A Itaipu Binacional vai promover nos dias 28 a 31 de agosto, em Foz do Iguaçu (PR), o primeiro Encontro de Especialistas em Educação Ambiental da Bacia do Prata. O evento é também organizado pelos ministérios da Educação e do Meio Ambiente, e pela  Coordenação de Educação Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Um dos resultados esperados é a finalização de um documento que servirá de base para um programa de educação ambiental (presencial e a distância), que servirá para toda a região banhada pelos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e microbacias adjacentes.

O encontro dá continuidade ao Fórum Internacional “Diálogos da Bacia do Prata”, realizado em novembro de 2005. O evento reuniu 1.580 pessoas dos diversos países envolvidos no tema e serviu como prévia do Fórum Mundial da Água, realizado no México, em março deste ano. Na próxima semana, estarão reunidos em Foz representantes do Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. Haverá também uma delegação com especialistas do Chile.

“O evento será uma oportunidade para dialogar sobre impactos ambientais no contexto da Bacia do Prata. A gestão do meio ambiente não pode ser geopolítica, mas sim por bacias hidrográficas, que são as unidades de planejamento da natureza”, afirma o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich.

Uma das participações de destaque é Enrique Leff, coordenador da Rede Latino-americana de Educação Ambiental do PNUMA e autor de diversos livros, como “A Complexidade Ambiental” (2003) e “Epistemologia Ambiental” (2001). Leff aponta que a crise do meio ambiente é reflexo de uma crise do pensamento e do conhecimento, que existem na sociedade de forma fragmentada (o economista pensa sobre os problemas econômicos, o cientista sobre sua área de pesquisa e assim por diante). Por isso, a Educação Ambiental deve cumprir o papel de unificar todos os saberes, de modo a estabelecer um novo paradigma no que diz respeito à atividade humana. Como antídoto à racionalidade econômica, ele defende a racionalidade ambiental, ou a conservação como resposta à exploração desenfreada.

Outro destaque é o teólogo, filósofo, ambientalista e escritor Leonardo Boff. Ele e Enrique Leff vão participar do painel “Ética do Cuidado: Base da Ação e da Educação Ambiental”, que será realizado dia 29, a partir das 15h30, entre outros debates. A programação terá lugar no Rafain Palace Hotel (Av. Olímpio Rafain, 2.357), e vai abranger três linhas de trabalho: concluir o documento base, debater estratégias para a Educação Ambiental na Região da Bacia do Prata, e a criação do Centro do Saber da Bacia do Prata.

A idéia do centro vai além da concepção de uma estrutura para abrigar e promover conhecimento científico e acadêmico, porque incorpora também o registro do saber ancestral e do saber popular sobre os rios e ecossistemas da região. Ao final do encontro, será selado um Pacto de Educação Ambiental, com compromissos e ações a serem executadas em cada país. Uma das propostas é a criação de um Curso de Educação Ambiental da Bacia do Prata, com dois anos de duração, promovido pela Itaipu com a chancela do PNUMA. Também estão previstas ações em conjunto com órgãos governamentais ligados à educação, para fazer a temática ambiental mais presente nas escolas.

Educadores

No dia 28, será promovido o seminário Encontros e Caminhos, que faz parte do Programa de Formação de Educadores Ambientais da Bacia do Paraná III e Municípios do Entorno do Parque Nacional do Iguaçu. O evento abre a programação da semana e faz parte do Coletivo Educador, iniciativa que reúne 42 instituições (entre Ongs, órgãos ambientais e universidades) e que está promovendo a formação de 300 educadores ambientais para atuar em todos os municípios dessa área.