do controle, supervisão, proteção e regulação das unidades geradoras e da casa de força. Em vez do controle analógico, a operação das unidades passaria a ser digital, garantia de mais segurança e eficiência ao processo.

 

Para implantar a tecnologia digital, contudo, é necessário que as unidades geradoras estejam paradas. Por isso, Itaipu está pesquisando soluções que ofereçam a máxima segurança no processo de modernização com o mínimo tempo de interrupção da geração.

 

Para reduzir o tempo de interrupção da geração, o processo de atualização aproveitaria o período em que as unidades geradoras estejam paradas para manutenção preventiva de rotina. Ao final do processo de modernização da usina, todas as unidades estariam operando com a tecnologia atualizada.

 

O Plano de Atualização Tecnológica deve ser concluído num prazo estimado de 10 a 12 anos.

 

Um pouco da história – A construção da Itaipu começou em janeiro de 1975. No auge das obras, cerca de 40 mil trabalhadores atuaram simultaneamente na construção daquela que viria a ser a maior hidrelétrica do mundo.

 

A instalação dos geradores, no entanto, ocorreria somente a partir de 1984, com a colocação em média de duas máquinas por ano. Em 1991, as primeiras 18 unidades estavam operando. Passados 16 anos, concretiza-se a instalação das últimas duas turbinas, prevista no Anexo B do Tratado de Itaipu, assinado em 1979 pelos governos do Brasil e do Paraguai.

 

O Tratado de Itaipu, que deu origem à hidrelétrica, foi assinado em 26 de abril de 1973 por Brasil e Paraguai. O documento previa “o aproveitamento hidrelétrico dos recursos hídricos do Rio Paraná, pertencentes em condomínio aos dois países, desde e inclusive o Salto Grande de Sete Quedas ou Salto del Guairá até a foz do Rio Iguaçu”. Para realizar este aproveitamento hidrelétrico, os dois países concordavam em criar “uma entidade binacional denominada Itaipu”, o que ocorreu em 17 de maio de 1974.

 

Em 1979, quando as obras já tinham iniciado, Brasil e Paraguai assinaram o Anexo B ao Tratado de Itaipu, sem alterar nada do documento original. O Anexo B detalhou tecnicamente a obra da usina e previu a construção de mais duas unidades geradoras, além das 18 iniciais.

 

Diz o texto do Anexo B: “A casa de força estará localizada ao pé da barragem principal, com comprimento de 950 m. Na mesma será instalado um conjunto gerador composto de 18 unidades de 700 megawatts cada uma. Nove destas unidades serão em 50 Hz e nove em 60 Hz. Além disso, a Central poderá contar, utilizando o espaço disponível na casa de força, com até duas unidades geradoras de reserva, que serão uma de 50 Hz e a outra de 60 Hz”.

 

O artigo XIII do tratado de Itaipu garante que toda a energia produzida pela usina deve ser dividida em partes iguais entre os dois países. A energia que um país não usar para seu próprio consumo, o outro tem o direito de adquirir. E mais: toda a potência disponível deve ser adquirida pelos dois países.

 

Construída desde o início com recursos provenientes de empréstimos internacionais, Itaipu estará toda paga em 2023.

 

Canal da Piracema permite migração de peixes no Rio Paraná

 

A barragem da Itaipu não representa um obstáculo à migração dos peixes no Rio Paraná. Desde dezembro de 2002, um canal artificial faz a ligação do reservatório com o rio, a jusante da usina.

 

Com 10 km de extensão, o Canal da Piracema permite aos peixes chegar às áreas de procriação acima da usina no período da piracema, a migração reprodutiva, e seu retorno no período de outono e inverno, quando ocorre a migração trófica para pontos de alimentação. A ligação é fundamental para a conservação da biodiversidade.

 

O Canal da Piracema usa um trecho do leito natural do Rio Bela Vista para vencer o desnível de 120 metros existente entre o Rio Paraná e a superfície do reservatório. A foz do Rio Bela Vista está cerca de 3 km abaixo da barragem.

 

As corredeiras são intercaladas por lagoas, de forma a propiciar um remanso para os peixes que estão subindo em direção ao reservatório. Nas lagoas, as espécies podem se alimentar e descansar.

