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Energia
Jogo do Brasil na Copa faz consumo de energia elétrica cair quase 30%
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10/07/2014

Enquanto a seleção brasileira sofria no Estádio Mineirão, terça-feira (8), a pior derrota em partidas oficiais da história, a queda no consumo de energia no País chegou a 28%, o que representa uma Itaipu inteira fora do sistema, acrescida da usina hidrelétrica de Ilha Solteira. É como se, de uma hora para outra, todo o Estado de São Paulo apagasse.

De acordo com números do Operador Nacional do Sistema (ONS), a diferença de carga entre uma terça-feira normal e a registrada durante o primeiro tempo de Brasil x Alemanha chegou a 17.000 MW – 3.000 MW a mais que a capacidade instalada de Itaipu.

No entanto, ao contrário dos surpreendentes 7 a 1 que a seleção de Luiz Felipe Scolari levou dos alemães, o comportamento da curva de carga já estava previsto pelo sistema elétrico brasileiro.

É assim sempre que há jogo do Brasil em Copa do Mundo: o consumo de energia despenca antes e durante os 45 minutos iniciais porque o País inteiro para na frente da televisão; no intervalo do jogo, verifica-se uma retomada, com o abre-e-fecha de geladeiras e micro-ondas; no segundo tempo, o consumo volta a cair para, finalmente, retomar os níveis normais a partir do fim da partida.

       

Brasil x Alemanha: linha vermelha mostra o consumo previsto pelo ONS; a azul, o realizado.


Gráfico do Sistema Interligado Nacional mostra como foi o consumo na terça-feira trágica para a seleção brasileira. Chuva de gols da Alemanha antecipou retomada do consumo de energia no segundo tempo.

Por isso, o ONS adota procedimentos especiais em dias de jogos da seleção brasileira, para resguardar a segurança do sistema elétrico. Esse trabalho soma-se à rotina de estimar, diariamente, qual será a carga de consumo do Brasil e quanto cada operadora – inclusive Itaipu – deverá gerar para atender a demanda.

No jogo contra a Alemanha não foi diferente – apenas com um detalhe: a retomada da curva no segundo tempo foi um pouco mais rápida que o previsto. Afinal, depois de levar cinco, seis gols, boa parte dos brasileiros não tinha mais esperança de que um milagre salvasse o escrete nacional do vexame histórico e começou a retomar a sua rotina um pouco antes do fim do jogo.

Planejamento

O gerente da Divisão de Operação da Usina e Subestações (OPUO.DT), Fernando de Menezes Silva, superintendente de Operação em exercício, explica que Itaipu segue todas as diretrizes estabelecidas pelo ONS para a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) em casos especiais, como por exemplo, eleições, visita do papa, Copa das Confederações e, claro, jogos do Brasil na Copa do Mundo.

Na terça-feira, Fernando Menezes explicou que a binacional manteve máxima disponibilidade operativa para o SIN; equipes de Operação e Manutenção em todas as áreas de atuação permaneceram de plantão para resposta rápida caso fosse necessário. "Ficamos atentos para intervenções corretivas urgentes ou em emergência, mas não houve necessidade. Tudo ocorreu dentro do previsto", disse.

O resultado pode ser observado no gráfico com as indicações do que foi planejado e do que foi realizado pela usina: duas linhas correndo muito próximas uma da outra, especialmente nos 90 minutos do jogo no Mineirão.

A rampa programada foi de 2.600 MW – considerando o teto da geração, perto de 11.000 MW, às 15h30, e o consumo mínimo inferior a 8.500 MW, durante a partida, a partir das 17h.

Ainda segundo Fernando Menezes, para o próximo jogo do Brasil, contra a Holanda, no sábado (dia 12), e para a grande final da Copa do Mundo, Argentina x Alemanha, no domingo (13), serão adotadas as mesmas medidas dos demais jogos: máxima disponibilidade operativa e sobreavisos especiais.


Gráfico do jogo do Brasil x Colômbia, no dia 30: comportamento do consumo típico de jogos da seleção.

Como foi

Duas horas e meia antes do começo do jogo Brasil x Alemanha, a geração média no País já era 12.400 MW inferior ao registrado na mesma terça-feira da semana anterior. Faltando apenas meia hora para a partida, caiu mais 6.800 MW.

Com 30 minutos de bola rolando – quando o placar já anotava 5 a 0 para a Alemanha –, a carga caiu mais 2.300 MW, chegando à média de 17 mil MW inferior à uma terça-feira normal. Após o término do jogo, observou-se uma rampa de carga, com elevação de 4.200 MW em apenas 15 minutos. Era a hora de pegar a cerveja na geladeira e tentar entender a humilhante derrota dentro de casa.

De todos os jogos do Brasil, apenas contra a República dos Camarões, no dia 23, uma segunda-feira, a queda no consumo de energia foi maior, chegando a 18 mil MW, na comparação com um dia de semana normal. Neste dia, a seleção brasileira goleou por 4 a 1.


Brasil x Chile, no dia 28, que começou às 13h: disputa de pênalti adiou a retomada da carga.

Já no jogo contra o Chile, no dia 28, um sábado, o primeiro grande sufoco do Brasil na Copa, o comportamento da curva foi diferente por outro motivo: a disputa das penalidades.

Neste dia, no primeiro tempo, a carga foi 9.000 MW inferior a um sábado normal; no intervalo, retomou 2.300 MW; no segundo tempo, caiu 2.400 MW; e na prorrogação e pênaltis houve nova queda, de 4.000 MW – com elevação de 7.000 MW em apenas 30 minutos após o fim do jogo.