 

A construção do Canal da Piracema foi precedida por um estudo denominado “A ictiofauna de ocorrência no Rio Bela Vista”, que avaliou se o córrego teria condições de permitir a passagem das espécies migratórias do Rio Paraná.

 

A Itaipu estuda a migração de peixes no Rio Paraná em parceria com o Grupo de Pesquisas em Recursos Pesqueiros e Limnologia da Unioeste (Gerpel), a usina hidrelétrica binacional de Yaciretá (Argentina e Paraguai) e a usina de Porto Primavera (SP).

 

A atuação conjunta permite o acompanhamento da dispersão das espécies ao longo de 1.000 km no Rio Paraná e seus afluentes, o que fornece informações sobre o ciclo migratório e auxilia a implementação de medidas de redução de impactos ambientais.

 

A ictiofauna também é monitorada no Canal da Piracema, em uma parceria da Itaipu com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

 

Até agosto de 2006, passaram pelo Canal da Piracema 130 espécies migradoras e não migradoras, o equivalente a cerca de 70% dos peixes conhecidos da região.

 

Espécies de grande porte, como dourados e surubins, têm seu comportamento observado com o implante de radiotransmissores. Os sinais são captados por cinco estações de radiorrecepção, dispostos ao longo do Canal da Piracema, com a finalidade de armazenar as informações sobre a dispersão dos exemplares marcados.

 

Os resultados evidenciam a utilização do Canal da Piracema tanto para a migração ascendente, em direção ao reservatório, como descendente, em direção ao Rio Paraná. Há registros de exemplares marcados em Itaipu que migraram 625 km até o lago da usina de Porto Primavera.

 

Canoagem - Concebido como um autêntico elo da vida, o Canal da Piracema tem ainda outra finalidade: a promoção do esporte. Parte das corredeiras, o chamado Canal Itaipu, serve para a prática de esportes náuticos de competição, como rafting, canoagem e slalon.

 

Com 430 m de extensão e desnível de 7,2 m, o Canal de Águas Bravas está projetado para criar o regime turbulento característico das águas bravas, quando necessário, e para manter a sua transposição em todas as vazões possíveis, que variam de 5 m³/s a 12 m³/s. Conta com obstáculos naturais (blocos de pedra) e artificiais para competições, permitindo a modulação das correntezas.

 

PTI, um parque tecnológico com a energia da Itaipu

 

Para preservar e promover a multiplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo de 33 anos de operação da maior hidrelétrica do mundo, a Itaipu Binacional criou o Parque Tecnológico Itaipu (PTI). Localizado nas duas margens da usina, nas áreas onde funcionavam os antigos alojamentos dos operários que construíram a hidrelétrica, o PTI tem um papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias a serem aproveitadas na modernização da usina, fase que se inicia com a conclusão da instalação das 20 unidades geradoras.

 

Enquanto parques tecnológicos costumam ser condomínios high-tech, o PTI se diferencia por trabalhar com a educação em todos os níveis: alfabetização, capacitação tecnológica, graduação e pós-graduação. Até 2006, a Itaipu investiu R$ 20 milhões no espaço e outros R$ 15 milhões serão aplicados nos próximos três anos. A instituição ainda está buscando o aporte de mais R$ 32 milhões do governo federal para aplicar em novos projetos.

 

A infra-estrutura abriga quatro cursos de ciências exatas da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste): Ciências da Computação, Mecânica, Engenharia Elétrica e Matemática. Abriga também a Incubadora Santos Dumont, que reúne nove empresas (cinco de base tecnológica e quatro de prestação de serviço nas áreas de turismo e geoprocessamento).

 

A atuação do PTI na região da Tríplice Fronteira está ajudando a mudar o perfil dos profissionais da região, que antes precisavam buscar esse tipo de formação em grandes centros. Para isso, ele trabalha em sintonia com mais de 100 instituições dos três países, incluindo órgãos governamentais federais, estaduais e municipais, universidades e institutos de ensino e pesquisa.

 

Além de hospedar entidades de pesquisa e apoio à pesquisa, o PTI mantém um espaço de desenvolvimento empresarial e um campus universitário, o Centro de Engenharias e Ciências Exatas da Unioeste. Quando encerram seu ciclo de permanência no PTI, estudantes e empreendedores estão em condições plenas de se consolidar no mercado.

 

Além disso, o PTI está pronto para abrigar a sede da Universidade do Mercosul, o escritório da FAO, o primeiro Centro de Hidroinformática da Unesco, o Centro de Saberes e Cuidados Ambientais da Bacia do Prata e a Universidade Aberta do Brasil.

 

Itaipu investe em novas tecnologias e fontes alternativas

 

O fim do ciclo de expansão da hidrelétrica de Itaipu, com a inauguração das últimas duas unidades geradoras, dá início ainda a uma nova etapa de desenvolvimento da usina: a pesquisa de tecnologias como o carro elétrico e de fontes alternativas de energia como o hidrogênio e a biomassa.

 

A construção de protótipos de carros elétricos, que dispensam o uso de combustíveis fósseis e não poluem o meio ambiente, começou neste ano, em uma linha de montagem instalada em um galpão utilizado antigamente como almoxarifado. Duas unidades, encomendadas pela Eletrobrás, estão em produção. E serão apresentadas durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em julho.

 

O Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem do Veículo Elétrico tem capacidade de produzir simultaneamente até quatro protótipos. A Itaipu já recebeu 15 pedidos de empresas do setor elétrico brasileiro e paraguaio.

 

Somente a Itaipu, que dispõe de duas unidades doadas pela Kraftwerke Oberhasli (KWO), empresa controladora de hidrelétricas suíças que atua no aperfeiçoamento da tecnologia empregada na parte elétrica, vai adquirir outras seis. A Fiat é parceira no empreendimento fornecendo o kit mecânico (carroceria, motor e caixa de câmbio).

 

Os estudos e a montagem dos protótipos do carro elétrico contam com o apoio também de empresas do setor elétrico brasileiro (Eletrobrás, CPFL e Copel) e paraguaio (Ande), além do Instituto Lactec. Os parceiros pretendem aperfeiçoar a tecnologia de veículos elétricos já existentes, de forma a viabilizar o lançamento do modelo em grande escala.

 

As entidades parceiras se comprometem a adquirir veículos elétricos para compor suas frotas e a atuar na implementação e aperfeiçoamento de protótipos. Cada carro elétrico produzido na Itaipu sairá sempre com inovações técnicas que serão testadas pelas concessionárias de energia elétrica.

 

O carro elétrico não polui nem faz barulho. Pode ser abastecido em casa, na tomada mesmo, e traz uma economia considerável. Com o valor de um litro de gasolina, roda-se 60 quilômetros. Fácil de dirigir, só tem acelerador e freio.

 

A velocidade máxima oferecida pelos 20 cavalos de potência é 110 km/h. Leves, recicláveis e colocadas sob o assoalho do porta-malas para não tomar espaço, as baterias de níquel têm autonomia de 120 km, com tempo de recarga de oito horas.

 

Para ganhar a simpatia dos motoristas, os técnicos do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Movidos a Eletricidade trabalham para elevar a autonomia da bateria para 450 km, aumentar a velocidade máxima para 150 km/h, diminuir o tempo de recarga da bateria para 20 minutos e permitir que o veículo elétrico funcione com ar-condicionado.

 

Hidrogênio – Atenta à necessidade de diversificação das fontes de energia, a Itaipu planeja ser mais que uma usina hidrelétrica. Desde 2006, a empresa investe em tecnologia para se tornar também um centro produtor de hidrogênio, um dos combustíveis do futuro.

 

Faz parte do planejamento estratégico da Itaipu para o qüinqüênio 2004-2008 constituir-se em referência no estudo do hidrogênio e fontes alternativas de energia, por meio do aproveitamento da água vertida que não movimenta as unidades geradoras da usina nos momentos de baixo consumo de energia elétrica, normalmente à noite.

 

Para tanto, a empresa pretende adquirir e implantar uma estação protótipo para produção do hidrogênio, concluir estudos de viabilidade econômica para sua produção industrial e converter parcialmente a sua frota de carros e ônibus para veículos movidos a hidrogênio.

 

Além de um combustível para automóveis, ônibus e caminhões capaz de suprir a demanda por petróleo, o hidrogênio ainda é fonte alternativa de energia elétrica para um futuro sustentável, por ser não poluente. Pode atender ao consumo de equipamentos de informática e telefones celulares.

 

A produção de hidrogênio na Itaipu está em fase de pesquisa e desenvolvimento, em parceria com a Unicamp.

 

Biomassa – A Itaipu também é parceira na implantação do programa Geração Distribuída, que gera energia a partir da utilização de biomassas residuais de esgotos humanos e animais.

 

A iniciativa consiste na geração de energia junto às fontes consumidoras, evitando os custos de transmissão e distribuição que incidem sobre o preço da eletricidade quando produzida de forma convencional.

 

Países como a Alemanha e o Canadá já desenvolvem a modalidade de geração distribuída, que pressupõe a incorporação ao sistema oficial da energia gerada em microunidades com até 0,5 KW de potência.

 

Isto abre grandes possibilidades de aproveitamento energético para atividades que hoje são eletrointensivas e ao mesmo tempo desperdiçam o potencial de energias alternativas que possuem. Enquadram-se neste perfil o saneamento, água, esgoto, lixo e agronegócio.

 

São atividades que geram biomassa residual, efluentes e resíduos orgânicos, que submetidos a um sistema de tratamento sanitário para redução do sue potencial poluidor em biodigestores, geram o biogás, um combustível natural que pode ser convertido em energia elétrica e usado pelas próprias fontes para reduzir custos e aumentar a eficiência energética.

 

A Itaipu tem como parceiras no programa Geração Distribuída a Eletrobrás, Eletrosul, Copel, Sanepar, Ocepar, Cooperativa Lar, Instituto Ambiental do Paraná, os institutos Cepel e Lactec, e o PTI.

 

O programa consiste em organizar as atividades usuárias de energia e ao mesmo tempo geradoras de energia do biogás; e elaborar com elas projetos técnicos para a conversão da energia e para o saneamento ambiental.

 

Os projetos serão validados por institutos técnicos como Lactec, o PTI, o Tecpar e o Senai, e encaminhados à Copel para aquisição da energia por meio de editais públicos.

 

A energia gerada pelas fontes será utilizada nas próprias atividades, para redução de custos, e o excedente terá garantia de compra pela Copel.

 

Estima-se que um pequeno criador de suínos, com mil animais confinados, possa produzir cinco vezes mais energia elétrica com biogás do que consumiria para manter uma granja.

 

Cálculos também indicam que é possível gerar em torno de 36 MW, equivalente à produção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), com os dejetos de 1,2 milhão de suínos instalados na região Oeste do Paraná. O projeto poderá beneficiar cerca de 10,5 mil pequenos produtores de animais.

 

Além de colaborar com a preservação do meio ambiente, diminuindo a poluição dos rios, a geração distribuída pode representar uma fonte de renda para o produtor rural, que não consumirá mais energia com o funcionamento de motores elétricos, aquecedores de água, geladeira, fogão e outros utensílios domésticos.

 

Programa Cultivando Água Boa

 

Criado para cuidar da água, do solo e da vida, a partir de cada propriedade rural, o programa Culitvando Água Boa é reconhecido como o mais completo programa ambiental do setor elétrico brasileiro e alcançou notoriedade internacional com o prêmio Carta da Terra.

 

No lado brasileiro, o Água Boa integra todos os 70 projetos e 108 ações ambientais da Itaipu Binacional, desenvolvidos nos 29 municípios que fazem parte da Bacia do Paraná 3 (região dos afluentes do reservatório da usina). O programa compreende três eixos: a eliminação de pontos de poluição do solo e da água; conservação da biodiversidade; e educação ambiental. A participação da comunidade é ampla e diversificada: ao todos, são 1.247 instituições parceiras, entre universidades, órgãos governamentais, ONGs e associações.

 

Uma das principais inovações com a criação do programa Cultivando Água Boa é o gerenciamento ambiental feito por microbacias. Antes, era geopolítico, ou seja, limitava-se às divisas dos municípios. Agora, as ações são estudadas e implantadas levando em conta todos os afluentes e subafluentes do reservatório.

 

Para cobrir cada uma das bacias, a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) criou um software livre de geoprocessamento. Os técnicos alimentam o programa com dados e obtêm um diagnóstico completo da situação dos rios, inclusive das propriedades rurais localizadas nas margens (se foi respeitada a área de reserva legal e mata ciliar, se há tratamento de efluentes etc).

 

Com o relatório completo, o programa lança mão de medidas específicas para cada rio e cada propriedade. Exemplos de resultados dessas ações, em quatro anos, são a readequação de 216 quilômetros de estradas rurais, a instalação de 259 quilômetros de cercas de proteção da mata ciliar e produção de mais de 1,1 milhão de mudas para a faixa de proteção.

 

Como a região concentra boa parte da produção agropecuária do Paraná, especialmente a suinocultura, a Itaipu está implantando um projeto de geração de energia a partir da biomassa, utilizando os efluentes da atividade pecuária. No lugar dos dejetos irem parar nas águas dos rios, são usados para gerar eletricidade nas fazendas.

 

A empresa também firmou parcerias com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Embrapa e a Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), para capacitar os agricultores da região a trabalharem com procedimentos ambientalmente corretos. Para reduzir o emprego de pesticidas (um dos principais contaminantes dos rios), são transmitidas técnicas como o controle biológico de pragas. Atualmente, 700 agricultores da Bacia do Paraná 3 trabalham dentro dos princípios da agricultura orgânica.

 

Outra vertente dessas ações está no estímulo ao plantio de ervas medicinais. Desde 2003, 1.130 agentes municipais e mais de 100 profissionais de saúde foram capacitados em cursos teórico-práticos sobre o uso de fitoterápicos. Além disso, 479 merendeiras de escolas públicas estão aptas a utilizar plantas medicinais, aromáticas, condimentares e de propriedades funcionais. O projeto também incentiva a criação de hortos administrados pelas prefeituras, com a doação de 45 mil mudas e assistência técnica gratuita.

 

Uma das referências estabelecidas pela Itaipu em projetos ambientais está nos parques aqüícolas. A legislação que trata do assunto é recente no Brasil e os três primeiros parques licenciados no país estão justamente no reservatório da usina. Eles são definidos a partir de critérios técnicos de sustentabilidade ambiental. No lugar da atividade pesqueira meramente extrativa, os pescadores criam os peixes em seu hábitat natural, em tanques-redes. Até o momento, foram implantados 500 tanques-redes e estima-se que a atividade tem o potencial de produzir até 6 mil toneladas por ano (cinco vezes a produção atual).

 

No eixo da biodiversidade, a Itaipu é responsável por diversas iniciativas voltadas à preservação da fauna e da flora, como, por exemplo, a implantação do Canal da Piracema e de Corredores da Biodiversidade (faixas de floresta ligando as áreas protegidas), o monitoramento de espécies ameaçadas de extinção, e a manutenção de seis refúgios biológicos (dois brasileiros, três paraguaios e um binacional). No Refúgio Bela Vista, próximo à usina, a empresa mantém um dos mais completos hospitais veterinários do país.

 

Para que os projetos tenham continuidade e suas conquistas não se percam no longo prazo, a binacional conta com um amplo programa de Educação Ambiental, que tem interfaces com todas as ações realizadas. A implantação do Cultivando Água Boa se deu com uma maratona de palestras que atingiu milhares de pessoas na Bacia do Paraná 3.

 

Em cada uma das 29 microbacias, foi implantado um comitê gestor que atua em sintonia com a área de Educação Ambiental da Itaipu. O primeiro passo são as Oficinas de Futuro, em que a comunidade é provocada para elaborar a Agenda 21 do Pedaço, que compreende a identificação de danos causados ao meio ambiente, a autocrítica e o compromisso de corrigir os erros.

 

Paralelamente, a empresa é a instituição-âncora do programa de Formação de Educadores Ambientais (FEA), na região, e coordena a transmissão de lições de ecologia nas escolas públicas da região de fronteira.

 

Ações de responsabilidade social da Itaipu

 

Em 2003, a Itaipu Binacional alterou a sua missão institucional e passou a incluir a responsabilidade socioambiental, ampliando sua atuação nesse campo.

 

Melhorar a qualidade de vida na região, assim como incrementar a gestão ambiental em toda a bacia hidrográfica ligada ao reservatório, passaram a ser objetivos estratégicos da empresa.

 

Além disso, o planejamento estratégico adotou uma nova metodologia, calcada em projetos e ações, que também passou a valer para as áreas social e ambiental.

 

Por sua característica binacional, Itaipu atua como entidade articuladora de instituições e órgãos de governo dos países da Tríplice Fronteira. Esse papel permeia todas as ações de responsabilidade social e ambiental da empresa, mas fica ainda mais evidente no programa Saúde na Fronteira.

 

Atuando em 28 cidades brasileiras e 31 paraguaias, o programa já promoveu a capacitação de mais de 200 agentes de saúde e, somente no ano de 2006, 1,9 milhão de pessoas foram beneficiadas com cuidados médicos, odontológicos e sanitários. Também são conduzidas campanhas de prevenção e combate à dengue, raiva, verminoses e Aids, entre outras.

 

Ações desenvolvidas no Paraguai

 

As ações de responsabilidade social da Itaipu no Paraguai demonstram o comprometimento da empresa com o progresso do país e com o desenvolvimento humano. São programas que vão desde a educação básica e de nível superior à segurança pública, passando pela saúde, preservação do meio ambiente, turismo e cultura.

 

Nos últimos anos, a hidrelétrica investiu no aparelhamento de escolas e em outros benefícios a estudantes do Paraguai. Colégios emblemáticos para o País foram reformados e transformados em centros de excelência em educação.

 

As melhorias se estenderam a mais de 3 mil salas de aula. Foram beneficiadas 240 mil crianças e distribuídos 750 mil kits escolares. Neste ano, com apoio de Itaipu, estão sendo construídos os primeiros centros de estudos tecnológicos do Paraguai.

 

Como parceira do programa 1.000 Becas, a Itaipu promove o acesso de jovens paraguaios de baixa renda ao ensino superior. Desde 2006, a empresa oferece anualmente mil bolsas de estudo em universidades privadas do Paraguai. Têm prioridade na seleção de bolsistas os alunos de melhor desempenho no Ensino Médio, os egressos de escolas públicas e estudantes de baixo nível socioeconômico. O custeio das bolsas fica a cargo da Itaipu (75%) e das universidades parceiras (25%), que atualmente são em número de 10. As contrapartidas exigidas dos estudantes são o bom rendimento e a freqüência às aulas.

 

Na área da saúde, as ações da binacional levaram atendimento médico e odontológico a mais de um milhão de pessoas, somente no ano passado. Além do atendimento prestado em hospitais e postos de saúde, da distribuição de medicamentos e de ambulâncias em 19 municípios, a Itaipu patrocina o programa Clínica Móvel, que percorre o país levando cuidados clínico, odontológico e oftalmológico à população.

 

No campo da segurança pública, Itaipu apoia a Polícia Nacional, que foi equipada com caminhonetas, motocicletas, coletes à prova de bala e equipamentos de rádio. Nas cidades da região de influência da hidrelétrica, foi implantado o programa Caminho Seguro e um serviço de chamadas de emergência 911.

 

A empresa também está construindo estradas e implantando infra-estrutura por meio do maior programa de obras que o Paraguai já viu, com lições diárias de integração entre desenvolvimento e respeito à natureza. Ela lançou mão de um amplo projeto de reflorestamento, adequação de estradas e recuperação de microbacias, como por exemplo a do Rio Carapá.

 

As melhorias passam pela implantação de poços artesianos e ampliação da rede elétrica, da iluminação pública e da distribuição de água. Nessa linha de atuação, também foram pavimentados 117 quilômetros de vias públicas e 900 mil metros quadrados de calçadas.

 

Com apoio técnico a agricultores, Itaipu vem incentivando a mecanização, o plantio direto e a autogestão. O incentivo à produção agrícola tem melhorado a produtividade dos assentamentos, onde os agricultores trabalham organizados em comitês. A empresa fornece tratores e distribui insumos e implementos. Ao todo, são 47 mil famílias campesinas e indígenas que recebem assistência técnica de hidrelétrica.

 

Itaipu também está presente na arte, na ciência e na cultura, apoiando a realização de concertos, festivais de música e a produção de filmes, como o Festival Paraguaype, o concerto internacional “Música contra a fome” e o filme Hamaca Paraguaya, premiado no Festival de Cannes. As Olimpíadas de Matemática e outros eventos culturais também receberam o apoio da empresa.

 

Nas áreas do esporte e do turismo, são promovidos diversos eventos com a chancela da hidrelétrica e de seu Complexo Turístico. A empresa também investe na realização de campanhas públicas em defesa dos direitos da infância e das mulheres.

 

Ações desenvolvidas no Brasil

 

No Brasil, os principais projetos sociais da empresa são: Eqüidade de Gênero, Energia Solidária, Rede Cidadã, Proteção à Criança e ao Adolescente, Casa Abrigo, Casa do Teatro, Força Voluntária e Saúde na Fronteira. A hidrelétrica contribui ainda com a manutenção do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, criado inicialmente para atender os trabalhadores da usina. Em 1994, ele foi transferido para a Fundação Itaiguapy e hoje atende principalmente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

O programa Incentivando a Eqüidade de Gênero de Itaipu é apontado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governo federal, como um dos mais completos do país. Além de ser uma ação de conscientização dos funcionários, o programa tem medidas práticas, como a adoção de um horário flexível – que beneficia homens e mulheres para que possam se programar melhor nos cuidados com a família – e na igualdade de oportunidades de carreira.

 

Com o Energia Solidária, a Itaipu vem auxiliando o Conselho Comunitário da Vila C, em Foz do Iguaçu, a mudar a realidade do bairro, beneficiando mais de 20 mil pessoas que vivem ali. No centro de convivência reformado pela empresa, os moradores dispõem de biblioteca, aulas de informática, música e dança. O espaço também atende 278 famílias com programas sociais do Governo Federal (Bolsa-Família e Bolsa-Escola). A iniciativa conta com a participação de ONGs e de entidades parceiras, e a idéia é proporcionar autonomia ao Conselho Comunitário, para que o projeto caminhe de forma independente. Ainda na Vila C, a Itaipu implantou a Agricultura Solidária, que consiste na cessão de 35 hectares sob os linhões da hidrelétrica para que famílias da região complementem sua dieta e renda, com assistência agronômica prestada pela empresa.

 

Desde 2004, mais de 8 mil pessoas já foram alfabetizadas na região de Foz do Iguaçu, graças ao Rede Cidadã, que, além de Itaipu, conta com a participação do Banco do Brasil, Rotary, Sesi-PR, igrejas e prefeitura. Os alunos recebem todo o material didático, transporte, merenda, creche para os filhos, exame de vista e óculos. As aulas ocorrem em 145 turmas espalhadas por escolas municipais, centros comunitários e igrejas. A previsão é atender a outros 5 mil alunos ao longo deste ano.

 

A Itaipu também é uma das instituições integrantes da Rede de Proteção da Criança e do Adolescente. Nesse campo, além do patrocínio a campanhas de conscientização, a binacional criou a infra-estrutura para abrigar o Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente Vítima de Crime (Nucria), uma delegacia especializada que começou a operar em dezembro de 2004.

 

Atuando em parceria com o Nucria, a Casa Abrigo Esperança e Vida atende a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. Na maioria dos casos, encaminhados diretamente pela delegacia especializada, são pessoas de baixa renda, dependentes de programas sociais e que não têm condições de se manterem sozinhas após passarem pela situação de violência. Ainda no campo da proteção à criança, a Itaipu patrocina um trabalho de conscientização da Casa do Teatro, ONG que realiza oficinas em escolas, centros culturais e associações de bairro.

 

Já o Força Voluntária é um programa de estímulo aos funcionários a participarem de programas sociais como voluntários. Atualmente, 500, dos 1.400 empregados da binacional estão envolvidos com projetos de responsabilidade social, voltados ao público interno ou externo.